Hélio Delmiro, o maior violonista do Brasil, diz que tem um problema. Se a conversão ao credo evangélico, há 24 anos, ajudou-o em muitas questões particulares, hoje, profissionalmente, ele se sente "limado", vítima de preconceito, esquecido por cantoras e produtores. Hoje evangélico, ele diz que não gravaria temas com referências aos cultos afro-baianos como o que produziu em 1975 para Clara Nunes. - Eu não sou mais "o cara", virei "um dos" - comenta, sem falsa modéstia, pouco antes de subir ao pequeno palco do Lapinha e mostrar que continua sendo... o cara, o maior violonista/guitarrista brasileiro.
Artistas de diferentes gerações avalizam. Ed Motta diz adorar Delmiro, e justifica:
- Acho que, no Brasil, o primeiro solo de guitarra no idioma jazzístico foi o que ele fez, brilhantemente, no LP "O som brasileiro de Sarah Vaughan". O tema é "Preciso aprender a ser só", de Marcos Valle, e o solo de Hélio é histórico.
O autor desse clássico, Marcos Valle, faz coro:
- O solo de Hélio em "Preciso aprender a ser só" é lindo, seu violão é memorável. Para o trombonista e arranjador Vittor Santos, "Hélio explicita um Brasil jazzístico via Rio de Janeiro com elegância, vigor e maturidade".
Opinião compartilhada por muitos, incluindo músicos que, na quarta-feira retrasada, foram ao piano-bar na Lapa, feras como os também violonistas Yamandú Costa, Zé Paulo Becker, Leonardo Amuedo (guitarrista de Ivan Lins) e o saxofonista Zé Nogueira.
Além do show no Lapinha - que, inaugurado há dois meses, aposta em uma programação diferenciada, de MPB e instrumental, para o velho bairro boêmio de tanto samba, rock, funk e afins -, o guitarrista tem feito um circuito meio off-Broadway, que incluiu o Sesc Tijuca, e, nesta semana, tem agendados shows no restaurante Otto (dias 19 e 20, na Tijuca e na Barra). Independentemente do tipo de palco, vale a pena assistir a esse carioca do Méier que completará 63 anos na próxima quinta-feira.
Ele tem meia dúzia de discos solo brilhantes e também brilhou ao lado de divas como Clara Nunes, Elis Regina e Sarah Vaughan.
O que nos leva de volta ao início da conversa. - Adoro acompanhar cantoras, mas sofro de um preconceito. Em parte, por ter virado pastor, e também pelo processo que movi contra a PolyGram (atual Universal), que tirou minha foto da capa do disco com Sarah Vaughan - conta Delmiro, enquanto, no que pode parecer contraditório, degusta mais um cálice de vinho tinto. - Mas a Bíblia não diz nada contra o vinho, e sim que "tudo é lícito, mas nem tudo convém". Um dos dons é o domínio próprio. Baseado nisso, podemos até beber, é uma questão de autocontrole. E Jesus bebia vinho.
A fase religiosa mais radical do músico de Cristo passou. Em 1986, atormentado com a doença de duas filhas gêmeas - desenganadas pelos médicos -, e na roda-viva de shows, trocando o dia pela noite, Delmiro tomava banho quando foi capturado pela pregação de um pastor no rádio, que, após ler o versículo 35 do Livro de Isaías da Bíblia, pediu aos ouvintes que orassem. O guitarrista saiu do chuveiro, pegou uma toalha, ajoelhou-se e rezou. - Uma semana depois, peguei a cocaína que tinha, muito boa, uma cocaína 12 anos, como o Luizinho Eça dizia, e joguei fora, junto com a maconha e as garrafas de uísque.
Em meio ao rebanho da Igreja Universal, logo chamou a atenção do Bispo Macedo, após ter dado um trato no disco de um artista evangélico. Veio então o convite para montar a gravadora da igreja. - Aceitei, criei a gravadora, sugeri o nome, Line Records, mas, em menos de um ano, depois que tudo engrenou, fui passado para trás, já que não tinha assinado um contrato - conta Delmiro, que, como compensação, ganhou um templo para comandar. - Cresci como pastor, dirigi duas igrejas, sem nunca largar a música. Mas comecei a discordar da forma como eles tratavam os fiéis e saí da Universal.
Delmiro continua evangélico, mas, atualmente, é um pastor independente, desligado de qualquer denominação. Há, no entanto, resquícios de intolerância. Ele, que reclama sofrer de preconceito, diz que, hoje, não gravaria com Clara Nunes temas com referências aos cultos afro-baianos como "A deusa dos orixás", um dos marcos do disco "Claridade", que produziu em 1975. Dessa forma, não estaria repetindo o erro de um de seus ídolos no violão, Baden Powell, que, no fim da vida, ao virar evangélico, renegou a genial série de afrossambas com Vinicius?
Essa postura não seria um forte combustível para alimentar o tal preconceito? Delmiro tenta se explicar, diz que Baden engatinhava nos preceitos evangélicos, e que não tem restrição alguma aos afrossambas - "Como o 'Canto de Ossanha' , que eu toco" -, mas mantém parte do repertório de Clara Nunes em seu índex particular. - Não vou cair nessa, foi assim que dancei, não teria as minhas filhas hoje - reafirma ele, falando em bruxaria, ao mesmo tempo em que no seu último CD solo, lançado em 2004 pela Deckdisc, "Compassos", gravou, sem receio, o standard "Witchcraft" ("Bruxaria"). - Mas ali é uma metáfora, é uma canção romântica.
O Globo via Libertos do Opressor
Artistas de diferentes gerações avalizam. Ed Motta diz adorar Delmiro, e justifica:
- Acho que, no Brasil, o primeiro solo de guitarra no idioma jazzístico foi o que ele fez, brilhantemente, no LP "O som brasileiro de Sarah Vaughan". O tema é "Preciso aprender a ser só", de Marcos Valle, e o solo de Hélio é histórico.
O autor desse clássico, Marcos Valle, faz coro:
- O solo de Hélio em "Preciso aprender a ser só" é lindo, seu violão é memorável. Para o trombonista e arranjador Vittor Santos, "Hélio explicita um Brasil jazzístico via Rio de Janeiro com elegância, vigor e maturidade".
Opinião compartilhada por muitos, incluindo músicos que, na quarta-feira retrasada, foram ao piano-bar na Lapa, feras como os também violonistas Yamandú Costa, Zé Paulo Becker, Leonardo Amuedo (guitarrista de Ivan Lins) e o saxofonista Zé Nogueira.
Além do show no Lapinha - que, inaugurado há dois meses, aposta em uma programação diferenciada, de MPB e instrumental, para o velho bairro boêmio de tanto samba, rock, funk e afins -, o guitarrista tem feito um circuito meio off-Broadway, que incluiu o Sesc Tijuca, e, nesta semana, tem agendados shows no restaurante Otto (dias 19 e 20, na Tijuca e na Barra). Independentemente do tipo de palco, vale a pena assistir a esse carioca do Méier que completará 63 anos na próxima quinta-feira.
Ele tem meia dúzia de discos solo brilhantes e também brilhou ao lado de divas como Clara Nunes, Elis Regina e Sarah Vaughan.
O que nos leva de volta ao início da conversa. - Adoro acompanhar cantoras, mas sofro de um preconceito. Em parte, por ter virado pastor, e também pelo processo que movi contra a PolyGram (atual Universal), que tirou minha foto da capa do disco com Sarah Vaughan - conta Delmiro, enquanto, no que pode parecer contraditório, degusta mais um cálice de vinho tinto. - Mas a Bíblia não diz nada contra o vinho, e sim que "tudo é lícito, mas nem tudo convém". Um dos dons é o domínio próprio. Baseado nisso, podemos até beber, é uma questão de autocontrole. E Jesus bebia vinho.
A fase religiosa mais radical do músico de Cristo passou. Em 1986, atormentado com a doença de duas filhas gêmeas - desenganadas pelos médicos -, e na roda-viva de shows, trocando o dia pela noite, Delmiro tomava banho quando foi capturado pela pregação de um pastor no rádio, que, após ler o versículo 35 do Livro de Isaías da Bíblia, pediu aos ouvintes que orassem. O guitarrista saiu do chuveiro, pegou uma toalha, ajoelhou-se e rezou. - Uma semana depois, peguei a cocaína que tinha, muito boa, uma cocaína 12 anos, como o Luizinho Eça dizia, e joguei fora, junto com a maconha e as garrafas de uísque.
Em meio ao rebanho da Igreja Universal, logo chamou a atenção do Bispo Macedo, após ter dado um trato no disco de um artista evangélico. Veio então o convite para montar a gravadora da igreja. - Aceitei, criei a gravadora, sugeri o nome, Line Records, mas, em menos de um ano, depois que tudo engrenou, fui passado para trás, já que não tinha assinado um contrato - conta Delmiro, que, como compensação, ganhou um templo para comandar. - Cresci como pastor, dirigi duas igrejas, sem nunca largar a música. Mas comecei a discordar da forma como eles tratavam os fiéis e saí da Universal.
Delmiro continua evangélico, mas, atualmente, é um pastor independente, desligado de qualquer denominação. Há, no entanto, resquícios de intolerância. Ele, que reclama sofrer de preconceito, diz que, hoje, não gravaria com Clara Nunes temas com referências aos cultos afro-baianos como "A deusa dos orixás", um dos marcos do disco "Claridade", que produziu em 1975. Dessa forma, não estaria repetindo o erro de um de seus ídolos no violão, Baden Powell, que, no fim da vida, ao virar evangélico, renegou a genial série de afrossambas com Vinicius?
Essa postura não seria um forte combustível para alimentar o tal preconceito? Delmiro tenta se explicar, diz que Baden engatinhava nos preceitos evangélicos, e que não tem restrição alguma aos afrossambas - "Como o 'Canto de Ossanha' , que eu toco" -, mas mantém parte do repertório de Clara Nunes em seu índex particular. - Não vou cair nessa, foi assim que dancei, não teria as minhas filhas hoje - reafirma ele, falando em bruxaria, ao mesmo tempo em que no seu último CD solo, lançado em 2004 pela Deckdisc, "Compassos", gravou, sem receio, o standard "Witchcraft" ("Bruxaria"). - Mas ali é uma metáfora, é uma canção romântica.
O Globo via Libertos do Opressor
7 comentários:
o artista não precisa sacralizar sua arte para ser aceito pela comunidade cristã quando se converte ao Evangelho. Para ele, a arte cristã deve ser estendida e propagada para além dos templos. E, ao lançar este desafio aos artistas – o de continuarem produzindo arte secular, leva em consideração apenas a importância do testemunho e da ética cristã. Ele quer ver os cristãos revolucionando a arte contemporânea, embora não espere que esta mesma arte, por si só, converta pessoas, mas espera que ela seja boa o suficiente para despertar no apreciador da obra de arte o interesse pela vida e pelo testemunho de seu autor. “Esta é uma das chances de ser luz nas trevas. Se não estamos presentes nas artes, negamos às pessoas a oportunidade de se depararem com a nossa perspectiva, valeu Helio adimiro muito seu trabalho !
Sou fã de Hélio Delmiro, realmente um dos maiores músicos de jazz do mundo, reconhecido por músicos internacionais como George Benson, Winton Marsalis e outras grandes feras do jazz, é uma pena o que estão fazendo com este músico excepcional por preconceito religioso.
Uma conversa fiada, essa de "ser luz nas trevas" produzindo músicas afrossambas e louvores aos orixás e demônios! Que execute músicas românticas tudo bem, que toque músicas clássicas tudo bem, mas "O Canto de Ossanha" é adoração explícita aos demônios, como, aliás, toda a obra cantada por Clara Nunes e demais "deusas" do axé-music. O mesmo se diga da obra de Baden Powel em parceria com Vinícius de Morais, já citada. Seria o mesmo caso, executar músicas em adoração à "senhora" Aparecida. Se somos crentes DE VERDADE, ajamos como tal. Os filhos da luz devem andar sempre na luz!
JESUS DISSE,NÃO AMEIS O MUNDO,E NEM AS COISAS QUE NELE HÁ;QUEM AMA O MUNDO O AMOR DO PAI(DEUS),NÃO ESTÁ NELE.
NÃO ADIANTA MEUS IRMÃOS,A LUZ NÃO COMBINA COM AS TREVAS.
TEMOS SABER O QUE É DE DEUS,E O QUE NÃO É.
TEMOS QUE SER DIFERENTES NESTA TERRA,DAR VERDADEIRO TESTEMUNHO DE QUE CRISTO MORREU POR NÓS,SENDO MORTE DE CRUZ.
O EVANGELHO É PARA SALVAÇÃO DAS ALMAS PARA DEUS,TEMOS QUE PREGAR E FALAR DO AMOR DE DEUS SEM CESSAR.
NO LIVRO DE APOCALIPSE 3.15,16;22.15,14 DIZ: EU SEI AS TUAS OBRAS,QUE NEM ÉS FRIO NEM QUENTE.TOMARA QUE FORAS FRIO OUN QUENTE!
ASSIM,PORQUE É MORNO E NÃO ÉS FRIO NEM QUENTE,VOMITAR-TE-EI DA MINHA BOCA.
FICARÃO DE FORA OS CÃES E OS FEITICEIROS,E OS QUE SE PROTITUEM,E OS HOMICIDAS,E OS IDÓLATRAS,E QUALQUER QUE AMA E COMETE A MENTIRA.
BEM-AVENTURADOS AQUELES QUE LAVAM AS SUAS VESTIDURAS NO SANGUE DO CORDEIRO,PARA QUE TENHAM DIREITO À ÁRVORE DA VIDA E POSSAM ENTRAR NA CIDADE PELAS PORTAS.
ASSIM DIZ A PALAVRA DE DEUS.
EDSON GOMES
O primeiro artista citado na Bíblia é Bezalel, filho de Uri (Ex 35.31). Ele diz que o espírito de Deus o presenteou com habilidade, sabedoria e conhecimento. Da mesma forma, nós precisamos de todas essas coisas. A habilidade é básica e esta você precisa desenvolver. O conhecimento você adquire através do estudo. E quando falo de conhecimento, também me refiro a um nível mais profundo de discernimento. A sabedoria, diz a Bíblia, começa com respeito e temor a Deus. Então, como artista, é necessário ter todas essas características, pois o ofício em si não é suficiente.todas as coisas foram criadas por DEUS , imagine um mundo onde os DONS é trevas,onde conversa afiada é falada por um escritor de contos e crônicas isso sim é onde estar levando alguns Cristão oa desespero da vida, das frustação, a adorar outros deuses pelo autodominio que o SENHOR lhe deu
Será que não é porque o Senhor quer que ele se dedique exclusivamente ao Reino dos Céus?
É DIFICIL VIVER DA MÚSICA NO BRASIL! É MUITO MAIS DIFICIL QUANDO SE É MÚSICO CRISTÃO, A IGREJA NÃO DÁ SUPORTE NENHUM!! INFELIZMENTE TEMOS QUE TRABALHAR NA MÚSICA SECULAR SIM... E SE ISSO NÃO AFETA NO SEU INTIMO COM O SENHOR, NÃO TEM PROBLEMA ALGUM!
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