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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CRISE DOUTRINÁRIA


Texto Base: Os. 4.4-19

Joelson Gomes

Texto áureo: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pd. 3.15).

Objetivo da lição: Ao término da lição o aluno deverá conhecer as causas da crise doutrinária, apontar as conseqüências dessa crise, e propor métodos para a sua solução.

A Biblia na semana.

Seg.Sl. 119. 17-24

Ter. Pv 8.

Qua. Pv. 9

Qui. Sl. 119. 105-112

Sex. Sl. 119. 89-96

Sáb. Sl. 119. 97-104

Dom. Mt. 7. 24-27.

INTRODUÇÃO

A Igreja evangélica atual passa por diversas crises, e uma delas é no âmbito doutrinário. Foi-se o tempo em que um crente sabia o que era. Hoje, pergunte-se a qualquer pessoa que freqüenta uma igreja em que é que acredita um evangélico que você receberá muitas respostas diferentes. E quem sabe nenhuma delas será satisfatória. As doutrinas centrais do Protestantismo são ilustres desconhecidas, ninguém tem ao menos noção do que é ser protestante, e para alguns isso é uma coisa ruim, não querem nem se identificar com eles, ou seja, criou-se uma coisa que é ser evangélico, mas não ser protestante. A maioria nem sabe quais são os ensinos básicos de sua fé.

Faça um testa querido leitor, responda rápido: o que é ser protestante, quais os seus ensinos centrais? Melhorando: quais as doutrinas básicas de sua igreja? Não foi fácil não é? Não podemos continuar assim. O nosso tempo pede uma resposta e só daremos a mesma quando soubermos quem somos e em que cremos, para isso quero apontar nesta lição alguns caminhos que precisamos tomar como lideres e membros das igrejas, para enfrentarmos esta crise doutrinária que assola nosso arraial.

I- AS CAUSAS DA CRISE

É claro que não tão fácil apontar todas as causa desta crise doutrinária que a igreja atual atravessa, mas vamos mostrar algumas que com certeza estão entre as principais.

a) Descompromisso dos lideres com o estudo (1Tm. 3. 1-7). É cada vez mais presente uma liderança que a despeito de todas as ferramentas que nosso tempo oferece (livros, programas, recursos virtuais, cursos), não tem compromisso com o estudo das Escrituras. Temos duas tendências: uma se escora atrás de uma pseudo espiritualidade, esbanja anti-intelectualidade e diz que tem é que orar e o resto Deus faz; outra demonstra um desinteresse claro pela pesquisa e passa a aprender técnicas de auto-ajuda para que possa massagear o ego das pessoas em suas pregações. Alguns pastores passam por um seminário apenas porque sua denominação requer para a consagração pastoral, mas faz um curso que não serve para nada, não tem uma biblioteca, e sai dali sem a condição de escrever um artigo. Sabe mais de peça e modelo de carro do que teologia do Antigo ou Novo Testamento. Esquecem que para as Escrituras um dos requisitos indispensáveis do líder eclesiástico é o conhecimento (1Tm. 3. 2; Tt. 1.7-9).

b) Descompromisso dos lideres com a doutrina. Ora, se há o descompromisso com o estudo este segundo é uma conseqüência, porque ninguém será apto a ensinar se não for um bom estudante. Mas, o resultado na igreja atual é lastimável. Muitos lideres não conhecem doutrina, não conhecem Teologia Sistemática, e por isso não ensinam. Alguns até falam contra. Ao fazerem isso estão indo contra o seu próprio ministério que é pastorear o rebanho, e o pastor só desempenhará bem sua função se a fizer de duas maneiras: alimentando-o e a defendendo-o. E como é que o pastor alimenta e defende o rebanho? Só existe um meio, é doutrinando-o, pois só com a doutrina o rebanho crescerá e não se enganará com os falsos mestres. Este é o método bíblico:

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Ef. 4.11-15, grifos meus).

Assim o líder deve ser: “apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tt. 1.9). Quantos lideres desempenham esta função? Os membros de várias igrejas não conhecem doutrina não por que sejam maus alunos, mas a realidade é que não têm bons professores.

c) Descompromisso dos lideres com a pregação. Em muitas igrejas o sermão deixou de ser bíblico. O mandato de Paulo a Timóteo: “Prega a Palavra” (2Tm. 4.2), foi esquecido. Algumas pregações hoje são tudo, pseudo-psicologia, auto-ajuda, anedotas, chavões repetidos, menos a Bíblia pura e simples. Muitos hoje não podem repetir como Paulo: “porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At. 20.27).

d) Descompromisso dos membros com o aprendizado. Por outro lado, a membresia de muitas igrejas hoje está do jeito que Paulo preveniu a Timóteo: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Tm. 4.3-4). Preferem muitas vezes os shows gospels da vida, os vendedores de bugigangas benzidas do rádio e da TV do que a exposição séria e responsável da Escritura Sagrada.

II- OS RESULTADOS DA CRISE.

É claro que tudo isso deveria ter conseqüências, e tem. Vejamos algumas.

a) Falta de ação evangelística. É notória em qualquer igreja hoje a dificuldade em evangelizar. Esta dificuldade se manifesta de dois jeitos: 1- alguns saem para evangelizar, mas o que pregam não é o evangelho bíblico, ou pregam um ensino estranho, ou só repetem chavões tipo: aceite Jesus, Jesus te ama, mude de vida, se converta; conceitos repetidos que para o pecador não querem dizer nada; 2- outros não saem para evangelizar, não porque não queiram, mas porque não sabem o que dizer, e quem não têm o que dizer fica calado. O que vemos são membros e lideres sem condições de articular as doutrinas mais elementares do evangelho.

b) Falta de ação apologética. Membros de igrejas são levados por qualquer vento de doutrina. Não tem condições de fazer frente as seitas e religiões não-cristãs. Tem crente dando paz do Senhor a Mórmon, pensando que todo mundo que anda com uma Bíblia é cristão, e que toda casa com nome de igreja é igreja cristã protestante. Os nossos irmãos e lideres não têm condições de defender a fé diante de um Espírita, Testemunha de Jeová, Adventista do Sétimo Dia, Unicista, e por aí vai.

c) Ensinos estranhos na igreja. Sem doutrina o rebanho fica desprotegido e assim as raposas entram no redil. E já temos em nossas igrejas lideres flertando com Teologia da Prosperidade, Neopentencostalismo, e outras coisas estranhas mais. A cada dia que passa vemos lideres colocar em suas igrejas ensinos e práticas estranhas a Bíblia, mas que estão fazendo sucesso.

d) Falta de identidade. Nessa multidão ninguém o que é. Confundem movimentos com igrejas, lideres heréticos com pastores. Se perguntarmos por que se faz parte dessa ou daquela igreja, não sabe apontar os motivos teológicos, se está ali porque é mais perto de casa, ou se sente melhor, mas nunca pelo ensino ortodoxo que aquela igreja transmite, aliás, não se sabe nem que ensino aquela igreja repassa, que doutrinas são peculiares a mesma. Para os Congregacionais: Você sabe qual é a confissão de fé dos Congregacionais brasileiros? Você já estudou a mesma que são os 28 Artigos e os conhece a fundo? Muito poucos dirão sim a esta pergunta.

III- COMO RESOLVER A CRISE

A situação é periclitante, mas nem tudo está perdido. Existe saída para esta crise doutrinária. Se seguirmos Os métodos das Escrituras teremos igrejas fortes, membros doutrinados, e faremos diferença. Como? Veja abaixo alguns caminhos.

a) Lideres compromissados com estudo, e com doutrina. Precisamos de pastores e lideres que sejam estudantes ávidos da Bíblia, que não meçam esforços nem dinheiro para isso. Que se aperfeiçoem, comprem livros, façam cursos, gastem tempo com o aprendizado da Palavra de Deus. Que suas igrejas os ajudem e que eles sejam dedicados ao ensino doutrinário nas suas igrejas, pois só isso defenderá o rebanho e edificará o mesmo. Lideres que não ensinam seus rebanhos têm sobre si o julgamento de Deus (Os. 4.6b), pensem nisso.

b) Lideres compromissados com a pregação expositiva e doutrinária. O púlpito não é lugar de graçinhas, piadas e discursos vazios. Mas, ali é o lugar onde se expõe a Bíblia, e nenhum outro método fará isso melhor do que a pregação expositiva. Na história da Igreja os grandes homens de Deus foram pregadores expositivos porque sabiam do poder da Palavra de Deus. Karl Barth disse certa vez:

É simplesmente um clichê de que não há nada mais importante, mais urgente, mais útil, mais redentor, mais salutar e que não há nada, do ponto de vista do céu e da terra, mais relevante para a situação real, do que falar e ouvir a Palavra de Deus no poder originário e regulador de sua verdade, na sua sinceridade que tudo erradica e tudo reconcilia, na luz que lança não só sobre o tempo e sobre as confusões do tempo, mas também para além dos limites, em direção ao brilho da eternidade, revelando o tempo e a eternidade através um do outro e em cada um – a Palavra, o Logos, o Deus Vivo (citado em Hernandes Dias Lopes. A Importância da Pregação Expositiva, 62).

c) Membros compromissados com o aprendizado das Escrituras. As Escrituras precisam ser expostas pelos lideres, mas os membros precisam ter compromisso com o aprendizado das mesmas. Precisam desejá-las como dizia Davi: “Consumida está a minha alma por desejar, incessantemente, os teus juízos...Amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado” (Sl. 119.20, 127). Cristão sem conhecimento doutrinário é cristão perdido (Os. 4.6).

d) Ter zelo com a Escola Dominical. A EBD é um potencial adormecido em muitas igrejas, lideres tocam a mesma de todo jeito, e membros vão de vez em quando. Existem pastores que deixam a EBD a cargo de pessoas, muitas vezes sem preparo, quando isso deveria ser uma função pastoral. Em algumas igrejas se escolhe qualquer revista, não tem seqüência, nem plano. O pastor manda os alunos ou professores escolherem a que quiserem. Isso é uma lástima. Em alguns lugares quando se propões uma revista doutrinária é recusada, porque parece que doutrina vai fazer mal aos alunos. Por outro lado os membros negligenciam a EBD, e não sendo alunos, não aprenderão. Se os pastores usassem as EBDs para doutrinarem suas igrejas, com certeza o quadro de crise doutrinária que vemos hoje mudaria consideravelmente.

CONCLUSÃO.

Sim temos uma crise de doutrina corroendo as nossas igrejas, mas poderemos combatê-la. Existem princípios para os lideres e para os liderados que se forem colocados em prática erradicarão esse mal do nosso meio. Precisamos de líderes comprometidos com o estudo e com a doutrina, lideres que saibam que só estarão desempenhando bem sua função quando tiverem um rebanho conhecedor das doutrinas capitais do protestantismo. Precisamos de membros comprometidos com o estudo, que não percam um culto doutrinário, uma EBD, que sejam estudantes em casa, pois assim terão o que dizer quando exigidos. Pedro nos diz que precisamos conhecer (1Pd. 3.15); Oséias nos diz que precisamos conhecer (Os. 6.3,6); Jesus nos diz que precisamos conhecer (Jo. 17.3); as Escrituras chamam os que buscam conhecimento de nobres (Pv. 2.1-11; At. 17.11), e você o que fará? Saiba, nós poderemos mudar este quadro. Você quer mudar?

APROFUNDANDO:

1- Cite algumas causas da crise doutrinária que atravessamos;

2- Cite alguns resultados dessa crise;

3- Como poderemos resolver essa crise?

4- Você se propõe a começar a resolver?


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__Lição publicada na revista para Escola Dominical "Respostas Cristãs para Problemas Atuais", editada pela Aliança Congregacional. Pedidos: alianca.b@hotmail.com

3 comentários:

Casal 20 disse...

Joelson, você que é o autor do estudo? Poxa, está muito claro! Achei ótimo.

Eu ainda vou comentar as suas postagens sobre Israel e Igreja. É que eu ainda estou lendo e estudando com calma.

Abraços sempre afetuosos.

JOELSON GOMES disse...

Casal 20, sim, sou autor deste e de mais um bocado, rsrs. Quanto a clareza é uma marca registrada das revistas de EBD que edito. Primo pela facilidade de entendimento. Vc vai achar isso nas revistas para Escola Dominical da Aliança Congregacional.

Manoel Carlos disse...

joelson vc é ótimo escrevendo e pensando., porem me surpreende vc acreditar no socialismo, no MST, e alem disso votar em Dilma.

NÃO PARE AQUI VÁ PARA OS TEXTOS MAIS ANTIGOS.