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sexta-feira, 17 de julho de 2009

CHARLES FINNEY; AVALIAÇÃO DE SUA TEOLOGIA (I)





Phillip R. Johnson


É irônico que Charles Grandison Finney tenha se tornado um garoto propaganda para muitos evangélicos modernos. Sua teologia estava longe da evangélica. Como um líder cristão, ele dificilmente foi modelo de humildade ou espiritualidade. Mesmo a autobiografia de Finney retrata um caráter questionável. Em sua própria revisão da história de sua vida, Finney admite-se como obstinado, arrogante – e algumas vezes mesmo um pouco desonesto.


Jogando com Fraude desde o Princípio


O ministério de Finney foi fundamentado em duplicidade desde o princípio. Ele obteve sua licença para pregar como ministro Presbiteriano professando fidelidade à Confissão de Fé de Westminster. Mas ele mais tarde admitiu que ele era quase totalmente ignorante do que o documento ensinava. Aqui, nas próprias palavras de Finney, está a descrição do que ocorreu quando ele esteve diante do concílio cuja tarefa era determinar se ele estava espiritualmente qualificado e doutrinariamente são:


Inesperadamente eles me perguntaram se eu recebia a Confissão de Fé da Igreja Presbiteriana. Eu não a tinha examinado, - Ela é uma grande obra contendo os Catecismos e a Confissão Presbiteriana. Isto não tinha feito parte de meu estudo. Eu repliquei que a recebia pela substância da doutrina, tanto quanto eu a entendia. Mas eu falei de uma maneira que claramente implicava, eu acho, que eu não fingia conhecer muito sobre ela. Contudo, eu respondi honestamente, como eu entendia naquela época” [Charles Finney, The Memoirs of Charles Finney: The Complete Restored Text (Grand Rapids: Academie, 1989), 53-54].


A despeito de sua insistência Clintoniana em que “respondeu honestamente,” está claro que Finney deliberadamente enganou seus examinadores. (Sua capacidade para analisar termos legais lhe teria servido bem tivesse ele sido um político no final do século vinte. Mas ele denuncia uma espantosa falta de pudor para um pastor em sua própria era). Ao invés de admitir que ele era totalmente ignorante dos padrões doutrinários de sua denominação, ele diz que “falou de uma maneira” que implicava (“eu acho”) que ele não conhecia “muito” sobre aqueles documentos. A verdade é que ele jamais tinha sequer examinado a Confissão de Fé e não sabia absolutamente nada sobre ela. Ele estava deploravelmente despreparado para a ordenação, e ele não tinha nenhum direito de solicitar uma licença para pregar sob os auspícios do presbitério. “Eu não estava informado de que as regras do presbitério requeriam que eles questionassem um candidato se ele aceitava a Confissão de Fé Presbiteriana,” escreveu Finney. “Por isso eu nunca a li” [Memoirs, 60]. Assim quando ele disse a seu concílio de ordenação que recebia a Confissão “pela substância da doutrina,” nada poderia estar mais longe da verdade! Entretanto, o concílio ingenuamente (e também totalmente condescendente) aceitou Finney por sua palavra e o licenciou para pregar.


A credibilidade de Finney é além disso desfigurada pelo fato de que quando ele, mais tarde, leu as Símbolos de Westminster e constatou sua discordância em quase todos os pontos cruciais, ele não renunciou a comissão que ele tinha recebido sob falsas pretensões. Ao invés disso, ele admitiu a posição que ele tinha enganado aqueles homens ao darem-lhe – então usou isso pelo resto de sua vida para atacar suas convicções doutrinárias. “Tão logo eu aprendi quais eram os claros ensinos da Confissão de Fé sobre estes pontos, eu não hesitei, sob qualquer condição em toda ocasião conveniente, em declarar meu dissentimento deles,” ele ostentava. “Eu os rejeitei e os expus. Onde quer que eu descobrisse que qualquer classe de pessoas estava escondida atrás desses dogmas, eu não hesitava em demoli-los, o que eu era capaz” [Memoirs, 60]. O fato de que Finney tinha obtido suas próprias credenciais professar lealdade a Confissão de Fé não o perturbavam de modo algum. “Quando eu vim a ler a Confissão de Fé, e vi as passagens que eram citadas para sustentar aquelas posições peculiares, eu fiquei absolutamente envergonhado dela,” ele declara francamente. “Eu não podia sentir qualquer respeito por um documento que empreendesse impor sobre a humanidade tais dogmas como aqueles” [Memoirs 61].


Bagagem de Anos de Incredulidade


As discordâncias de Finney com os padrões doutrinários denominacionais claramente não foram opiniões formadas após seu exame pelo concílio. Como ele próprio admite, ele tinha conscientemente rejeitado o quadro teológico básico da confissão Presbiteriana muito antes de estar diante daqueles homens. Ele escreve sobre o debate doutrinário que ele tinha provocado com seu pastor, George W. Gale: “Eu não pude aceitar sua concepção em matéria expiação, regeneração, fé, arrependimento, escravidão da vontade, ou qualquer de suas doutrinas afins” [Memoirs, 46].


Mesmo antes de sua conversão, Finney tinha levantado muitas das mesmas discussões e objetado fortemente o ensino de Gale naqueles pontos. Ele escreveu:


Eu agora acho que algumas vezes critiquei seus sermões imerecidamente. Eu levantei tais objeções contra suas posições quando elas mesma forçaram minha atenção... O que ele entendia por arrependimento? Era um simples sentimento de tristeza pelo pecado? Era um completamente passivo estado da mente? Ou envolvia um elemento voluntário? Se era uma mudança de mente, em que respeito era uma mudança de mente? O que ele entendia pelo termo regeneração? O que tal linguagem significava quando se fala de tal mudança espiritual? O que ele entendia por fé? Era simplesmente um estado intelectual? Era simplesmente uma convicção, ou persuasão, de que as coisas declaradas no Evangelho eram verdade?” [Memoirs, 10 – 12].


A “conversão” de Finney parece não ter alterado seu ceticismo sobre o ponto de vista de sua denominação sobre qualquer destas cruciais doutrinas evangélicas. Após sua crise experimental, estas foram as verdadeiras questões sobre as quais ele discordou da Confissão Presbiteriana – só que então com mais vigor do que nunca. A intensa experiência emocional que Finney considerou como seu novo nascimento parece simplesmente ter confirmado seu sentimento que ele estava certo sobre cristianismo e Escritura – e que a maioria dos líderes de sua denominação eram ou estúpidos ou iludidos.


De fato, em seu próprio relato de sua conversão e “treinamento”teológico,” Finney confessa-se totalmente indócil. Ele meticulosamente reconta as questões sobre as quais ele e o pastor Gale discordavam. Elas são em sua maior parte sobre os mesmos pontos que Finney diz ter objetado antes de sua conversão. Nem mesmo uma vez Finney admite conceder qualquer ponto a Gale (ou a qualquer outro, por aquele assunto). Ele obviamente acreditava que sua compreensão intuitiva da verdade espiritual, combinada com seu treinamento legal, automaticamente faziam-no mais doutrinariamente habilitado do que todos os pregadores Presbiterianos, treinados em seminários, reunidos. Ele constantemente retratava os líderes da igreja que seguiam a Confissão de Fé como ingênuos e estúpidos. Ele estava convencido que eles não tinham nada a ensiná-lo, e do ponto de sua conversão em diante, ele lança a si mesmo numa função superior, como um reformador de suas obsoletas e indefensáveis doutrinas. Ele escreve:


O fato é que a educação do irmão Gale para o ministério tinha sido totalmente defeituosa. Ele tinha absorvido um conjunto de opiniões, ambos teológicas e práticas, que eram uma camisa de força para ele. Ele poderia realizar muito pouco ou nada se levasse a cabo seus próprios princípios. Eu usufruía de sua biblioteca, e explorava-a totalmente sobre todas as questões de teologia que surgiam para exame; e quanto mais eu examinava os livros, mais eu ficava insatisfeito". [Memoirs, 55].


Assim sendo, convencido que seu tutor (pastor Gale) e todos os livros Reformados e Puritanos na biblioteca de Gale eram totalmente inúteis, Finney partiu para a criação de um sistema teológico mais para sua própria preferência.


Em primeiro lugar, não sendo nenhum teólogo, minha atitude com respeito a peculiar concepção [de Gale] foi mais propriamente aquela de negação ou rejeição, do que de oposição a qualquer concepção concreta para ele. Eu dizia, ‘suas posições não são provadas.’ Eu freqüentemente dizia, ‘Elas não são suscetíveis de provas’. Assim eu pensava então, e assim eu penso agora.... Eu não tinha nenhum lugar para ir senão diretamente à Bíblia, e à filosofia e articulações de minha própria mente como elas eram reveladas na consciência. Minhas concepções adquiriram uma forma concreta, mas lentamente. Eu, primeiro achei-me incapaz de aceitar sua concepção peculiar; e segundo, gradualmente formei concepções de mim próprio em oposição às dele, as quais pareceram-me ser inequivocadamente ensinadas na Bíblia.” [Memoirs, 55, ênfases adicionadas].


Em outras palavras, as primeiras opiniões de Finney sobre “o[s] tema[s] pecado, regeneração, fé, arrependimento, escravidão da vontade, [e] doutrinas afins” tornaram-se a bagagem que ele arrastou adiante para dentro de sua própria teologia sistemática peculiar. Tendo contestado a posição doutrinária do pastor Gale nestes pontos desde antes de sua conversão – e especialmente agora que Finney compreendeu que estas idéias vinham da própria Confissão – ele cresceu em desprezo pelos padrões doutrinários da “Velha Escola”. Ele não estava interessado em estudar livros que defendessem tais doutrinas.


Sem qualquer “concepção concreta” propriamente sua (exceto seu obvio desprezo pela doutrina Reformada), ele estava satisfeito por enquanto em rejeitar o ensino de Galé com “negação ou rejeição.” Mas Finney logo perceberia que necessitava algo mais do que rejeição para responder às doutrinas da Confissão Presbiteriana. Assim ele determinou trabalhar explorando as páginas da Escritura em busca de argumentos contra a doutrina menosprezada, enquanto delineava novas doutrinas mais apropriadas às “filosofias e articulações da [sua] própria mente.” Idéias com as quais Finney tinha brincado desde seus dias pré-conversão tornaram assim o coração da teologia que ele esposou até o fim de sua vida. Em outras palavras, como um novo “convertido,” Finney simplesmente delineou uma teologia que se amoldasse ao seu já estabelecido preconceito.


Em suas Memórias, suas Cartas sobre o Reavivamento, e sua Teologia Sistemática, o que aparece, francamente, não é um homem com uma alta consideração pela Escritura, mas um homem com uma enfatuada concepção de si mesmo. Onde a Escritura não se adapta a ele, Finney recorre a sofismas para interpretá-la ao contrário. Todas as seções de sua Teologia Sistemática contém parágrafos após parágrafos de filosofia e moralização – algumas vezes sem uma única referência a Escritura por muitas páginas. [1]


NOTAS:

_______________

1. Veja por exemplo, Preleção 16, “Depravação Moral.” Finney segue falando desconexamente sobre depravação “física” versus “moral” por diversas páginas (cerca de 5 na edição Bethany) antes de citar sequer um único verso da Escritura. Toda sua polêmica sobre “depravação física” é, de qualquer modo , desperdiçada, porque nenhum do oponentes teológicos de Finney sequer argumentou que a depravação humana é uma questão física. Novamente, em toda a Preleção 10 (“O que Constitui a Desobediência a Lei Moral?”) Finney cita fragmentos de somente dois versos da Escritura – um total de onze palavras citadas da bíblia na preleção inteira. De qualquer modo, muitas – talvez a maioria – das páginas não contém nenhuma referência à Escritura. Por contraste o padrão de livros de teologia sistemática evangélica contém dúzias de referências por página. A completa característica da “teologia sistemática” é começar com a Escritura e sistematizar um teologia abrangente ponto a ponto. Um teologia sistemática sadia é portanto inicialmente bíblica. Por contraste, Finney construiu um sistema filosófico baseado em argumentos lógicos e legais e confiando mais em seu próprio instinto e especulação do que na Bíblia.



FONTE: Monergismo

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