Que ferramentas todo pastor deve possuir? Que habilidades ele precisa
ter? Ou, perguntando com franqueza: o que um pastor tem de fazer
razoavelmente para ser um bom pastor?
Observe o que não estou perguntando. Não estou perguntando sobre a
teologia do pastor. Ou sobre a sua santidade pessoal. Ambas são
essenciais e mais importantes do que algum dom específico. Todo pastor
precisa cuidar bem de sua vida e de sua doutrina (1 Tm 4.16). Mas, o que
um pastor tem de fazer? Esse é o assunto deste artigo.
Admitamos que ele está indo bem nas áreas de caráter e de convicção. Mas, o que se exige dele quanto à competência?
Em seguida, apresentamos uma lista que não é exaustiva. E, com
certeza, não reivindicamos ser excelentes em cada área. Todavia, com
base em minha experiência, um pastor de igreja local – estou pensando,
em particular, no papel de pastor principal ou de pastor único – tem de
ser competente em cinco áreas.
1. Um pastor tem de ser capaz de ensinar. Uma das
cinco diferenças existentes nas qualificações de presbíteros e diáconos e
a única habilidade na lista é que o presbítero seja “apto para ensinar”
(1 Tm 3.2). Se o pastor é o único ou o pastor principal, ele labutará
especialmente na pregação e no ensino (1 Tm 5.17). As igrejas suportarão
várias deficiências, porém muitas igrejas ficarão impacientes com um
pastor que não sabe ensinar.
É verdade que ensinar e pregar são habilidades que se desenvolvem com
o passar do tempo. Por isso, talvez seja difícil determinar se um jovem
é “apto para ensinar”. Contudo, antes de alguém entrar no ministério,
ele deve ser capaz de comunicar a Palavra de Deus com alguma medida de
confiança e clareza.
Algumas coisas que devemos examinar:
• Ele gosta de ensinar? Se não gosta, não melhorará no ensino.
• Ele pode se comunicar com as crianças? Seria um grande treinamento e
um admirável campo de prova se os pastores trabalhassem como
professores de alunos das primeiras séries, antes de entrar no
ministério de tempo integral. Bons mestres sabem como tornar
compreensíveis verdades profundas. Em contraste, se você torna confusas
coisas simples, talvez não tenha o dom de ensino, ainda não.
• Ele gosta de ler? Alguns pastores lêem bastante. Outros lerão
devagar ou sem muita freqüência. Mas, se um pastor não gosta de ler
(supondo que ele tem acesso a bons livros), ele dificilmente crescerá em
profundidade e amplitude de discernimento. Se um pastor não tem fome
por aprender, talvez não ajudará outros a aprender.
2. Um pastor tem de ser capaz de relacionar-se com as pessoas. Há
muitas maneiras de um pastor conectar-se com seu povo. Ele pode fazer
visitas aos enfermos, ou mentorear pessoas individualmente, ou liderar
grupos pequenos, ou trabalhar para que haja mais envolvimento da equipe
de colaboradores. Sempre haverá pessoas ao redor do ministério; e um bom
pastor se esforçara para estar disponível a pelo menos algumas dessas
pessoas.
Os relacionamentos assumem muitas formas. Você pode ser um pastor
extrovertido e gregário ou um introvertido meditativo. Alguns de nós
somos bons em bate-papo. Outros odeiam isso e preferem um convívio mais
próximo e quieto com outra pessoa. Não estou dizendo que o ministério
pastoral é somente para os sociáveis. Mas, se um homem não pode lidar
cordial, gentil e amavelmente com as pessoas, ele deve pensar duas vezes
em ser um pastor.
Uma boa pergunta a ser considerada: este homem faz amigos com
facilidade? Eu hesitaria em chamar um pastor que luta para fazer e
manter amigos.
3. Um pastor tem de ser capaz de liderar. Isso pode
nos enganar. Ao usar o vocábulo “liderar” não quero dizer que todo
pastor tem de ser um empreendedor ousado. Mas ele deve ter pessoas que o
seguem. Tem de ser disposto a tomar uma posição, ser impopular às
vezes. Precisa de coragem e da habilidade de tomar decisões
desagradáveis. Se um homem tem necessidade de ser apreciado por todos,
em todo o tempo, ele não está pronto para ser um pastor. Um pastor não
deve ter medo de influenciar. E, se ele não é um visionário ousado, deve
ser aquele tipo de líder que encoraja outros que têm dons de liderança
mais destacados.
4. Um pastor tem de ser relativamente organizado ou cercar-se de pessoas que podem fazer isso por ele. Eu
queria usar a palavra “administração” para referir-me a esse assunto,
mas decidi não usá-la por receio de ser mal compreendido. Não creio que
os pastores precisam ser gurus administrativos. De fato, penso que
nenhum pastor entrou num seminário com o sonho de que poderia ser capaz
de manter a igreja cumprindo sua função tranquilamente. Administração
não é a essência do ministério; pelo menos, não deveria ser.
No entanto, não podemos evitar isto: um pastor tem de possuir alguma
habilidade básica de organização. Ele não pode esquecer sempre os seus
compromissos ou chegar atrasado em cada reunião de presbíteros. O pastor
precisa retornar as chamadas telefônicas e entender como se realiza uma
reunião. Na verdade, todos esquecemos coisas. Todos nós falhamos de vez
em quando. Ser um pastor não exige onisciência ou onipotência, mas
temos de ser responsáveis. Certo ou errado, talvez a sua igreja não
perceba imediatamente que você parou de estar com as pessoas e que você
não tem capacidade de liderar, mas a congregação perceberá logo que não
pode depender de você.
Competência administrativa básica é exigida para o ministério
pastoral. Se você não tem essa competência como pastor, ache pessoas que
têm e permita que elas cuidem de você.
5. Um pastor tem de orar. Se essa ferramenta ficar
corroída, ninguém saberá; pelo menos, não a princípio. É impossível
sobreviver como pastor sem as outras quatro habilidades. Contudo,
infelizmente, é fácil sobreviver e, até, prosperar no ministério sem
essa ferramenta. O pastor que prospera sem oração não é o pastor sob
cujo ministério quero estar, nem o pastor que desejo ser. Podemos
realizar muito em nós mesmos, mas o que realmente importa exige oração,
porque exige a presença de Deus. Um homem que não ora não deve pregar.
Como você mesmo pode testemunhar, essas cinco competências não são
iguais em importância. As competências 1, 2 e 5 são essenciais e devem
ser o foco do ministério. As competências 3 e 4 podem ser evitadas por
algum tempo, mas não podem ser ignoradas. Em minha experiência, todas as
cinco habilidades são necessárias ao ministério pastoral. Alguns
pastores serão excelentes em várias dessas competências. Alguns serão
muito bons em uma área ou muito bons em outras. Nenhum pastor será um
modelo de todas essas cinco áreas. Se eu tivesse de avaliar um aluno de
seminário que está prestes a entrar no ministério, ou se fosse membro de
uma igreja que está à procura de um pastor, desejaria ver competência
básica em cada uma dessas áreas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário