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quinta-feira, 21 de junho de 2012

EM QUESTÕES DE AUTORIDADE "ENTRE VÓS NÃO SERÁ ASSIM"


Por Joelson Gomes


Entre vós não será assim" ( Jesus)


Falar de autoridade no meio cristão é revelar uma história recheada de atos de abuso e segregação desde os tempos primitivos da Igreja. Abuso contra quem não pertenceu a classe “escolhida” ao “sacerdócio”, que não tinha nas mãos o “poder” de manipular o “mistério” (sacramentos); abuso esse traduzido na nomenclatura hierarquica criada ao longo dos séculos  para essas pessoas (papa, arcebispo, cardeal, bispo). Abuso e segregação contra o gênero feminino que teve desde cedo sua participação alijada e vetada aos cargos de liderança na Igreja, criados e mantidos pelo sexo masculino, escudados em interpretações convenientes de certas passagens bíblicas.

Notamos com isso que dentro da estrutura do que se convencionou chamar cristianismo, a história da autoridade não é diferente das estruturas de poder mundanas. O que prevalece é a lei do mais forte. Rapidamente os grupos onde as mulheres eram vistas em lugares de liderança, eram considerados heréticos (montanistas, cátaros), isso porque a mulher o sexo mais frágil não podia no entendimento de então assumir posição de autoridade. Autoridade era coisa de fortes, e o homem é o mais forte. Desde muito cedo a comunidade dos cristãos deixou de ser uma comunidade de iguais, e passou a ser um lugar de uns sobre os outros. Logo se abriu um fosso entre o povo e o que passou a se considerar clero. Suas palavras tinham mais poder que as demais, eles eram os representantes da divindade, intermediários entre Deus e os homens, e deveriam ser obedecidos cegamente. Isso sob pena de não se obter a salvação (vinda pela participação do fiél nos sacramentos que só os detentores do poder manipulavam), mas ir-se para adanação.

As Reformas protestantes trouxeram um sopro de liberdade em sua época, mas não acabaram com este modelo. Nas comunidades cristãs que surgiram terminou-se repetindo o modelo de autoridade vigente, pois a liderança “ordenada” (termo do jargão católico romano usado erradamente pelos protestantes) continuou a mandar. Autoridade continuava a ser entendida como alguém forte que manda e alguém fraco que obedece.

Quando olhamos o texto bíblico de Mc.10: 42-45 (par. Mt. 20.25-28) entendemos que o padrão de Jesus Cristo para autoridade é outro, está diretamente na contramão do padrão mundano. Para Cristo autoridade é serviço, jamais poder autoritário sobre o outro. O texto é claro quando mostra Cristo fazendo a oposição entre o pensamento comum (mundano) e o Seu modelo.  Nas palavras dEle o conceito de autoridade dominadora, hierárquica, tão cultivado na cristandade em sua história é do mundo, é daqueles que são considerados governantes “das nações” (Mc. 10.42). Ninguém deveria levantar sua posição com o objetivo de alcançar liderança sobre os outros. Nenhum homem ou mulher pode ter o desejo de ter autoridade sobre as pessoas e ainda assim se conformar às palavras de Jesus. São coisas diametralmente opostas. 

A diferença entre o pensamento mundano e o de Cristo sobre autoridade está no fato de que, enquanto no mundo a grandeza consiste no número de pessoas que alguém consegue controlar, mandar; no reino de Cristo autoridade consiste no número de pessoas que alguém consegue servir. O grande exemplo Ele deu no contexto anterior aos versos 42-45 onde fala justamente de seu serviço concretizado com a morte para resgatar pecadores (32-34). O maior exemplo de autoridade cristã é Ele mesmo, que mostrou isso servindo (45). 

Assim, é sinal de confusão mental achar que autoridade tem quem manda (não sabeis o que pedis, 38). A ambição por autoridade cega. As pessoas tinham que ver autoridade na prática de Cristo, seu martírio. Ele era o maior, e se fez o menor; Ele era sobre todos, e mostrou isso se entregando, morrendo.  Ainda hoje se quisermos fazer valer o conceito de autoridade de Cristo descrito em Mc. 10. 42-45, devemos entender que “os últimos serão os primeiros”, pois essa é a equação divina.

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