“Só é possível alcançar Deus se a medição da ignorância é devidamente feita” (Jean Delumeau, do Collége de France).
No mundo atual da pós-modernidade, as certezas dizem, foram pelo ralo, mas mesmo assim, nesse tempo de contradições e bases frágeis, a “ciência” tem travado uma batalha contra a fé, tentando passar a idéia de que só a ciência é concreta. Mas... têm razão os que pensam assim?
A revista francesa “L ‘ Express” convidou 16 eruditos para, nas mais diversas partes do conhecimento humano, responder a questão: “O que não sabemos?”. E as respostas não foram nada animadoras.
O paleontólogo Yves Copper diz que: “a origem do ser humano é uma verdadeira confusão (quão diferente das revistas pseudo-cietificas tipo: Galileu, Superinteressante, e afins, que dão a evolução como certa), quanto mais fósseis são encontrados, mais nos confrontamos com primatas diferentes. Hoje estamos diante de uma multidão de personagens e não sabemos como estabelecer a relação entre eles ... Nossa filiação torna-se um verdadeiro quebra-cabeça.” E conclui irônico: “ O acaso é responsável por transformações oportunas demais para se acreditar”. (1)
Com isso parece concordar o astrofísico Hubert Reeves, ele escreve que a “ evolução do Universo foi governada pelas leis físicas, forças que combinam as partículas elementares - os átomos, as moléculas - depois criáramos grandes corpos celestes ... Essas leis são perfeitamente ajustadas, eles têm as propriedades ideais, mais exatamente aquelas que lhe eram necessárias para sair de seu estado inicial e produzir coisas cada vez mais complexas ... De onde vem essa magnífica coerência?”
Já o virologista Luc Montagnier afirma que na sua disciplina o que não faltam são questões. “Uma de nossas ignorâncias é sobre o lugar da vida no Universo ... Sabe-se que toda forma de vida na Terra é resultado de uma seleção”. Mas existe a pergunta, quem fez a seleção? E os códigos genéticos que desapareceram? Ele conclui: “nós nunca saberemos”.
Françoise Héritien Auge, antropóloga, depois de colocar diversas questões sobre o sistema de parentesco, afirma que não há resposta para as suas perguntas.
Jacques Testart, bióloga da reprodução, começa suas palavras dizendo que há um monte de coisas ignoradas na sua ciência. “Na verdade, nós não compreedemos nada de nada ... Não se sabe, absolutamente, porque o ovo se divide em dois” no caso de gêmeos.
Para o médico Etienne Baulieu, na sua área a ignorância de estende a tantos aspectos, que não poderia numerá-los. Afirma que “nenhuma descoberta atual nos fornece dados suficientes para supormos que a vida possa se estender por mais de 120 anos (interessante seria ler o que está em Gênesis 6:3) limite que hoje conhecemos”.
Na Historia da Arte, Pierre Rosemberg, diretor do Louvre, diz que o que não faltam são enigmas não resolvidos. “Em nossa profissão, a ignorância é geral e a competência limitada”.
Na História da Literatura, Marc Fumaroli, do College de France, limitando-se a
Também para Xavier Le Pichon, que estuda Geofísica e Geodinâmica, também do College de France, sua disciplina é um mar de ignorância. Como exemplo, lutam, lutam, e não conseguem prever terremotos.
A historiadora Christiane Desroches – Noblecourtt, com 65 anos de experiência no assunto, fala das ignorâncias de sua área destacando três: a religião, a pirâmide de Quéops, e os signos do zodíaco. Em tudo isso só trevas, as mais espessas.
O Lingüista Claude Hagége, diz que: “em 90% dos casos, não sabemos qual é a origem de uma palavra”.
No campo da Neurobiologia Jean Pierre Changeux, depois de colocar diversos problemas em sua disciplina, conclui: “Como se desenrola tudo isso? Ignoramos amplamente”.
E a Literatura Grega, para a acadêmica Jacqueline de Romilly, é um poço de desconhecimento. Como a Psiquiatria, para o professor Edouard Zarifian, é um iceberg de ignorância.
Diante de tudo isso, eu prefiro ter fé, é muito mais racional. O alarde que a pseudo-ciência tem feito atualmente, não tem valor nenhum, nem fundo de verdade. É mais irracionail do que a religião que ela condena. É impossível tirar Deus do Universo, quem tenta paga mico. E pagar mico? Eu não...
(1) Todos os depoimentos foram publicados no Caderno 2, de O Estado de São Paulo, 10/09/1995.
Joelson Gomes
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