O BATISMO COM O ESPIRITO SANTO (VI)

VI- O QUE SIGNIFICA SER CHEIO DO ESPIRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO?

Devemos notar agora um detalhe muito interessante e que não pode passar despercebido no estudo deste assunto.

5.a- As Escrituras falam de dois tipos de enchimento do Espírito Santo. Observe:

· Algumas vezes ser cheio do Espírito descreve uma característica permanente na vida da pessoa (Lc. 4:1; At. 6:3, 5; 7:55; 11:22-25). É alguém que demonstra em sua vida o fruto do Espírito (Gl. 5: 22-23).

· Mas, às vezes ser cheio do Espírito Santo significa uma experiência momentânea que capacita alguém para uma tarefa especial. Nestes casos o verbo “encher” é usado no tempo grego aoristo, tempo que descreve uma ação instantânea ou momentânea (At. 2:4; 4:8, 31; 13:9).[1] Aqui esta expressão “cheio do Espírito Santo” equivale a “batizado com o poder do Espírito Santo”.

Este tipo de enchimento, que o próprio Jesus chamou de batismo em At. 1:5 é dado em determinado momento de necessidade. É uma obra marcante, não perene, mas que pode ser renovada.

VI- O BATISMO COM O ESPIRITO SANTO SÓ ACONTECE UMA VEZ?

Outra coisa que precisamos examinar nas Escrituras é se este enchimento com o Espírito Santo, este batismo de poder acontece só uma vez, como muitos Pentecostais pregam, ou seja, que a pessoa é convertida e depois fica buscando a “segunda bênção”, o Batismo com o Espírito Santo, e quando recebe pronto, para de buscar, como se nada mais acontecesse. Ou se este batismo é algo que se repete sem número definido de ocasiões.

6.a- Vamos observar o Livro de Atos e ver como esta experiência acontece.

· Pedro recebe o enchimento de poder em Jo. 20:22, em At. 2:4, e 4:8, 31;

· A Igreja recebe em At. 2:4 e 4:31;

· Paulo recebe em At. 9:17-18 e 13:9-11;

· Os apóstolos recebem em Jo. 20:22 e At. 2:4; e provavelmente em 4:31.

John White fala sobre este assunto o seguinte:

Numa série de sermões agora publicada sobre o título de “Inefável Alegria” (Joy Unspeakable), Lloyd-Jones usou o termo (Batismo do Espírito) não com um significado moderno, mas com um significado tomado do entendimento bíblico dos puritanos ingleses. Para ele significava uma unção, ou dotação de um poder, algumas vezes, mas geralmente não- coincidindo com a conversão, muitas vezes podendo ser repetida, destinada para toda a igreja, dramática, experimental, observável, e somente indiretamente relacionada com a santificação.[2]

E ainda:

Diferentemente de quando o Espírito vem habitar, o que ocorre automaticamente com o arrependimento e uma fé genuína em Cristo, receber o poder e ser cheio do Espírito é algo que pode se dar uma ou muitas vezes, na conversão e após a conversão. O rei Saul, como você lembra-se, é mencionado como tendo recebido o Espírito Santo sobre em duas ocasiões. Numa, ele profetizou e foi honrado (1Sm. 10: 10-11), mas em outra ele foi humilhado e forçado a profetizar contra sua vontade (1Sm. 19: 23-24).[3]

Portanto, não há elementos na Bíblia, nem na historia da Igreja, para apoiar a idéia de que o enchimento de poder do Espírito Santo acontece só uma vez na vida do salvo. É uma experiência que pode sempre se renovar.

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[1] HOEKEMA, Anthony. Salvos pela Graça, 2ª Ed. (São Paulo: Cultura Cristã, 2002), pp. 56-57.

[2] Quando o Espírito vem com Poder (São Paulo: ABU, 1998), p. 31.

[3] Ibid, p. 257.