Por John Knight
Isabelle, paulista, e nascida com microcefalia |
Eu não espero que os não cristãos
entendam por que os cristãos veem bebês não-nascidos como criações
intrinsecamente valiosas do Deus vivo. Porém, eu gostaria que os
defensores do aborto respondessem por que eles pensam que abortar
crianças é uma resposta adequada a uma crise de saúde pública.
Os defensores do aborto estão se
aproveitando do surto do vírus Zika para incentivar a liberalização das
leis sobre aborto no Brasil. Isto é algo vergonhosamente prejudicial
contra as crianças não-nascidas com deficiência, e não responde as
verdadeiras questões de saúde pública.
De acordo com a Ethics and Religious Liberty Commission (ERLC
– Comissão de Ética e Liberdade Religiosa), o Zika vírus infectou cerca
de 1,5 milhões de brasileiros no ano passado. Ao mesmo tempo, um número
preocupante de crianças locais nasceu com microcefalia, ou com a cabeça
anormalmente pequena, o que pode levar a deficiências de
desenvolvimento, entre outras. No dia primeiro de fevereiro, a dra.
Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS),
declarou:
“O recente conjunto de casos de
microcefalia e outros distúrbios neurológicos relatados no Brasil, em
sequência a um conjunto semelhante na Polinésia Francesa em 2014,
constitui-se como uma emergência de saúde pública de interesse
internacional”.
Os proponentes do aborto já estão usando
o surto de Zika para defender mais abortos no Brasil e em outros países
da América do Sul e Central. Um artigo do New York Times em 3 de fevereiro relatou que
“os crescentes relatórios médicos de
bebês que nascem com cabeças anormalmente pequenas durante a epidemia de
Zika no Brasil estão aquecendo um intenso debate sobre as leis de
aborto do país, que consideram o procedimento ilegal na maioria das
circunstâncias”.
A essência deste “intenso debate” é que é
preferível que as crianças com deficiências relacionadas à microcefalia
sejam abortadas, em vez de nascerem.
Seria melhor não terem nascido?
Todos, mesmo aqueles a favor do aborto
sem restrições em qualquer fase da gestação admitem que a decisão de
abortar é algo sério. E a maioria das pessoas acredita que esta deve ser
uma decisão bem informada. Assim, podemos supor que mais informações
sobre a microcefalia seriam oferecidas, incluindo como ela afeta aqueles
que possuem esta condição e suas famílias. O que é notável no artigo do
New York Times (pela ausência) é que não há entrevistas com quem possui
microcefalia nem com suas famílias, e nem são apresentados estudos de
caso. O articulista ignora como as pessoas com deficiência reagem aos
esforços para destruir nascituros semelhantes a eles.
Simplesmente presume-se que um diagnóstico de microcefalia é razão suficiente para destruir a criança no útero.
Por viver com um jovem que não tem
microcefalia, mas tem graves deficiências de desenvolvimento, posso
confirmar que é caro, e muitos dias são difíceis (mas também rimos muito
na nossa família!). Ainda mais difícil, porém, é viver em um mundo em
que muitas pessoas acreditam e agem segundo a crença de que pessoas como
meu filho não deveriam ter nascido.
Viver em um mundo assim pode ser
assustador. Mas eu tenho uma esperança maior: Deus. E foi Deus quem fez
meu filho. Como o pastor John Piper observou em um sermão sobre João 1:
“Onde quer que você vá neste planeta e
veja uma pessoa viva, você está vendo uma imagem da realidade absoluta,
da realidade última, da realidade original: o Verbo, que estava com Deus
e era Deus, e era a Vida. Você nunca conheceu um ser humano comum. Isso
não existe. Todos eles são extraordinários. Todos eles são incríveis”.
Somos todos portadores da imagem de
Deus. Observe que o pastor John não modifica a sua declaração com “a não
ser que eles tenham uma deficiência”. Ele teria blasfemamente errado se
dissesse isso. Deus nos informa gentil e especificamente na sua Palavra
que a deficiência também está sob a sua autoridade soberana (Ex 4.11;
Jo 9.1-3).
Mais uma vez, não espero que não
cristãos compreendam a nossa esperança. Porém, quero encorajar os
cristãos a se apegarem com fé à palavra de Deus e a agir de acordo com
ela:
“Por isso, não desanimamos; pelo
contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o
nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de
toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que
se não veem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não veem
são eternas”. (2Co 4.16-18)
Como cristãos, não abordamos o
sofrimento destruindo a pessoa que sofre. Atacamos vírus para evitar
surtos, eliminamos mosquitos, desenvolvemos vacinas, enviamos
profissionais médicos e vamos nós mesmos; mas não matamos pequenos seres
humanos. Confiamos que suas promessas de sustento (Fp 4.19) são
verdadeiras e seus planos predeterminados (At 4.28) são perfeitos.
Podemos responder de maneiras proativas e amorosas a famílias que sofrem
com a microcefalia, bem como todas as outras deficiências, porque a
nossa esperança está em Deus e não em nós mesmos.
Não acredite na mentira
Se você confessa a Cristo como Salvador e
geralmente é pró-vida (contrário ao aborto), mas sente que o aborto
nessas circunstâncias é razoável, você está acreditando em uma mentira.
Peço-lhe que leia a totalidade das Escrituras e veja como Deus apresenta
os propósitos do sofrimento e de todo tipo de dificuldades (ou leia,
veja e ouça todos os recursos sobre “sofrimento” em desiringGod.org).
A relação do Zika vírus com a causa da
microcefalia ainda não foi completamente entendida, mas é evidente que
algo está acontecendo no Brasil. Oremos para que Deus conceda respostas e
soluções e mostre como a igreja pode se envolver. Algumas das crianças
afetadas estão sendo entregues por seus pais ao governo brasileiro para
adoção; talvez uma dessas crianças deva fazer parte da sua família!
E devemos atacar o argumento satânico de
que pode ser “melhor” para a criança com microcefalia e para a sua
família se ela for abortada. Devemos nos compadecer daqueles que pensam
dessa forma, porque são incapazes de ver o extraordinário poder de Deus e
estão a caminho de uma realidade eterna que é pior do que qualquer um
de nós pode imaginar. Em vez disso, temos que orar e evangelizar, e nos
envolver com aqueles que apoiam o aborto, para o próprio bem e alegria
deles, e pela vida desses pequeninos vulneráveis e suas famílias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário