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quarta-feira, 16 de julho de 2008

SANTO AGOSTINHO SOBRE A SALVAÇÃO (I)


"Crer com a Igreja de Cristo que o gênero humano nasce sujeito ao pecado do primeiro homem e que alguém se livra deste mal somente pela justiça do segundo homem. Chegaram também a confessar que a graça de Deus se antecipa às vontades humanas e que ninguém tem capacidade de começar ou terminar uma boa obra por suas próprias forças" (Cap. I, 2).

"Devemos demonstrar primeiramente que a fé, que nos faz cristãos, é dom de Deus" (Cap. II, 3).

"E quem dirá que aquele que já começou a crer, não tem merecimento junto àquele no qual crê? Daí se concluiria o poder dizer-se que as demais graças seriam acrescentadas como retribuição divina aos que já têm merecimento, o que seria afirmar que a graça de Deus nos é outorgada de acordo com nossos merecimentos "(Cap II, 4).

"E assim, mostrando o valor desta graça que não é concedida de acordo com os méritos, mas é causa de todos os bons méritos ... Quem não vê que primeiro é pensar e depois crer? Ninguém acredita em algo, se antes não pensa no que há de crer... é mister que os objetos da fé recebam acolhida depois de terem sido pensados. Assim acontece, embora o ato de crer nada mais seja que pensar com assentimento. Pois, nem todo o que pensa, crê, havendo muitos que pensam, mas não crêem; mas todo aquele que crê, pensa, e penando crê e crê pensando... nossa capacidade, mesmo para o inicio da fé, vem de Deus... Do mesmo modo, ninguém é capaz por si mesmo ou de começar a ter fé ou de nela crescer, mas nossa capacidade vem de Deus "(
Cap. II, 5).

"(Se) a graça de Deus nos seja concedida em vista de nossos méritos, esta graça não é mais graça. Com efeito , neste caso é devolvida como paga e não é dada gratuitamente....querendo atribuir a si o fato de crer, o homem quer fazer uma composição com Deus, arrogando-se uma parte da fé e deixando-lhe outra parte. E o que é mais insolente: arroga para si a primeira parte e atribui a Deus a seguinte, e no que diz ser de ambos, em primeiro lugar e a Deus em segundo plano" (
Cap II, 6).

"Esta não graça, se a precede qualquer mérito, e o que se concede não como graça, mas como dívida, concede-se como recompensa ais méritos e não é concessão" (Cap. III, 7).

Comentando 1 Co. 4: 6-7:

"Portanto, se a graça representa os atributos da natureza, que nos faz animais racionais e nos distingue dos simples animais; se ela representa os atributos da natureza, que causa diferença entre os homens normais e os disformes ou entre os inteligentes e os retardados, e assim outros atributos semelhantes, aquela pessoa, repreendida pelo apóstolo (no texto citado), não se ensoberbecia contra um animal ou contra alguma pessoa no tocante a algum dote natural, ainda que fosse de ínfimo valor. Mas orgulhava-se de algum bem referente à vida de santidade, não atribuindo a Deus mas a si, e por isso mereceu ouvir: Quem é que te distingue? Que é possuis que não tenhas recebido?" (Cap. V, 10).


"Todavia entre a graça e a predestinação há apenas esta diferença: a predestinação é a preparação parta a graça, enquanto a graça é a doação efetiva da predestinação... Deus prometeu a Abraão filhos, os quais não poderão sê-lo, se não tiverem fé. Portanto, Deus outorga também a fé" (Cap. X, 19).

"Os que têm fé rogam para que lhes aumente a fé, rogam pelos que não crêem, para que lhes seja concedida a fé. Portanto, tanto em seu crescimento como em seu principio, a fé é dom de Deus "(Cap. XI, 22).


(Todos os textos são retirados do livro de Sto. Agostinho: A PREDESTINAÇÃO DOS SANTOS).

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