ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO (O ESTADO INTERMEDIÁRIO).
Tendo conhecimento de que o ser humano é formado de duas partes: material e espiritual, e que esta parte espiritual tem existência real, é inevitável que esta pergunta apareça: o que acontece após a morte?
Testemunhas de Jeová e Adventistas do 7° Dia têm a resposta na ponta da língua: o ser humano fica dormindo inconsciente na sepultura até a volta de Cristo (Adventistas), ou a Armagedom (Testemunhas de Jeová). Os Protestantes dizem que estas pessoas vão para um lugar preparado por Deus, e ficam conscientes esperando sua volta. Olhemos o que a Bíblia diz sobre o assunto pra ver quem tem razão.
a) O Antigo Testamento- O AT tem algo a nos dizer sobre a situação após a morte? Sim. Smith escreve que no entendimento dos autores do AT; o ser humano quando morre vai para o Sheol.
Apesar de o Sheol não ser um lugar atraente no Antigo Testamento, pelo menos ele transmitia a idéia de que a morte não era o fim absoluto da existência. Os mortos continuavam existindo como rephâim “sombras” (Pv. 2: 18; 9: 18; 21: 16; Is. 14). [1]
Ladd é de parecer semelhante quando escreve:
No Velho Testamento, a existência humana não termina com a morte. Pelo contrário, o homem continua a existir no mundo inferior. O Velho Testamento não fala da alma, ou espírito, do homem descendo ao Sheol; os homens continuavam a existir como sombras (rephaim). Os rephaim são continuações fracas e em forma de sombras dos seres vivos que perderam a sua vitalidade e vigor”. Eles não são “almas extintas, mas suas vidas têm pouca substância”. O Sheol, onde as sombras encontram-se reunidas, é descrito como um lugar inferior (Sl. 86:13; Prov. 15:24; Ez. 26:20), uma região de trevas (Jó 10:22), um terra de silêncio (Sal. 88: 12; (4: 17; 115: 17). Neste lugar os mortos, que estão reunidos em tribos (Ez. 32: 17-32), recebem os que morrem (Is. 14: 9, 10). O Sheol não é tanto um lugar, e, sim, o estado dos mortos. Não é considerado como uma não-existência, mas também não é vida, pois a vida somente pode ser desfrutada na presença de Deus (Sal. 16: 10, 11). O Sheol é o modo do Velho Testamento de asseverar que a morte não significa o fim da existência humana.[2]
Existe um texto que merece muita atenção sobre este assunto:
Então, lançada por terra, do chão falarás, e do pó sairá afogada a tua fala; subirá da terra a tua voz como a de um fantasma, como um cochicho a tua fala desde o pó (Is. 29:4, grifo meu).
Usando uma linguagem figurada, onde Ariel significa Jerusalém, o autor diz que depois de abatida ela ainda falará de “debaixo da terra”, desde o pó, e esta expressão “desde o pó”, é uma referência a morte (cf. Is. 26:19). Assim, para este autor que expressa a mentalidade do AT, o lugar para onde os mortos iam não era de não-existência completa, de lá algo podia se expressar.
b) O Novo Testamento- Os evangelhos já nos mostram a crença em que o ser humano tem uma parte que sobrevive a morte, pois se não fosse assim textos como este não fariam sentido:
b.1) “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt. 10:28, grifo meu).
Cristo aqui coloca claramente que se pode matar o corpo e não matar a alma. Se quando uma pessoa morresse, a alma morresse também, estas palavras não teriam cabimento.
b.2) No monte da transfiguração, quando Moisés e Elias apareceram, é evidente que vieram de algum lugar, portanto, existe um lugar para onde quem morre salvo por Deus, como Moisés, vai (Mt. 17: 1-7).
E a Bíblia realmente fala que existe um lugar para onde os espíritos maus, ou bons, vão após a morte, e onde alguns anjos maus, que também são espíritos (Hb. 1: 13-14), estão aprisionados (1Pd. 3:19-20; 2Pd. 2: 4-5; Jd. 5-6).
b.3) Quero ainda dar especial atenção a dois textos do NT: 2Co. 5:1-10; Fp. 1: 23-24). Falando sobre 2Co. 5: 1-10, Donald Guthrie escreve:
No presente contexto, as palavras “habitar com o Senhor” devem ter a força de uma experiência imediatamente seguinte a experiência de “deixar o corpo”. Portanto, não é válido nenhum conceito de estado intermediário que não forneça também uma consciência da presença do Senhor.[3]
E sobre Fp. 1:23-24 ele acrescenta: “O conceito (de Paulo) era de um estado existencial em que ele estava plenamente consciente da presença do Senhor”. [4]
Paulo não achava melhor ir para debaixo da terra e ficar esperando a ressurreição, mas ir para junto de Deus onde estão os espíritos dos justos glorificados (Hb. 12: 23-24). Assim, o espírito na bíblia não é algo que se desvanece, um hálito ou vento qualquer. Quando partem daqui as almas ou espíritos são recebidos por Deus para aguardar o julgamento final (Dn. 12: 2). Calvino escreve:
...demo-nos por satisfeitos e não passemos os limites que Deus colocou, a saber, que as almas dos fiéis, ao concluir a sua luta nesta vida mortal, vão a um descanso bem-aventurado, onde com alegria esperam gozar da glória que se lhe tem prometido; e que desta maneira, tudo fica suspenso até que Jesus Cristo apareça como Redentor.[5]
E Agostinho: “No intervalo entre a deposição e a recepção do corpo, as almas ou são atormentadas ou descansam, de acordo com o que fizeram durante a morada no corpo”.[6] Eu concordo com esses dois sábios.
NOTAS
[1] Teologia do Antigo Testamento, p. 366.
[2] Teologia do Novo Testamento, pp. 181-182. Veja também: SMITH, Ralph, pp. 347-358; MINISSALE, A. Sirácida: as Raízes na Tradição (São Paulo: Paulinas, 1993), p. 55.
[3] PIERRAT, Alan B (ed). Imortalidade (São Paulo: Vida Nova, 1992), p. 203.
[5] Institutas, III. 25.6.
[6] A Predestinação dos Santos (XII, 24).
11 comentários:
A sua abordagem bíblica é de facto muito parcial e incompleta. Quantos textos chave sobre este assunto você deixa de fora de seu sermão?? Eu entendo, eles incomodam sua filosofia grega dualista e isso é aborrecido.
Boletim (este é os eu nome?)m isto não é um sermão.Isto é parte de um estudo maior que se vc me der seu endereço lhe mando. Os seus textos que presumo sejam uma citação de Salmos, algumas de Eclesiastes e um de Ezequiel, conheço-os. E minha filosofia não é grega é biblica, refute-a, pois. Deus te abençoe e volte sempre.
Não o meu nome não é Boletim, na realidade a única conta do google que tenho é com este nome pois trata-se efectivamente de um boletim informativo de uma instituição, lamento por isso. O meu nome é Pedro Esteves, estou escrevendo de Portugal e sim, estou interessado em receber esse estudo maior que você referiu. Quanto aos textos que você "presumiu" eu me estar referindo, ainda que fossem "só" esses (e não são), parece estranho serem por você tratados como se fossem menos válidos que outros. Curiosa a forma como "conhece" esses textos, parece que já os viu por aí nalgum lugar mas não teve tempo para estabelecer uma boa relação com eles. Terei muito gosto em continuar conversando com o Pastor sobre esse e outros temas bíblicos. Abraço em Cristo.
Pedro, obg pela visita e pelos comentários. Claro que gostaria de continuar conversando com vc sobre o telam. Sobre lhe mandar meu texto, me de seu endereço, e se quiser me add n msn.
joelsongomes62@hotmail.com
Deus bençoe e volte sempre.
FIQUEI FELIZ EM COMO O AMADO PASTOR E O IRMÃO PEDRO ESTEVÃO DISCUTIU A CERCA DO TEMA "PRA ONDE VÃO OS MORTOS". SE POSSIVEL QUERIA TAMBEM Q O PASTOR ME MANDASSE O ESTUDO COMPLETO PARA QUE EU POSSSA VER SUA ARGUMENTAÇÃO DE FORMA COMPLETA.
AGRADEÇO SUA CORDIALIDDADE
FABIO DANIEL
Caro Joelson, paz! Caso possa me enviar o estudo completo, ficarei agradecido, aliás, bom estudo este que vc postou!
Obrigado
rodri_ia@hotmail.com
Texto enviado para todos que pediram faz muito tempo. Espero a refutação dos discordantes até hoje.
kkkkk
vc é ótimo amor! Onde estão aqueles que te criticam? Pq se calaram? Eu quero esse texto, meu bem. Envie pra mim!
Beijos
eu não recebi a outra parte do texto.
quando possível me envia!!!
não foi minha intenção refurtar nada mas, ter o texto para motivo de edificação. contudo eu não recebi nada.
O problema Fábio Fábio é sem email só eu enviar com mágica. Volte sempre
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