Joelson Gomes
COMO O NOVO TESTAMENTO ENTENDE A PURIFICAÇÃO.
a) Deve-se notar o fato de que no Novo Testamento as pessoas continuaram tendo o mesmo entendimento de que a purificação deveria ser sempre praticada por uma aspersão, pois quando fala da purificação espiritual feita nos cristãos pelo sangue de Jesus Cristo, Pedro descreve como sendo uma aspersão (ραντισμόν= rantismón):
Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão (ραντισμόν= rantismón ) do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas (1Pd. 1:2).
Também quando o autor de Hebreus quer falar da purificação do coração dos salvos, ele diz que eles foram aspergidos (ρεραντισμένοι =rerantisménoi):
Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos (ρεραντισμένοι= rerantisménoi) para nos purificar de uma consciência culpada, e tendo os nossos corpos lavados com água pura (Hb. 10:22, NVI).
Sobre este versículo Donald Guthrie observa: “Sem dúvida a metáfora da aspersão (aqui purificação) é derivada do culto ritual levítico, onde é mencionado o sangue aspergido sobre o povo como ratificação da antiga aliança (Êx. 24:8).
b) Assim, no Novo Testamento a cerimônia do batismo é entendida como um ato de purificação. Esta cerimônia não é do tipo em que as pessoas purificavam-se a si mesmas, mas o outro tipo, ou seja, pessoas não se batizam, elas são batizadas. Sendo no Antigo Testamento este tipo de cerimônia praticado por aspersão, no Novo Testamento seria de admirar se fosse mudado sem nenhuma explicação.
c) O que se nota nos relatos bíblicos é que os judeus eram muito passivos, e iam em massa para serem batizados por João (Mt. 3:5-6; Mc. 1:5; Lc. 3:7), ou pelos cristãos (At. 2:37-41). Fica, portanto, evidente que isso não aconteceria se João houvesse trazido uma nova cerimônia, completamente desconhecida pelos seus contemporâneos, e se a igreja realizasse esta cerimônia de um modo diferente do que o povo já conhecia.
d) Vale notar que até por uma questão prática a aspersão é preferida nesta compreensão para conseguir dar vencimento a todas as pessoas que iam a ele para serem batizadas: “Então Jerusalém, toda a Judéia e toda a região do Jordão iam ter com ele” (Mt. 3:5, TEB; Mc. 1:5; Lc. 3:7); pois havia demora da confissão de pecados: “E faziam-se batizar por ele no Jordão, confessando os pecados” (Mt. 3:6, TEB; Mc. 1:5), e ainda havia pregação de João (cf. Lc. 3:7-18). A aspersão é claramente o modo mais indicado para dar vencimento à intensa prática batismal de João.
Continua...
NOTAS
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1) GUTHRIE, Donald. Hebreus. Introdução e Comentário (São Paulo: Vida Nova, 1991), p. 200
2 comentários:
Graça e Paz, amado irmão.
Fui batizado três vezes: a primeira na igreja Católica, a segunda numa Igreja Quadrangular e uma terceira em uma Pentecostal que só aceitava batismo por imersão e em águas correntes.
Nesta última, o debate sobre o batismo era intenso, mas nunca bem fundamentado.
Quando vi o título dos seus posts, pensei que veria a história se repetir, mas seus argumentos e as referências foram mais que convincentes, e não vejo como refutá-los.
Parabéns pela objetividade e clareza. Mesmo que a igreja que eu frequento ( Batista ) faça o batismo por imersão, já não tenho mais motivos para olhar com desconfiança para o batismo por aspersão.
Obg pelas palavras Marcos, não tenho dúvida nenhuma nessa questão de que o batismo biblico era por aspersão,de que esse assunto é sério e não podemos batizar de qualquer jeito, dizendo que é apenas um simbolo (façamos a Ceia de qualquer jeito tb). A bíblia tem uma forma, e lendo achamos. Espere a conclusão. Deus abençoe e volte sempre.
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