Joelson Gomes
Introdução:
A forma de executar a cerimônia de batismo tem ao logo dos séculos levantado algumas discussões.
Existem igrejas que só batizam por aspersão, e igrejas que não aceitam quem batiza de outra forma que não seja a imersão. Até dizem que na Bíblia era assim que se batizava, mergulhado o candidato em água e que a palavra grega baptizô tem só esse significado. Assim, quem batiza de outra forma que não seja imergindo a pessoa em água está indo contra o significado da palavra.
O que fazer diante do fato? Ir para as Escrituras e ver como realmente elas falam da forma de batismo. Neste estudo nossa missão é saber se na Bíblia e na história os cristãos batizavam por imersão ou por aspersão. Então mãos à obra.
I- A ORIGEM DO BATISMO
a) Para saber a forma como os cristãos da Bíblia batizavam temos que ir em busca da origem do batismo. De onde veio o batismo? Como ele se originou? A pessoa que primeiro apareceu batizando na Bíblia foi João Batista (Mt. 3: 1-12). Mas de onde João tirou esta cerimônia?
b) Os especialistas no assunto encontram o fundo histórico para este batismo de João, e conseqüentemente, também para o batismo cristão, nos ritos de purificação ordenados na Lei de Moisés, e praticados pelos judeus desde o período do Antigo Testamento.
c) O The Interpreter’s Dictionary of the Bible é enfático ao afirmar: “Os antecedentes do batismo cristão estão fundados dentro do judaísmo.” (1) O batismo praticado por João Batista, que é o antecedente do batismo cristão, vem das purificações judaicas, João apenas dá-lhe um significado mais profundo. George Eldon Ladd assegura:
É possível que o fundo histórico explicativo da origem do batismo de João não seja nem o batismo praticado em Qunran, nem o de prosélitos, mas simplesmente as abluções cerimoniais previstas no Velho Testamento. Os sacerdotes eram obrigados a se lavarem em sua preparação para ministrarem no santuário, e do povo se exigia que participasse de certas abluções em várias ocasiões (Levítico 11 -15; Números 19). Muitas declarações proféticas, que eram bem conhecidas, exortavam a uma purificação com a água (Isaías 1: 16 e ss. Jeremias 4: 14), e outras antecipam uma purificação a ser feita por Deus nos últimos dias (Ezequiel 36:25; Zacarias 13: 1). (2)
Realmente isto pode ser visto num fato importante notado por Charles Hodge, isto é, que o batismo que João veio praticando, não foi uma novidade inventada pelo mesmo, e que povo da época não conhecia. (3) Quando João aparece batizando no deserto (Jo. 3: 1-6), as pessoas não ficam surpresas, como se ele trouxesse uma cerimônia nova.
O que era novo, era a doutrina que pregava, não a cerimônia que praticava. Esta prática todos conheciam desde há muito tempo. Era algo que esperavam ver o Messias fazer, bem como todo profeta verdadeiro. Por isso, quando João lhes disse que ele não era o Cristo, nem Elias, nem o profeta, a pergunta imediata que lhes fizeram, foi: “Por que, pois, batizas?” (Jo 1: 19-25), dando a entender, claramente, duas coisas: a) Que os profetas tinham o costume de batizar, e b) Que esperavam que o Messias, quando viesse, faria o mesmo. (4)
d) Existem vários textos bíblicos que provam que os judeus realmente praticavam muitas purificações com água no seu dia a dia, (5) e que para estas purificações era usado o verbo grego βαπτίζω (baptízô). Isto pode ser comprovado pelo grego bíblico (Mc. 7:3-4; Lc. 11:38; Hb. 6:2; Hb. 9:10).
e) Portanto, por todos os textos mostrados, vemos que as purificações com água era coisa corrente no judaísmo bíblico, e que estas mesmas purificações são chamadas de βαπτισμοίς (baptismoís) no idioma grego. Elas eram partes da vida religiosa do povo de Israel, não sendo uma novidade criada por João Batista. João apenas lhes dá um novo significado, (6) mas sua prática está na linha das práticas antigas do seu povo. Portanto, é ali, nos batismos judaicos do Antigo Testamento que ele encontra a base para a sua cerimônia de purificação com água, o seu batismo.
Continua...
NOTAS
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1) New York: Abingdon Press, 1962 p. 348 (Tradução minha).
2) Teologia do Novo Testamento, 2ª ed. (Rio de Janeiro: JUERP, 1993), p. 40.
3) O Batismo Cristão. Imersão ou Aspersão? (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1988), p. 13.
4) Ibid.p. 23.
5) Ibid, pp. 20-21.
6) Ver GOPPELT, Leonhard, Teologia do Novo Testamento, 3a ed. (São Paulo: Teológica, 2003), pp. 75-76. LADD, George Eldon. p. 40.
2 comentários:
Muito bom esse estudo para podermos fundamentar nossa Fé e não sermos englobados por qualquer heresia, infelizmente as igrejas que batizam por imersão não aceitam nosso batismo por aspersão, fato que pude comprovar ao ser impedido de ceiar em uma igreja Batista por ter sido Batizado por aspersão na Igreja congregacional onde sou membro.
Pois é, e fazem isso sem base biblica ou histórica nenhuma como se comprova com os artigos. Mas, cada um dará o que tem. Obg volte sempre.
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