Não vou
desistir, não! Os fascistas — vistam vermelho, preto ou rosa — fazem
linchamentos morais do lado de lá, eu continuarei, do lado de cá, a
lembrar como funciona uma sociedade democrática e de direito. Grupos de
pressão agora deram pra fazer das ONGs e das redes sociais verdadeiros
tribunais de exceção. As pessoas são julgadas e condenadas sem nem mesmo
direito de defesa. E têm contado, sim, com o apoio de amplos setores da
imprensa. Raramente tantos foram tão intolerantes em nome da
tolerância. Ora, defender a liberdade de expressão daqueles que pensam
como a gente é coisa fácil. Stálin, Hitler, Mao Tsé-tung ou Kim Jong-Il
não fariam melhor. Quero ver é a defesa da dita-cuja para os que pensam
de modo diferente.
Ontem, li
nos sites dos grandes portais que o Grupo Gay da Bahia, chefiado por
Luiz Mott, resolveu conferir o troféu, atenção para o nome!, “Pau de
Sebo” para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, para o
ex-governador José Serra e para o ministro da Educação Aloizio
Mercadante. Eles foram considerados “inimigos dos homossexuais” porque
teriam se oposto ao chamado kit gay nas escolas. É uma vigarice
intelectual, uma trapaça, uma safadeza — ou os gays estariam imunes a
esses males? Nenhum dos três, é evidente, é “inimigo dos homossexuais”.
Haddad e Mercadante podem ter muitos defeitos — este, que se saiba, não!
Incluir Serra na lista, então, evidencia mais uma vez o rigor
intelectual com que opera o tal Mott, professor de antropologia da
Universidade Federal da Bahia. Em outras circunstâncias, ele já teve a
chance de demonstrar que, como intelectual, é um excelente candidato a
animador de auditório… É uma vergonha!
Haddad,
longe de ser “inimigo dos homossexuais”, poder ser considerado até mais
do que um “amigo”: é um verdadeiro “gayzista”. Foi na sua gestão que se
criaram os famigerados kits gays para ser distribuídos nas escolas — a
crianças do Ensino Fundamental também. Entre as pérolas que lá estavam,
vocês devem se lembrar, havia um filminho que declarava a superioridade
da bissexualidade sobre a heterossexualidade porque a pessoa aumentaria
em 50% a chance de ter com quem sair no fim de semana. Ainda que se
desconte o erro de matemática, sobra a estupidez moral e pedagógica.
Seria oferecido a crianças um pega-palavras para identificar o nome da
pessoa que está insatisfeita com a sua genitália. Um outro filme
defendia que os travestis usassem o banheiro das meninas e que fossem
chamados pelos professores por seu nome feminino. E isso era apenas
parte da estupidez. Na gestão Haddad, esse material foi preparado por
ONGs e custou dinheiro. Ninguém sabe quanto ao certo. Só não chegou às
escolas porque houve uma forte mobilização de parlamentares —
especialmente, sim, da bancada evangélica. A própria presidente Dilma
Rousseff ordenou que o material não fosse distribuído, o que lhe rendeu o
troféu “Pau de Sebo” de 2012. O fato de o Grupo Gay da Bahia ser
estúpido também com petistas não o faz menos… estúpido!
Militância cega
O troféu conferido a Serra evidencia a cegueira dessa militância. O ex-ministro da Saúde merecia ser considerado, isto sim, quase um herói — não exatamente da causa gay, mas, se me permitem, de uma causa humanista de especial interesse para os gays. Quando o mundo praticamente não olhava para o problema, ele foi à luta, enfrentou resistências internas, a indústria farmacêutica, uma série de preconceitos e quebrou a patente de remédios que compõem o chamado “coquetel anti-AIDS”. Estruturou aquele que foi considerado pela ONU o maior e mais eficaz programa de prevenção e combate à doença. Milhares de gays — e também de héteros e de hemofílicos — se salvaram em razão desse programa, que, de outro modo, não teria essa extensão. Quando governador de São Paulo, Serra criou o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, um grupo que tem particularidade e que requer tratamento específico.
O troféu conferido a Serra evidencia a cegueira dessa militância. O ex-ministro da Saúde merecia ser considerado, isto sim, quase um herói — não exatamente da causa gay, mas, se me permitem, de uma causa humanista de especial interesse para os gays. Quando o mundo praticamente não olhava para o problema, ele foi à luta, enfrentou resistências internas, a indústria farmacêutica, uma série de preconceitos e quebrou a patente de remédios que compõem o chamado “coquetel anti-AIDS”. Estruturou aquele que foi considerado pela ONU o maior e mais eficaz programa de prevenção e combate à doença. Milhares de gays — e também de héteros e de hemofílicos — se salvaram em razão desse programa, que, de outro modo, não teria essa extensão. Quando governador de São Paulo, Serra criou o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, um grupo que tem particularidade e que requer tratamento específico.
Por que
ele seria, então, “inimigo dos homossexuais”? Ah, porque ele se opôs ao
kit gay! Aí se evidencia a essência totalitária disso que chamo
“sindicalismo gay”. Para que alguém, então, possa ser considerado um
“amigo” da turma, é preciso que se lhe conceda também o direito
EXCLUSIVO de educar as nossas crianças. Ou nada feito! Notem: a essa
fatia do sindicalismo gay, o que um governante efetivamente faz em
defesa de homossexuais não tem a menor importância. Eles exigem é a
comunhão de valores. Dado o seu tamanho, a entidade que mais atende
homossexuais pobres vítimas da AIDS é a… Igreja Católica! Mas isso, para
essa turma, é também irrelevante. Se a Igreja não amparasse um só
doente, mas fosse favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo,
então ela seria considerada uma entidade “amiga dos homossexuais”.
Essa gente
está mais empenhada numa guerra de valores do que propriamente em
ajudar os que sofrem. E não veem problema nenhum em sair por aí
enlameando reputações. O GGB explica por que o troféu se chama “Pau de
Sebo”: “Para mostrar o ridículo de ser inimigo dos LGBT: por mais que
queiram espezinhar os gays e destruir o movimento de libertação
homossexual, nunca chegam a seu objetivo, caindo e se lambuzando no pau
de sebo da intolerância”. É evidente que essa é a versão, digamos, “de
família”. Não é preciso ser muito sagaz para desconfiar que, para a
plateia de Mott, a graça do “pau” e do “sebo” do título está na
ambiguidade… Asqueroso!
Reitero:
se Serra jamais tivesse movido uma palha em favor da quebra de patentes e
da distribuição do coquetel; se jamais tivesse criado qualquer centro
de referência de tratamento de homossexuais, se jamais tivesse salvado
uma vida, mas se dissesse favorável ao kit, então ele ganharia um
“Triângulo Rosa”, que é o troféu que o grupo confere aos “amigos dos
gays”.
Mott, o irresponsável
A irresponsabilidade intelectual de Mott, um “professor” (Deus meu!), não é recente. Ele elaborou uma lista de supostos 100 gays VIPs do Brasil. Este senhor não precisa de fonte, de pesquisas, de nada. Basta-lhe a afirmação desairosa de alguém sobre um desafeto e pronto! Uma carta gentil a um amigo ou uma amiga é o suficiente para que decrete: “É gay”. Até as primeiras décadas do século 20, era comum, em Portugal e no Brasil, que amigos se despedissem em missivas com um “Do teu… Fulano de Tal”. Mott veria coisa ali… É assim que os poetas Olavo Bilac e Álvares de Azevedo entraram na lista. Também Dom João VI e Dona Leopoldina. Ou Zumbi do Palmares. O raciocínio que ele faz para concluir pela homossexualidade de alguém é mais uma evidência de seu refinamento teórico. Ele acha que Cristo, por exemplo, muito provavelmente era gay. E explica assim: “Ele era delicado com as crianças, sensível aos lírios do campo e nunca se casou. Parece até que tinha um caso com João Evangelista”.
A irresponsabilidade intelectual de Mott, um “professor” (Deus meu!), não é recente. Ele elaborou uma lista de supostos 100 gays VIPs do Brasil. Este senhor não precisa de fonte, de pesquisas, de nada. Basta-lhe a afirmação desairosa de alguém sobre um desafeto e pronto! Uma carta gentil a um amigo ou uma amiga é o suficiente para que decrete: “É gay”. Até as primeiras décadas do século 20, era comum, em Portugal e no Brasil, que amigos se despedissem em missivas com um “Do teu… Fulano de Tal”. Mott veria coisa ali… É assim que os poetas Olavo Bilac e Álvares de Azevedo entraram na lista. Também Dom João VI e Dona Leopoldina. Ou Zumbi do Palmares. O raciocínio que ele faz para concluir pela homossexualidade de alguém é mais uma evidência de seu refinamento teórico. Ele acha que Cristo, por exemplo, muito provavelmente era gay. E explica assim: “Ele era delicado com as crianças, sensível aos lírios do campo e nunca se casou. Parece até que tinha um caso com João Evangelista”.
Esse cara dá aula! É doutor em antropologia! Mesmo com essa ignorância, como direi?, alastrante!
De novo, Abramovay
Como é que se salta de Mott a Pedro Abramovay, o chefão no Brasil do site de petições Avaaz? Eu explico. Esse petista, ex-secretário nacional de Justiça, é hoje o comandante de uma organização que promove linchamentos online de quem lhe der — e a seu grupo — na telha. Concedeu ontem uma entrevista ao Estadão. Uma entrevista dos tempos modernos: fala o que bem quer, mesmo os maiores absurdos, e não precisa se explicar. Como comandou a petição contra Renan Calheiros, então pode se fingir de promotor do bem público.
Como é que se salta de Mott a Pedro Abramovay, o chefão no Brasil do site de petições Avaaz? Eu explico. Esse petista, ex-secretário nacional de Justiça, é hoje o comandante de uma organização que promove linchamentos online de quem lhe der — e a seu grupo — na telha. Concedeu ontem uma entrevista ao Estadão. Uma entrevista dos tempos modernos: fala o que bem quer, mesmo os maiores absurdos, e não precisa se explicar. Como comandou a petição contra Renan Calheiros, então pode se fingir de promotor do bem público.
O Avaaz
recebeu petições, por exemplo, contra os pastores Silas Malafaia e Marco
Feliciano, mas recusou as petições a favor de ambos. A organização tem
bastante dinheiro — tanto que já encomenda pesquisa ao Ibope e conta com
braços em Brasília. Ele não conta quanto isso custa. Diz não saber. Ele
revelou como funciona a coisa. Leiam (em vermelho)
A
Avaaz deleta alguns abaixo-assinados, como um proposto em defesa do
pastor Silas Malafaia. Qual o critério para deletar ou bloquear algumas
petições?
Abramovay - O critério mais utilizado, e foi o caso da petição do Malafaia, que se tornou um caso bastante conhecido, é quando alguém da comunidade reclama. Porque a gente vê a Avaaz como um movimento, não é uma rede social, não é um espaço neutro, ela é um movimento que tem princípios. Quando uma parte dessa comunidade diz que essa petição vai contra o princípios do movimento, a gente faz uma pesquisa entre os nossos membros, perguntando, para uma amostra aleatória e por critérios cientificos, se isso representa a vontade dos membros. A gente tem três milhões de membros no Brasil, e pergunta: Vocês acham que essa petição deve continuar ou deve ser retirada? No caso do Malafaia, 77% das pessoas disseram que ela deveria ser retirada, e foi por isso que ela foi retirada.
Mas se a maioria decidisse que a petição teria que ficar, ela ficaria?
Fica.
O
Malafaia, assim como o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), atual presidente
da Comissão de Direitos da Câmara, disseram que vão processar vocês por
terem apagado a petição deles.
Isso mostra que de fato essas
manifestações têm tido um efeito político grande, isso é positivo. Mas
acho que qualquer tentativa de se reprimir, judicialmente ou não,
movimentos políticos, acho que é muito complicado para a democracia. De
qualquer maneira, a Avaaz está muito tranquila, existem regras claras na
política da publicação e retirada de petições que estão no site. Do
ponto de vista do risco jurídico, a gente não vê nenhum risco nessa
forma de conduzir esse movimento (…).
Voltei
Mott é professor de antropologia, e
Abramovay, de direito. Vejam que grande democrata é esse rapaz: a
“maioria” que conta para saber se alguém será ou não demonizado sem
chance de defesa é a maioria formada pela turma, entenderam? São os
juízes. Juízes que, como ele revela, não são “neutros”.
Assim,
Abramovay, que se quer a voz da sociedade — basta ler a entrevista para
constatá-lo —, não quer saber, de fato, o que pensa a maioria, mas o que
quer a maioria da minoria que ele representa. Com ela, ele mobiliza a
imprensa (como se vê), o Congresso, as redes sociais… Quisesse mesmo ser
um reflexo da sociedade, ele permitiria que as petições fluíssem sem
censura. As pessoas fariam, então, suas escolhas livremente.
Não com
ele! A “democracia” deles guarda incrível semelhança, embora sejam mais
sofisticados, com a de Hugo Chávez: fazem o que quer a “maioria”, desde
que estejam excluídos, em princípio, os adversários.
Ah, sim:
vocês notaram que, até agora, não existem mobilizações contra a presença
de João Paulo Cunha e José Genoino na Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara. Juntos, eles somam 17 anos de cadeia…
Ao comentar, peço-lhes, por favor, moderação, equilíbrio, bom senso, tudo o que esses fascistas não têm.
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