Sua boca era como o coração de uma romã e as sombras de Seus olhos eram profundas.
E Ele era amável, como um homem consciente de sua própria força.
Em meus sonhos eu via os reis da terra cheios de receio em Sua presença.
Eu falaria de Sua face, mas como fazê-lo?
Era como uma noite sem trevas, e como um dia sem o ruído do dia.
Era um rosto triste, mas também um rosto alegre.
Lembro muito bem certa vez em que Ele ergueu Sua mão para o céu, e Seus dedos abertos eram como os ramos do ulmeiro.
E lembro-me d’Ele medindo o crepúsculo com Seus passos. Ele não caminhava. Ele mesmo era uma estrada sobre a estrada, assim como uma nuvem sobre a terra que desce para refrescá-la.
Mas quando fiquei diante d’Ele e Lhe falei, Ele era um homem, e Sua face era poderosa de se ver. Então Ele me disse: “Que queres Miriam?”.
Eu não lhe respondi, mas minhas asas envolveram meu segredo, e senti-me aquecida.
E como não mais podia suportar Sua luz, voltei-me e fui embora, mas não envergonhada, estava apenas acanhada, e queria ficar só, com Seus dedos a tanger as cordas do meu coração.
Khlail Gibran em Jesus Cristo Filho do Homem
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