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domingo, 1 de setembro de 2019

MAUS - UMA HQ PROFUNDAMENTE HUMANA


 Por Líllian Régis
(contém spoilers)



Casar com um homem que coleciona HQs é uma maravilha! Se você, como eu, gostar de gibis (desde criança), vai ter sempre histórias para compartilhar, spoilers para contar, porque a trama é tão boa que você não se contém, além de poder ler o mesmo Quadrinho juntos, que é uma coisa muito prazerosa na vida a dois. (Acredite, esse é um dos melhores hábitos que um casal pode ter!) Mas o que isso tem a ver com MAUS? Você já vai descobrir.

300 páginas que você não vai conseguir parar de ler! Foi assim minha experiência com a HQ de Art Spielgeman. Contada a partir da perspectiva de Vladek, pai do autor, em preto e branco e com um desenho simples, MAUS nos apresenta as memórias de um judeu sobrevivente ao Holocausto. Na tentativa de reconstituir a história de sua família, Art entrevista seu pai, um personagem ranzinza e sovina que, quase ao final da leitura, encheu meus olhos de lágrimas. Art não tenta maquiar a imagem do pai e o relato, em minha opinião, funciona como uma espécie de diário em que o escritor revela as dificuldades de convivência entre os dois.

Em MAUS – termo que significa rato em alemão, os judeus são representados como ratos, (a propaganda nazista utilizou esse animal para comparar os judeus a pragas que espalhavam doenças), os alemães são gatos e os americanos são cães. A escolha desses animais não foi à toa. Talvez Art estivesse pensando na ideia de que “cão caça gato, que caça rato, que tenta escapar como pode das presas do felino”.  É exatamente isso que acontece na HQ. E foi isso, também, que aconteceu na História com os americanos (ingleses, soviéticos e franceses) derrotando os alemães e o fim da Segunda Guerra. Sabendo disso, você lerá a HQ de outro “lugar”. 

Mas MAUS não é só metáfora! É uma história profundamente humana ao apresentar nossa bondade e compaixão em cenas de tirar o fôlego e deixar nosso coração em suspense. Também coloca nosso senso de sobrevivência e valores em xeque ao mostrar traições de ratos para com ratos. Em meio a tudo isso, ainda é possível rir com MAUS. E chorar com a história de amor de Vladek e Anja. E é aqui que eu explico o que a história tem a ver comigo (e com você, talvez). Durante a leitura, me perguntei várias vezes: “E se fosse comigo e Joelson, será que eu teria tanta coragem? Será que eu teria feito a mesma coisa?”

Art Spielgeman
O amor do casal Spielgeman fica registrado nas cenas em que Vladek se apaixona por Anja “porque depois de falar com ela, você começa a amar mais e mais”, em que ele deixa de comer (mesmo definhando) para a esposa comer e em cada tentativa desesperada de encontrar o outro (sim, eles ficam em campos de concentração diferentes num dado momento). Um tipo de amor que me lembrou do amor de Cristo – sofredor e abnegado, incansável em procurar o bem do ser amado, invencível. E me fez pensar em meu amor por meu marido. Talvez nenhum de nós passe por provação semelhante à de Anja e Vladek.  Queira Deus que o Holocausto jamais se repita! Mas, certamente, a vida vai se encarregar de provar o nosso amor. Quem sabe será uma doença (temporária ou crônica), uma crise financeira, um acidente que tirará a beleza do nosso rosto...  Em tudo isso, a Escritura do Deus amoroso e sábio continuará nos dizendo: 

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13. 4-7). 

MAUS é um retrato da nossa humanidade caída, de nossas misérias e maldades elevadas a um ponto nunca antes imaginado. Mas é, também, o registro da bondade e misericórdia que os homens herdaram do Deus que os criou. Uma história de amor incrível que vale cada quadrinho lido!

Se você já leu, não deixe de comentar! Se ainda não leu, ficou com vontade? Compartilha sua opinião com a gente! Até a próxima!
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FICHA TÉCNICA: 

Autor: Art Spielgeman
Ano de publicação: 2009 (25ª reimpressão)
Páginas: 296
Onde comprar: Amazon

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