Estrangeira no Mundo
As
Sagradas Escrituras trazem como referência que o líder:“não seja
neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do
diabo” (1Tm 3.6). Essa é mais uma qualificação que Paulo apresenta na
lista de Timóteo para ser um bom servo de Deus. Fica claro que o líder
de igreja deve ser alguém relativamente maduro na fé.
Literalmente, neófito significa “recentemente plantado”, como uma
árvore verde; recém-convertido (alguém que tenha recentemente se tornado
um cristão). Alguém que tem tamanha responsabilidade como a de
administrar uma igreja e um povo não pode ser imaturo tanto na fé como
na vida cotidiana.
Outro conselho de Paulo, o Apóstolo, a Timóteo foi: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da verdade”. (2 Tm 2.15)
Agenor Duque e esposa “ungem” vinho da Santa Ceia para ele ter mais poder (só o sangue de Jesus é pouco) |
Agenor Duque poderia ser mais um pregador no cenário neopentecostal
brasileiro, pois vem de uma linha costumeira. Suas referências são
Valdemiro Santiago, Edir Macedo, Estevam Hernandes, Silas Malafaia, Renê
Terra Nova, Benny Hinn, Jerônimo Onofre da Silveira e outros. Agenor
aprendeu um pouco com cada um deles, porém todos, de uma forma ou de
outra, influenciaram sua forma de ser e agir. Sua igreja ganhou
notoriedade diante das extravagâncias litúrgicas e teológicas. Agenor
pegou o que os outros já faziam e transformou em um festival místico,
gnóstico, mágico. Não há impossíveis, tudo é possível, pois ele é o
representante de Deus, onde uma simples oração se transforma em um
festival fenomenológico. Seus cultos são um desafio ao discernimento
entre o Sagrado, o profano e o circo. É muito grito, muito entusiasmo,
muito deus, porém poucas referências à tradição e fundamentos
genuinamente cristãos.
Agenor se diz formado em teologia, porém pouco usa as Sagradas
Escrituras dentro do referencial teológico. Sua liturgia é nada cristã. A
Igreja Apostólica Plenitude do Trono de Deus se diferencia até mesmo
das igrejas neopentecostais tradicionais.
O distanciamento bíblico parte do princípio da sua nomeação como
apóstolo. Assim como outros, ele insiste em se intitular apóstolo.
Recentemente ganhou bastante notoriedade no cenário nacional por um
vídeo viral onde amaldiçoava seus desafetos, declarando-se poderoso, com
poderes vindos do alto, pois é homem de Deus. São muitos os vídeos
vazados nas redes sociais onde o que se vê são ações em inconformidade
com as Sagradas Escrituras. Inconformidades tantas, que fica difícil
encontrar um elo entre as tradições cristãs e as práticas de Agenor e
sua igreja.
Ouso chamar a Igreja Plenitude, o Agenor e seus fieis de uma
comunidade de interesses, onde cada um está ali com propósitos
totalmente definidos. Nesse emaranhado de inconformidades está o uso da
hipnose como prática de libertação das pessoas de vícios e curas em
geral. Enfim, tudo é cercado de extrema excentricidade. Tudo é feito
para despertar e chamar a atenção, pois os recursos midiáticos são as
principais formas de propagação e atração de novos membros. Não importa
se os testemunhos deixem certas dúvidas ou interrogações. O importante é
que todos saibam que ali há poder.
Seguindo as lógicas neopentecostais, o sucesso, o poder e a
prosperidade são o foco. Para isso é preciso conquistar, tomar posse,
passar por cima, ser cabeça. Para chegar a tudo isso, constantes
desafios financeiros são colocados diante dos fieis. Desafios diários e
corriqueiros, uma comunidade onde tudo tem seu preço e tudo é
conquistado pela fé através do desprendimento financeiro. Ir a um lugar
como esse de bolso vazio é uma grande ofensa, diz Agenor. Exemplificando
isso temos o episódio onde sua esposa se assenta em um trono e os fieis
formam filas para tocar seus pés para serem abençoados. Mas é preciso
depositar certa quantia em dinheiro. No vídeo essa encenação é mostrada,
e no áudio se percebe o povo sendo orientado a ser rápido em depositar o
dinheiro e sair. Esse vídeo vazou nas redes sociais, mas logo foi
bloqueado pela liderança da igreja.
Outro episódio marcante foi Agenor sendo surpreendido em um
estacionamento com um carro importado de marca famosa. O vídeo também
caiu nas redes sociais e logo Agenor teve que se justificar, dizendo que
o carro era emprestado. Sem contar a infinidade de vídeos onde Agenor
demonstra sua prosperidade em voos em avião particular em inúmeras
viagens à Israel. Fico a me perguntar o por quê de tantos vídeos. A
resposta é simples: é preciso usar as mídias para expandir a comunidade
de interesses. Sem contar a matéria da Revista Época, levantando o
tapete sobre o ministério Plenitude e Agenor.
Iniciei esse artigo definindo a palavra neófito, pois só é possível
entender os porquês de tudo se aplicarmos a Agenor a classificação de
neófito, afinal seu comportamento é o de um menino.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei
com as coisas de menino (1 Co 13.11).
Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados
em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com
astúcia enganam fraudulosamente (Ef. 4.14).
O perigo da liderança de um neófito é que isso pode lhe “subir à
cabeça”. Ele pode ficar inchado e o resultado seria que ele cairia em
muitas condenações do diabo. Sem contar o enorme orgulho, um pecado
terrível para uma liderança. Tanto o orgulho como a arrogância
transformam anjos em demônios. A arrogância cega, pois se transforma em
vaidades e ganância. Sem modéstia alguma, Agenor e seus pais na fé não
escondem os frutos dos seus ministérios. E parecem influenciar a todos
os seus seguidores a buscar os mesmo frutos, e claro que isso tem um
custo alto.
Outro ponto ignorado por Agenor e os demais líderes do universo
neopentecostal é o fato de que a ênfase na doutrina dos verdadeiros
apóstolos de Cristo repousa nas Sagradas Escrituras, tanto que em Atos 2
se enfatiza que todos seguiam as doutrinas dos apóstolos e são
descritos os seus feitos.
Esquecem-se que em Gálatas 1.8 Paulo diz: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.
Ou seja, só é possivel entender as meninices de Agenor se levarmos em
conta que estamos diante de um neófito, de alguém que deveria estar
ainda aprendendo. Quem sabe assim tudo seria diferente.
As sandices e bizarrices são frutos da irresponsabilidade de um líder
que optou pela excentricidade, porém se esqueceu de que com as Sagradas
Escrituras não se brinca. Por que afirmo que Agenor é um menino na fé?
Pois se as extravagâncias da Plenitude não forem meninice, só podem ser
falta de um cárater genuinamente cristão, no qual os Frutos do Espírito
Santo seriam derivados das Sagradas Escrituras. Um líder que se entitula
apóstolo e não usa a Bíblia como sua referência essencial tem algo
errado. E quando usa a Bíblia, a utiliza de forma exegética e
hermeneuticamente equivocada com a história e as tradições realmente
cristãs.
Procura, isto sim, apresentar-te aprovado diante de Deus,
como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja
corretamente a Palavra da verdade ( 2 Tm 2.15).
Chamo de irresponsabilidade os atos de Agenor, pois só um néscio (sem
instrução, sem discernimento, sem sentido, sem coerência, sem
competência, ignorante, estúpido, incapaz, inepto, bronco, lerdo,
arrogante) para brincar com as coisas de Deus.
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; e o conhecimento do Santo é o entendimento (Pv 9.10).
Para entender tudo isso tenho acompanhado os cultos e eventos do
Agenor e da Plenitude. Não é fácil, pois é um segmento muito distante da
tradição evangélica brasileira. Espero que o Espírito Santo possa agir
trazendo arrependimento e transformação.
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