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quarta-feira, 17 de junho de 2009

O SIGNIFICADO DO BATISMO PARA A IGREJA DO NOVO TESTAMENTO

Para conclusão desta primeira parte e como subsídio aos argumentos desenvolvidos até aqui, procura-se agora determinar como a Igreja do Novo Testamento entendia a cerimônia do batismo. Isto para saber se segue a linha de entendimento das cerimônias do Antigo Testamento, e do batismo joanino, que eram assimilados como purificação cerimonial, ou se a Igreja nascente lhe dá outro significado. E também servirá para confirmar a identidade dos dois ritos. Isto é importante porque o Filipe que batizou o eunuco, cujo caso é o objeto deste estudo, estava inserido na tradição desta Igreja nascente, devendo, pois, ter compreensão similar a da igreja sobre o rito batismal.

I. 5. 1. O QUE O NOVO TESTAMENTO MOSTRA.

Quando se consulta o Novo Testamento nas passagens relativas à Igreja, que retratam os efeitos do batismo, as mesmas deixam entrever como os autores bíblicos, e a Igreja, entendiam a cerimônia.

a) At. 2:38: “Pedro respondeu: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo”. (NVI, grifo meu). A fraseologia usada pelo autor bíblico é clara. Ele liga o recebimento da ordenança do batismo com o perdão dos pecados. O batismo recebido pelos convertidos seria o sinal exterior da limpeza espiritual interior. Os Vinte e Oito artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo, síntese de fé do povo Congregacional brasileiro, tem muita razão quando expressa no seu artigo vinte e cinco: “O batismo com água foi ordenado por nosso Senhor Jesus Cristo como figura do batismo verdadeiro e eficaz, feito pelo Salvador, quando envia o Espírito Santo para regenerar o pecador(Grifo meu).

Ao dizer “cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos seus pecados”, Pedro não afirma que o rito do batismo por si só cancelaria os pecados do povo, como não perdoou os pecados de Simão o mago, que mesmo sendo batizado por Filipe (At. 8:9-13), continuou na perdição (άπώλειαν ([apôleian]= arruinar, perecer, destruir) e laço de iniqüidade (At. 8:20-24).[1] Porém, o rito do batismo testemunharia o que já havia sido feito no momento do arrependimento. Por isso o arrependimento sempre vem antes do rito. O batismo agora recebido simbolizaria a purificação dos pecados, feita no arrependimento sincero, pois para o autor do livro de Atos o arrependimento é a porta para a salvação, para a remissão dos pecados (vd. At. 3:19; 5:31; 10:43; 13:38-39; 16:31), não o batismo com água que é sempre conseqüência.

b) At. 22:16:E agora, que está esperando: Levante-se, seja batizado e lave os seus pecados, invocando o nome dele’”. (NVI, grifo meu). Este é um dos textos mais evidente para mostrar a relação entre a ordenança do batismo no Novo Testamento e o lavamento (άπόλουσαι= ápólousai) dos pecados. A ligação é muito clara e mostra o batismo como sinal exterior de uma limpeza/purificação interior. [2] No relato do encontro de Ananias com Paulo recém convertido, Ananias já o trata como irmão antes mesmo de ele ser batizado (At. 9:17, par. 22:13). Para Ananias, não seria o batismo praticado a seguir que transformaria Paulo em um irmão, o batismo seria apenas algo que simbolizaria sua limpeza espiritual: “Lave os seus pecados”. Limpeza essa já ocorrida naquele Paulo que foi encontrado contrito e orando.

c) 1Pe. 3:21:e isso é representado pelo batismo que agora também salva vocês – não a remoção da sujeira do corpo, mas o compromisso de uma boa consciência diante de Deus – por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (NVI). Este é um texto deveras difícil até em sua tradução, pelo jeito estranho que o apóstolo Pedro arranjou as palavras na sua carta. Mas, é visto aqui que o autor bíblico estabelece uma relação tipológica (άντίτυπον= antítypon) entre o dilúvio e o batismo. Ele diz que o batismo é uma lavagem purificadora da carne, mas que essa lavagem não é o que salva.

... não é a remoção da imundícia da carne. No sentido mais simples, essa expressão descreve os efeitos de um banho (limpeza do corpo). Mas a escolha dos termos parece sinalizar algo mais. Apothesis era quase um termo técnico entre os primeiros cristãos para designação daquilo que tinha de ser “removido”, “despojado”, as coisas que os cristãos tinham de abandonar por não serem compatíveis com a nova vida em Cristo... Então, dizer que o batismo não é essa remoção do mal em nós, poderia significar aqui uma advertência contra concepções mágicas do batismo.[3]

Assim, Pedro ao escrever e citar o batismo cristão, sabendo do entendimento que os seus leitores tinham da cerimônia como um rito purificador, se apressa a dizer que o mesmo é um antitypo (reflexo) da salvação, mas não a realidade em si.

Portanto, o entendimento do significado do batismo para a Igreja nascente, era como se representasse a limpeza, a purificação dos pecados, assim como eram também entendidas as purificações do Antigo Testamento e o batismo joanino, dos quais o batismo cristão deriva. [4]

Note-se assim que as purificações do Antigo Testamento, o batismo joanino, e da Igreja nascente, estão em concordância simbolizando uma limpeza espiritual. A forma estabelecida no Antigo Testamento, que era familiar ao povo para este rito de limpeza, as pessoas sendo o objeto da purificação, era a aspersão. E naturalmente esta é a forma que se usa no Novo Testamento, e foi essa que Filipe usou em sua prática de batizar o eunuco. Tentar achar outra forma para esta cerimônia que não aparece em outras partes da Escritura, é inserir um elemento estranho e sem base, dando uma nota de confusão mais do que de esclarecimento ao assunto.

NOTAS

[1] Sobre Simão o mago John Stott escreve: “Não é necessário supormos que ele estivesse exercendo a fé salvadora, pois mais tarde Pedro declara que seu coração não era “reto diante de Deus” (v. 21). Calvino sugere que devemos procurar “alguma posição intermediária entre fé e mero fingimento””. Atos, p. 167.

[2] “O batismo no Novo Testamento é sinal exterior de uma limpeza interior”. Bíblia de Estudo de Genebra (NT). p. 1304

[3] MUELLER, Ênio R. pp. 220-221 (Grifos dele).

[4] “Esta idéia de purificação era a coisa pertinente a todos os batismos do Antigo Testamento, e também no batismo de João, Sl. 51:7; Ez. 36:25; Jo. 3:25-26. ... Além do mais a Bíblia deixa muito claro que o batismo simboliza a limpeza espiritual ou a purificação”. BERKHOF, L., p. 751 (Tradução minha).

3 comentários:

Pr. Valdecio Batista disse...

Gostei muito dos estudos. Gostaria de motivar o amado pastor a continuar escrevendo estudos de muita importancia teologica.E sugerir que publique mais estudos, porque conheço muitos pastores que utilizam os site para estudar a Palavra de Deus por não terem a oportunidade de cursar seminarios. Muito obrigado. Deus continue abençoando ao pastor e a sua família.

Pr. Valdecio Batista disse...

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30 de Junho de 2009 18:17

Pr. Valdecio Batista disse...

Gostei muito dos estudos. Gostaria de motivar o amado pastor a continuar escrevendo estudos de muita importancia teologica.E sugerir que publique mais estudos, porque conheço muitos pastores que utilizam os site para estudar a Palavra de Deus por não terem a oportunidade de cursar seminarios. Muito obrigado. Deus continue abençoando ao pastor e a sua família.

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