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segunda-feira, 8 de maio de 2017

A CPAD ADULTEROU O DICIONÁRIO DE VINE.

LEIA ANTES DE COMPRAR: DICIONÁRIO DE VINE - CPAD.

Por:  William Zimmermann
 

O dicionário de Vine (VINE, WILLIAM EDWY) é amplamente conhecido por estudiosos e eruditos bíblicos. Contém uma gama de palavras bíblicas e seus significados exegéticos, além de comentários do próprio Vine. É um dos melhores, se não o melhor dicionário bíblico existente. O melhor – sem ligações religiosas – pelo menos em inglês. Que cuidados devo ter ao adquirir a “tradução” feita pela CPAD?

VINE pela CPAD

O que é a CPAD? É a Casa Publicadora das Assembleias de Deus. A CPAD é responsável pela publicação de diversas obras religiosas, tais como obras de referência, livros de dogmas, bíblias, etc.
Em 2002, pelo que parece, a CPAD comprou os direitos e publicou uma tradução da obra de Vine. Como o original de Vine era somente das palavras do texto grego (Novo Testamento), a CPAD adicionou um dicionário das palavras em Hebraico do Velho Testamento, editadas por outros dois estudiosos – mas não por VINE. Mesmo assim, ao vender o dicionário, embora mostre o nome dos outros dois escritores, a CPAD dá a entender que o INTEIRO dicionário é obra conjunta de Vine e dos outros dois. Atenção: só o dicionário do Novo Testamento é obra de Vine. Não tenho as credenciais dos outros dois autores, a saber: Merril F. Unger. & William White Jr. No que tange à tradução do dicionário de Vini, em 2002, era fiel à original (não tenho a primeira edição para confirmar, mas li alguns comentários sobre isso). Pelo que pude ver nos PDF’s disponíveis na internet, não tentaram modificar a obra de Vine.
Porém, no mesmo dicionário, porém de 2015 (que é o que comprei pelo site da CPAD), a obra foi muito modificada, ou poderia dizer, adulterada.

Adulterações feitas pela CPAD

Infelizmente, só a CPAD fez a tradução do dicionário de VINE para o português. Se você só tem conhecimento da língua portuguesa e tiver que comprar o dicionário ‘traduzido’ pela CPAD, vá em frente – é uma boa aquisição. Mas tome cuidado. Pelo menos dois verbetes foram muito adulterados. Sempre se pergunte: se alteraram alguns termos, como posso ter certeza que outros termos também não foram alterados?
Que tipo de alterações foram feitas? Basicamente, onde o significado de palavras ou expressões eram contrários às Crenças das Assembleias de Deus. Mais abaixo citarei exemplos, tanto das adulterações, quanto do que dizia no original (em inglês).
É interessante que não é a primeira vez que a CPAD adultera uma tradução de uma obra de referências para que satisfaça suas crenças. Ela fez o mesmo na obra de Flávio Josefo, História dos Hebreus. Em outro post explicarei sobre algumas traduções e modificações do texto de Josefo.
O fato de haverem adulterações em uma obra de referências é muito preocupante. Sinceramente, a CPAD caiu no meu conceito após verificar adulterações sem ao menos explicar isso para o leitor, deixando claro que certas partes foram modificadas. É o mesmo que fazer propaganda enganosa e induzir o consumidor/leitor ao erro. Sinceramente, não esperava tal tipo de engano por uma organização que diz seguir a um “Deus que não pode mentir”.
Ao pesquisar sobre essas adulterações, percebi que alguns defendem a CPAD dizendo: “não quero uma versão original, quero uma versão correta”. Bem, então a CPAD deveria fazer seu próprio dicionário bíblico, de acordo com suas crenças, não vender um dicionário conceituado, dizendo ser a tradução dele, mas na verdade ser uma tradução corrompida. Isso não é moralmente (nem legalmente) correto. Ela vende “gato por lebre”.
Citarei duas alterações que encontrei, extremamente diferentes do texto original em inglês e talvez da primeira edição (2002). Não consigo citar mais porque estou com o dicionário a menos de duas semanas. Ainda não tive tempo de comparar com a edição original as outras palavras.
  • Termo 1: língua;
  • Termo 2: cruz;

Adulteração 1: língua

A versão em inglês do dicionário de VINE reza o seguinte, sobre os “dons de línguas” (verbete Tongue):
There is no evidence of the continuance of this gift after apostolic times nor indeed in the later times of the Apostles themselves; this provides confirmation of the fulfillment in this way of 1 Corinthians 13:8 , that this gift would cease in the churches, just as would “prophecies” and “knowledge” in the sense of knowledge received by immediate supernatural power (cp. 1 Corinthians 14:6 ). The completion of the Holy Scriptures has provided the churches with all that is necessary for individual and collective guidance, instruction, and edification. – http://www.studylight.org/dictionaries/ved/view.cgi?n=3034
A tradução fiel ao texto deveria dizer (traduzida por mim):
Não há evidência da continuidade deste dom após a era apostólica nem nos últimos tempos dos próprios apóstolos; isso provê confirmação do cumprimento  de 1 Coríntios 13:8, que esse dom iria cessar nas igrejas, bem como as “profecias” e o “conhecimento” no sentido de conhecimento recebido por meio de imediata força sobrenatural(cp. 1 Coríntios 14:6) . A conclusão das santas escrituras proporcionou tudo que é necessário para coletiva e individual instrução, direção e edificação.
A versão de que comprei, de 2015 (adulterada) corrompe traduz assim.
“Os dons espirituais, como profecia, línguas e ciência terminarão no fim da presente era. A ocasião em que eles cessarão é descrita assim: ‘quando vier o que é perfeito’ (v. 10), ou seja. no fim da presente era. quando, então, o conhecimento e o caráter do crente se tornarão perfeitos na eternidade, depois da segunda vinda de Cristo (v. 12; 1.7). Até chegar esse tempo, precisamos do Espirito e dos seus dons na congregação. Não há nenhuma evidência aqui,nem em qualquer outro trecho das Escrituras, de que a manifestação do Espírito Santo através dos seus dons cessaria no fim da era apostólica”. – páginas 754 e 755.
Notaram as alterações? É fragrante a adulteração do texto traduzido pela CPAD para que se conforme com os ensinos neo-pentecostais sobre dons espirituais.
Não tenho autoridade aqui para discutir se esses dons cessaram ou não. Mas tenho autoridade como tradutor e como leitor para denunciar uma adulteração ao texto original de uma obra acadêmica, fazendo os leitores acreditar que a obra de referência diz o que ela realmente não diz.

Adulteração 2: cruz

Aqui temos outra adulteração grave e descarada. Novamente digo: não importa se Jesus morreu ou não em uma cruz ou estaca, o que importa é a adulteração do trabalho de Vine.
Note o que a versão original, em inglês, diz:
Denotes, primarily, “an upright pale or stake.” On such malefactors were nailed for execution. Both the noun and the verb stauroo, “to fasten to a stake or pale,” are originally to be distinguished from the ecclesiastical form of a two beamed “cross.” The shape of the latter had its origin in ancient Chaldea, and was used as the symbol of the god Tammuz (being in the shape of the mystic Tau, the initial of his name) in that country and in adjacent lands, including Egypt. By the middle of the 3rd cent. A.D. the churches had either departed from, or had travestied, certain doctrines of the Christian faith. In order to increase the prestige of the apostate ecclesiastical system pagans were received into the churches apart from regeneration by faith, and were permitted largely to retain their pagan signs and symbols. Hence the Tau or T, in its most frequent form, with the cross-piece lowered, was adopted to stand for the “cross” of Christ.
As for the Chi, or X, which Constantine declared he had seen in a vision leading him to champion the Christian faith, that letter was the initial of the word “Christ” and had nothing to do with “the Cross” (for xulon, “a timber beam, a tree,” as used for the stauros, see under TREE).The method of execution was borrowed by the Greeks and Romans from the Phoenicians. The stauros denotes (a) “the cross, or stake itself,” e.g., Matthew 27:32; (b) “the crucifixion suffered,” e.g., 1 Corinthians 1:17,18 , where “the word of the cross,” RV, stands for the Gospel; Galatians 5:11 , where crucifixion is metaphorically used of the renunciation of the world, that characterizes the true Christian life;Galatians 6:12,14; Ephesians 2:16; Philippians 3:18 .The judicial custom by which the condemned person carried his stake to the place of execution, was applied by the Lord to those sufferings by which His faithful followers were to express their fellowship with Him, e.g., Matthew 10:38http://www.studylight.org/dictionaries/ved/view.cgi?n=616
Uma tradução mais fiel, que encontrei dessas palavras, verte assim:
denota, primariamente, “pos­te ou estaca vertical”. Em tais peças os malfeitores eram pregados para execução. O substantivo stauros e o verbo stauroõ, “amarrar a uma estaca ou poste”, devem ser originalmente distinguidos da forma ecle­siástica da “cruz” de duas vigas. A forma da última teve sua origem na antiga Caldéia, e era usada como símbolo do deus Tamuz (sendo na forma do místico Tau, a letra inicial do seu nome) naquele país e em terras adjacentes, inclusive no Egito. No século III d.C., as igrejas ou tinham se afastado, ou parodiado certas doutrinas da fé cristã. A fim de aumentar o prestígio dos sistemas eclesiásticos apóstatas, os pagãos foram recebidos nas igrejas, independente da regeneração pela fé, e foram-lhes permitidos reter, em grandes partes, os símbolos pagãos. Por conseguinte, o Tau ou T, em sua forma mais frequente, como a ponta da cruz abaixada, foi adotado para representar a cruz de Cristo.
Quanto ao X (Chi) ou X que Constantino decla­rou ter visto numa visão que o levou a patrocinar a fé cristã, era a letra inicial da palavra “Cristo” e não tinha nada a ver com “cruz” (quanto a xulon, “viga ele madeira, árvore”, como era usado para o stauros, veja ÁRVORE).
Os gregos e romanos copiaram dos fenícios o mé­todo de execução. O stauros denota: (a) “a cruz” ou “a estaca em si”, por exemplo, em Mt 27.32; (b) “a cru­cificação sofrida”, por exemplo, em 1 Co 1.17, 18 ( onde “a palavra da cruz” representa o Evangelho): Gl 5.11 ( onde a crucificação é metaforicamente usada para alu­dir à renúncia do mundo que caracteriza a verdadeira vida cristã); Gl 6.12, 14; Ef 2.16; Fp 3.18.
O costume judicial pelo qual a pessoa condenada levava a estaca até o lugar de execução, foi aplicado pelo Senhor aos sofrimentos pelos quais Seus se­guidores fiéis deviam expressar Sua participação com Ele (por exemplo, Mt 10.38).

A versão de que comprei, de 2015 (adulterada) corrompe traduz assim.
Denota, primariamente, cruz, instrumento de suplício. Em tais peças, os malfeitores eram pregados para execução da pena capital. Embora a palavra signifique também“estaca”, é de suma importância saber em que região e época uma palavra pode ser associada à outra.Vejamos particularmente o caso da crucificação do Senhor Jesus. Sendo Ele condenado à morte por volta do 18° ano do reinado de Tibério César, conclui-se de forma clara e precisa ter sido o Filho de Deus crucificado e não estacado. Levemos em conta,também, as evidência históricas, arqueológicas e neotestamentárias. Recorramos, agora, ao texto bíblico. Disse Tomé:“Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos. e não puser o dedo no lugar dos cravos” (Jo 20.25). O que isto significa? Significa que. na crucificação doSenhor Jesus, foi usado, pelo menos. um cravo em cada mão. Logo: Jesus não foi pendurado numa estaca e sim numa cruz.
Quanto ao x (Chi) ou X que Constantino declarou ter visto numa visão que o levou a patrocinar a fé cristã, era a letra inicial da palavra ‘‘Cristo” e não tinha nada a ver com “cruz” (quanto a xulon. “viga de madeira, árvore”, como era usado para o stauros, veja ÁRVORE).Os gregos e romanos copiaram dos fenícios o método de execução. O stauros denota: (a) “a cruz em si” , por exemplo, em Mt 27.32; (b) ” a crucificação sofrida”, por exemplo, em 1 Co 1.17,18(onde a crucificação é metaforicamente usada para aludir à renúncia do mundo que caracteriza a verdadeira vida cristã); Gl. 6.12.14; Ef 2.16: Fp3.18.O costume judicial pelo qual a pessoa condenada levava a cruz até o lugar de execução, foi aplicado pelo Senhor aos sofrimentos pelos quais Seus seguidores fiéis deviam expressar Sua participação com Ele (por exemplo, Mt 10.38). Páginas 522 e 523.

A grande questão é: se eles modificaram esses dois termos para que se adequasse ao que eles pensam estar correto, não notificando o leitor de que o texto foi alterado e está bem diferente do original, quem nos garante que não fizeram o mesmo em outros verbetes desta e de outras obras?
Lembre-se: tome cuidado ao ler a obra. Dê uma conferida na versão em inglês (não encontrei nenhuma versão em inglês com adulterações, pelo menos até agora). Sabe de mais alguma adulteração nas versões recentes do dicionário de Vine pela CPAD? Deixe nos comentários.
Um abraço!

Entrei em contato com a CPAD hoje (06/06/2016 10:40 am) por email (de trocas e devoluções) e pelo Reclame Aqui (http://www.reclameaqui.com.br/9ego4B9FMKzCXvtq/cpad/dicionario-de-vine-adulterado/) . Até a publicação desse post (16:05), não havia recebido resposta.

Atualização: 13/06/2016 10:40

Um atendente da CPAD entrou em contato hoje comigo e me informou que lançariam uma nova edição, com a correção desses erros. Me deu a opção de esperar pela nova edição e aí efetuar a troca ou, devolver o livro e eles devolveriam o dinheiro. Optei por esperar pela nova edição e aí efetuar a troca.
Segue a resposta oficial da CPAD, conforme publicado no reclame aqui ( http://www.reclameaqui.com.br/9ego4B9FMKzCXvtq/cpad/dicionario-de-vine-adulterado/):
Prezado ,
bom dia.
Primeiramente, permita-nos agradecer por entrar em contato conosco, pois a CPAD acredita que esta é uma das formas de aperfeiçoarmos nosso relacionamento com nossos clientes.
O caso foi apresentado ao gerente de Publicações da CPAD e o mesmo, informou que levou o caso ao diretor, e foi decidido que a próxima edição do Dicionário Vine terá os verbetes em questão conforme constam em sua primeira edição.
Porém, é importante salientar que ainda não há um prazo definido para a publicação desta nova edição.

Deixamos a seu critério a opção de cancelar sua compra e nos devolveremos seu dinheiro, ou aguardar uma nova impressão , ainda sem data prevista para efetuar a troca.
Att. Pedro Paulo
SAC
Agora resta-nos esperar. Obrigado CPAD pelo atendimento.

6 comentários:

Marcelo disse...

É mesmo bem séria a adulteração em traduções. Temos que ser honesto, o máximo que pudermos. Se não formos mais justos que os fariseus;

"... se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" [Mateus 5:20]"

Unknown disse...

E ai,você sabe se saiu alguma versão corrigida?

Unknown disse...

Bom saber...você sabe se saiu uma versão corrigida deles em PT?

JOELSON GOMES disse...

Paulo até agora não sei se consertaram. Quando eu mesmo fui ver tempos depois a edição que peguei estava do mesmo jeito. Volte sempre.

Carlos disse...

Aposto que está esperando até hoje kkkkkk

Carlos disse...

Atualiza a gente

NÃO PARE AQUI VÁ PARA OS TEXTOS MAIS ANTIGOS.