Jorge Nelson Lopes
Diante das afirmações ousadas de um ministrante de louvor batista
cremos que esse ministrante está equivocado quando este enfatiza que
Deus aceita, e até prefira, show e louvorzão. Não cremos que Deus é
silencioso ao modo aceitável de O cultuar e O louvar. Através dessa
refutação, procuramos estabelecer o culto que agrada a Deus e qual o
louvor que Deus pede. A adoração e louvor que agrada Deus na Sua casa
estão impressas na bíblia. Estão claramente afirmadas para todos que
tenham olhos para ver
.
Qual O Culto que Agrada a Deus?
O culto que agrada a Deus é aquele que vem de um coração puro
(Sl 15.1-5; I Tm 2.8). Está claro que aquele que habitara no Teu
tabernáculo e no Seu santo monte é aquele que anda com as mãos santas no
temor de Deus, e não com uma liturgia de atitude criativa que usa a
cultura de um povo como padrão. As mãos santas que devem ser levantadas
são as de um coração puro e não destes membros da anatomia em quais o
pecado habita (Rm 7.18, 23). As mãos que devem ser levantadas em oração
são as que são santas. De outra forma Deus não nos ouvirá (Sl 66.18,
“Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá”). É
melhor orar, e adorar, com um coração puro.
Pureza de coração no temor do Senhor nos levará a fazer tudo
para a glória de Deus na igreja (Pv 1.7; Ec 12.13; I Co 10.31; Ef 3.21).
O adorador temente a Deus não ousará adicionar qualquer atividade
conforme o seu coração, mas se limitará àquela adoração que a bíblia
estabeleceu como aceitável no culto da igreja. Uma atitude de temor a
Deus desprezará a criatividade oriunda do seu próprio coração naquilo
referente à adoração a Deus. Um exemplo disso é o rei Davi. Ele foi
criativo em sua forma de adoração, pois quis erguer um templo a Deus. O
desejo foi excelente mas a ação foi proibida. A idéia de adorar a Deus
foi reprovada por ele ser homem de guerra e ter derramado muito sangue
(I Cr 22.8 e 28.3). Nisso entendemos que o culto que agrada Deus não é
medido somente por um coração sincero, ou por uma atitude criativa, mas o
culto desejado por Deus é aquele baseado no ensino da Palavra de Deus. A
emoção não é espiritualidade, mas submissão à Palavra de Deus cria
aquele coração puro que é adoração aceitável.
Paulo se refere aos coríntios, como santificados em Cristo
Jesus. No entanto ele os escreve relatando os problemas deles. Esses
problemas não eram comportamentos adequados de santificados em Cristo
Jesus. Ele ensinou-os que o culto a Deus não deve ser com fornicação,
desunião ou desordem (I Co 1.1,2; 3-11; 14). Deus não aceita culto,
senão aquilo ao nível dos santificados em Cristo Jesus.
Talvez alguém, querendo celebrar louvores, decida fazer de uma
forma espetacular a adoração com programação cheia de coreografias,
músicas, instrumentos, vestimentas extravagantes, efeitos, etc. Muitos
vão gostar e apoiar esses louvores, e, de fato, acabam achando que estão
louvando a Deus. Todavia sendo o coração enganoso, poderão estar
agradando somente a carne (Jr 17.9; I Jo 2.16). Pode ser que nenhum
destes seja conhecido por Deus (Mt 7.21-23).
Não podemos ser guiados por pensamentos criativos ou
simplesmente por um coração sincero. Temos que nos limitar ao padrão
neotestamentário. A igreja não tem o luxo de legislar, mas somente
executar o que Jesus tem mandado (Mt 28.18-20). Fomos criados na imagem
de Deus e por isso, contrário aos animais, temos o poder de controlar
nossas emoções. Ser racional e controlar as emoções é fundamental quando
cultuamos a Deus (I Co 14.32, 40). Deus é tão grande que não temos todo
o conhecimento apropriado para adorar a Deus corretamente (Jó 38). Por
isso é básico que nos limitamos à Sua Palavra. Se O adoramos sendo
guiados somente pelo nosso coração, provavelmente será uma adoração
enganosa e perversa (Jr 17.9, “Enganoso é o coração, mais do que todas
as coisas, e perverso; quem o conhecerá?”). Não segue seu próprio
coração. Segue o que Jesus legislou, a bíblia.
Podemos questionar se as coreografias, louvorzão, etc., agradam a
Deus, uma vez que, além de não serem bíblicas, estas não produzem o
arrependimento, a mudança de comportamento para a santidade, e nem
promovem a edificação nas Escrituras (Ef 4.15-24). Se fossem essas
invenções modernas que balancem o corpo e estouram os timpanais e muitas
vezes aparentem que tenham origens das profundezas de espiritualidade,
se fosse realmente tudo aquilo que aparentam, por que a carne é bem
alimentada por elas e somente as emoções são exercitadas por tais
produções? Por que tais cultos não levam para maior evangelização ao
mundo pecador? Por que não prolifere o culto domestico que inclui a
leitura bíblica com a família e oração conjunta pela obra de Deus, os
sem Cristo, doentes, etc.? Por que não tais produções espetaculares e
talentosas não geram maior crescimento na graça e no conhecimento de
Jesus Cristo? Não produzem tais virtudes por não ter o alvo de admoestar
ou ensinar doutrina, algo que é primordial para qualquer renovação
correta e bíblica (Cl 3.10; I Pd 2.2). Tais virtudes serão realidades
exclusivamente pelo ensino profuso de doutrina, cantada ou pregada.
Tanto mais profuso, melhor. O Apóstolo Paulo ensinou aos da igreja em
Colossos: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a
sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos,
hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso
coração”, Cl 3.16. Portanto, se a adoração não admoesta ou ensina de
Jesus Cristo, não é agradável a Deus.
Para provar que não é permitido a cultuar a Deus segundo a nossa
“bem-intencionada” imaginação citamos um caso bíblico entre muitos.
Aquilo que o rei Davi programou, segundo o seu coração bem intencionado,
com todo um show para levar o altar para Jerusalém, foi, para ele,
recomendável e bonito. Todavia, para Deus, foi uma terrível imprudência
(II Sm 6.1-7). Para provar ainda mais essa tese que não é permitido a
Deus poderíamos falar da adoração segundo o coração de Aarão e dos
filhos de Israel. Esse show produziu um bezerro de ouro (Êxodo 32). O
culto que naturalmente sobe do coração leva à satisfação da carne. Este
não é a adoração que agradou Deus. Poderíamos falar da adoração
prestada segundo o coração de Gideão em Juizes 8.27, ou da adoração
inventiva apresentada pelo povo de Deus com o rei Acaz, uma adoração
carnal tal que tinha que ser tirada em II Reis 18.4. Todos destes casos
foram do coração e foram prestados com emoção profunda e religiosa. Mas
para Deus tudo disso foi enfado. Ele os repugnava! Poderíamos falar
também da adoração que emanaria das emoções do Apóstolo João em
Apocalipse 19.10; 22.8,9 que eram sinceras, mas levaram o apóstolo João
ser repetidamente reprovada. Se Deus desejava criatividade e coisas
novas no culto dEle, nenhum desses casos citados teriam trazidos a
pesada correção do Senhor.
Por estes exemplos bíblicos entendemos que o culto correto NÃO é
uma ATITUDE CRIATIVA feita com o maior esforço do adorador ao Deus que
TUDO merece. Por falar de merecimento, Deus não merece o culto inventivo
do homem que despreza a Sua única regra de fé e ordem, a Sua Palavra.
Pode ser que o culto que agrada Deus seja antiquado, na opinião
de alguns, mas o Espírito Santo ajuda as nossas fracas manifestações de O
adorar como Ele nos ensina na Palavra de Deus, e, pelo ministério dEle,
a verdadeira adoração chega a Deus (Rm 8.26,27).
Por Deus não mudar (Ml 3.6), o culto que O agradou na Palestina,
e na Ásia no primeiro século, agrada Ele completamente neste país sul
americana no século XXI.
Qual o Louvor Que Deus Pede?
É explicito e claro que o louvor que Deus pede é louvor
espiritual (Jo 4.23,24). Deus é Espírito. Por isso o louvor a Ele deve
ser exclusivamente espiritual. O louvor espiritual agradável a Deus
tem a sua fonte naquilo que Deus regenerou em Seu povo pela Palavra de
Deus, ou seja, no homem novo (I Pd 1.23). É esse espírito, ou homem
interior, que deleita-se na lei de Deus (Rm 7.22). É esse espírito, ou
homem novo, que canta ao Senhor com graça, admoestação e doutrina em
salmos, hinos e cânticos espirituais (Cl 3.10, 16). É este louvor
espiritual, oriundo do homem novo, que o apóstolo Paulo instruiu na sua
carta aos coríntios: “Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também
orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei
com o entendimento.”, 1 Coríntios 14.15. É este o louvor e adoração que
Deus pede.
Qualquer tradição que é bíblica não pode ser mudada sem
desviar-se da bíblia. Para reforçar o ensino aos Tessalonicenses, o
apóstolo Paulo, pela inspiração do Espírito Santo deixou registrado:
“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram
ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” - II Ts 2.15. O
louvor usando os hinos, taxados como liturgia repetitiva, e, portanto,
desprezível, por este ministrante batista de louvor, tem que ser
afirmado que o hino é um louvor bíblico e, portanto, recomendável e
aceitável. O Salmista, o próprio Jesus, e os Apóstolos incluíam os hinos
nos louvores deles. Observe os seguintes versículos:
Salmista: “E pós um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso
Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR”, Salmos 40.3.
Se o Cristão quer louvar o seu Deus corretamente, cantará hinos. Essa
musica é nova, não no sentido de moderna, mas no sentido de diferente,
diferente daquela anteriormente cantada pelo salmista na sua vida
anterior e pecaminosa. Sendo feito uma nova criatura em Cristo, tudo se
faz novo (II Co 5.17). O que saiu do homem novo gerado pelo Espírito
Santo foi um hino!
Jesus: “E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das
Oliveiras.”, Marcos 14.26. Se o seu desejo, ou o desejo da sua igreja é
de conformar à imagem de Cristo, cante hinos nos cultos!
Apóstolos: “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e
cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam”, Atos 16.25. Se
desejes seguir o exemplo neotestamentário, cante hinos, na aflição ou
até em praça pública e lugares onde os ímpios predominam! Hinos ensinam
verdades de Deus, de Cristo, da salvação, do arrependimento, da fé
verdadeira, da esperança abençoada da vida no porvir, etc.
O Espírito Santo inspirou o ensino da necessidade e dever de usar hinos.
Espírito Santo: “A palavra de Cristo habite em vós
abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns
aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao
Senhor com graça em vosso coração”, Colossenses 3.16. Se quiser louvar a
Deus na maneira que o Espírito Santo ensinou, cante hinos junto com os
salmos e cânticos espirituais. Uma observação: Cânticos espirituais não
são cânticos emocionais. Cânticos espirituais são a expressão do homem
novo com admoestação e doutrina. Apesar do povo latino identificar-se
com emoções expressadas com gritaria, abraços apertados, gargalhadas
abertas, tudo na maior transparência e inibição, o louvor que Deus pede
não é cultural mas do homem novo. Portanto, é espiritual. Este homem
novo renova e identifica-se com o conhecimento maior e doutrinário de
Cristo Jesus no culto reverente e com a maior ordem.
Deus não muda de cultura em cultura. Ele nunca pede gritaria
(Ef 4.31), o levantar das mãos físicas (mas das santas, I Tm 2.8),
danças sensuais (Mt 6.24; I Jo 2.16) ou palmas nas igrejas (Hc 2.20).
O louvor que Deus pede não é feita com sentimentos profundos que
manifestam-se com giros e gestos corporais ou musica alta e rítmica
apenas por ser num lugar religioso (“nem neste monte nem em Jerusalém”,
Jo 4.21) O louvor que Deus pede é através aquilo que Deus gerou nos Seus
pelo Seu Espírito Santo, ou seja, o espírito regenerado (Ef 2.1-10).
Este louvor se expressa com reverencia e ordem na Sua casa (Hc 2.20; I
Tm 3.15).
Pode ser que muitos tenham dificuldade ou de adorar Deus em
espírito ou de gostar de mortificar a carne na adoração por não possuem
tal homem interior que deleita-se na lei de Deus. Na face do desgosto de
uns para com o louvor que Deus pede e por ter um gosto daquele louvor
que é abominação, só existe uma mensagem: “Arrependei-vos e crede no
Evangelho” (Mc 1.15).
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