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terça-feira, 16 de outubro de 2012

JESUS E A FUNDAÇÃO DA IGREJA (Aula)



Por Joelson Gomes
(Prof. de História da Igreja no Seminário Congregacional em João Pessoa/PB).



A principal fonte sobre Jesus são os quatro evangelhos canônicos. Estas fontes são as que mais nos dão informações sobre o Jesus histórico.
Três dos evangelhos canônicos (Mateus, Marcos e Lucas) são conhecidos como sinóticos devido às suas semelhanças. Embora Mateus apareça em primeiro lugar no Novo testamento, acredita-se atualmente que Marcos foi o primeiro a ser escrito. É aceito também que Mateus dirige-se a uma audiência judaica, e Lucas aos gentios, ambos parecem ter usado Marcos como fonte, possivelmente numa versão inicial. João, por seu lado, é uma produção que apresenta dizeres de Jesus Cristo na forma de discursos que difere um pouco do que contam os outros três.
De acordo com alguns historiadores, estes textos foram escritos entre setenta a cem anos após a morte de Cristo. Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período de pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos em que convergem os trabalhos hermenêuticos dos historiadores para desvendar a vida de Jesus.[1]
A pergunta é: esses documentos são confiáveis? Sim. Os evangelhos não podem ser colocados em dúvida sem que se perca a confiança em todos os escritos da antiguidade clássica. Pois, os evangelhos têm mais provas documentais que qualquer outro escrito antigo. 


Os Evangelhos são confiáveis?

O N.T. que possuímos hoje é um dos textos antigos mais preservados da história. Diante de outros escritos antigos o Novo Testamento leva vantagem de longe.  B. P. Bittencourt diz o seguinte:

O Novo Testamento leva grande vantagem quanto ao tempo que separa suas primeiras cópias manuscritas dos respectivos autógrafos. Possui o Novo Testamento cópias completas dentro do quarto século, menos de 300 anos de seus originais. Os papiros descobertos por Chester Beatty (P45, P46 e P47), estão dentro da primeira metade do terceiro século. Recuando mais, temos a coleção de papirus Bodmer (P66, P72 e P74), sendo que P66 recua o estudante a cerca do ano 200. O P52, na John Rylands Library, de Manchester, Inglaterra, leva-o ao ano 125 e, como se trata do texto do Evangelho de João, representa cópia dentro dos trinta anos próximos da produção dos autógrafos. Não se dá o mesmo com os clássicos gregos e latinos, embora estes últimos estejam em melhor situação que aqueles. A cópia mais antiga que existe de Sófocles foi escrita 1.400 anos depois da morte do poeta. Ésquilo e Tulcídides estão nas mesmas condições. O intervalo entre a obra de Eurípedes e o manuscrito mais antigo existente é de 1.600 anos. Para o grande Platão o intervalo é de 1.300 anos. Entre os latinos, enquanto em Catulo o intervalo é de 1.600 anos e para Lucrécio de 1.000, Terêncio e Lívio reduzem-no para 700 e 500 anos respectivamente. Só Virgílio se aproxima do Novo Testamento, pois há um manuscrito seu do quarto século, quando o autor faleceu em 8 a.C.[2]

 
 1) Testemunhos diretos

Os manuscritos existentes do N.T. são mais de 2.500, dos quais 266 são unciais (maiúsculos). Acrescenta-se ainda a estes manuscritos 84 papiros. Vamos olhar os mais importantes.

1-      Códices (era o livro primitivo, parecido como o conhecemos hoje) maiúsculos (unciais) mais importantes.
a)      Códice Vaticano- Está na biblioteca do vaticano, contém A.T. (versão LXX), e o N.T. com lacunas; é do séc.IV.
b)     Códice Sinaítico- Está no British Museum de Londres contém o A.T. e o N.T.; é do séc.IV.
c)      Códice Alexandrino- Está no British Museum , contém o A.T. e o N.T.; é do séc.V.
d)     Códice Palimpsesto- Está na Biblioteca Nacional de Paris,  contém o A.T. com lacunas; é do séc.V.
e)      Códice Beza- Está na Universidade de Combridge, contém os Evangelhos e Atos; é do séc.V.
f)       Códice Cleromontano- Está na Biblioteca Nacional de Paris, contém as cartas de Paulo; é do séc.V.[3]


2-Papiros mais importantes.

·         P 52. É o mais antigo manuscrito conhecido do N.T. descoberto no Egito, é da primeira metade do século II. Contém João 18:31-33, 37-38. Está na John Rylands Library (Manchester, Inglaterra).
·         P 45, P46, P47. São chamados papiros Chester Beatty. O P46 é composto de 46 folhas e reproduz as cartas de Paulo. O P47 com 10 folhas contém Ap.9:10-17: 2. Estão arquivados em parte na Biblioteca Chester Beatty (Dublin, Irlanda)e outra parte na Universidade de Michigan (EUA). Estes textos são da metade do século II, ou talvez antes.
·         P 66, chamado papiro Bodmer II. Escrito em torno do ano 200, contém quase a totalidade de Jo.1-14, e fragmentos dos capítulos seguintes
·         P 75.  Chamado papiro Bodmer XIV, XV. Escrito no início do séc.III, contém grande parte de Lucas e dos primeiros 15 capítulos de João. Hoje na Biblioteca do Vaticano, Roma.
·         P 72. Chamado papiro Bodmer VI-VIII. Escrito nos séculos III e IV, contém o texto mais antigo encontrado até hoje da carta de Judas, e das duas cartas de Pedro.[4] Estes papiros encontram-se na Biblioteca de Literatura Mundial (Cologny, Genebra).


Por aqui você vê que essa história de que os manuscritos bíblicos foram alterados ao longo da história, que não se pode confiar na Bíblia, que os manuscritos bíblicos estão escondidos no Vaticano, é tudo invenção. O Museu do Vaticano nunca teve e não tem todos os mais importantes manuscritos, eles estão espalhados em vários museus, e em vários lugares. São abertos a qualquer estudioso que quiser comprovar a realidade dos mesmos. A Palavra de Deus é e continuará sendo fiel, confiável e verdadeira.


A História fora dos Evangelhos.

Cristo foi um personagem histórico? Podemos acreditar nisso? São os Evangelhos uma invenção da Igreja?
 Se pudermos provar que o Jesus dos Evangelhos é o mesmo que o Jesus da Igreja, temos agora que provar que os Evangelhos correspondem a uma verdade histórica e que esses textos não foram inventados.
A esta questão legítima, vamos responder primeiro pela confirmação da historicidade de Jesus e dos primeiros discípulos a partir dos escritores da época:
Historicamente, Jesus é situado de uma forma bastante precisa pelos historiadores e escritores exteriores à Igreja, ao longo dos primeiros séculos da nossa era, quer sejam historiadores romanos ou judeus, quer sejam outros escritores da época. Observe:


a) Josefo (c. 37- c. 100 d. C.)- Era um historiador judeu, uma das referências mundiais para a história dos judeus, veja o que ele escreve:

{Ananias sacerdote} Convocou então uma reunião do Sinédrio e trouxe perante ele um homem chamado Tiago, o irmão de Jesus, chamado Cristo, e alguns outros. Ele os acusou de transgredir a lei e o condenou-os ao apedrejamento.[5]


b) Plínio, este era o protetor da Judéia, da Bitínia e do Ponto, na Ásia Menor. Ele escreveu ao imperador Trajano, cerca de 112 d.C., pedindo orientação de como tratar os cristãos. Em sua carta ele chega a dizer que eles entoavam uma canção a Cristo como para um Deus.

Eles afirmaram [...] que sua única culpa, seu único erro, era terem o costume de se reunirem antes do amanhecer num certo dia determinado, quando então cantavam responsivamente os versos de um hino a Cristo, tratando-o como Deus, e prometiam solenemente uns aos outros não cometerem maldade alguma, não defraudaram, não roubarem, não adulterarem, nunca mentirem, e não negar a fé quando fossem instados a fazê-lo.  


b)     Tácito (55-117 d.C.)- Tácito foi o mais importante historiador romano do século I. Ele é o autor do famoso “Anais do Império Romano”, e em sua obra ele liga a história dos cristãos a um certo Cristo que sofreu a morte por sentença de Pôncio Pilatos. Veja o que ele diz:

...Para acabar com os rumores {Nero} acusou falsamente as pessoas comumente chamadas de cristãs, que eram odiadas por suas atrocidades, e as puniu com as mais terríveis torturas. Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o problema teve inicio, mas também por toda a cidade de Roma. [6]

 
c)      Suetónio, outro escritor romano, por volta do ano 120, na obra Vida dos Doze Césares, faz de certo "Chrestus" o instigador das perturbações entre os judeus que habitavam em Roma em 48, no tempo do imperador Cláudio, que os teria expulsado.[7] Esta informação bate precisamente com o que está escrito em At. 18.2, e Chrestus é na realidade uma variação de Cristo. Assim, o historiador aceita o fato de um grupo de seguidores de Cristo em roma como a Bíblia atesta. Além disso Suetônio mostra que Nero perseguiu os cristãos infligindo-lhes malstratos.[8]


Assim, tanto o NT, quanto a História dão conta da existência concreta de Jesus Cristo objeto da fé da Igreja. Nenhum historiador honesto pode colocar isso em dúvida.


NOTAS

[1] Para detalhes sobre os evangelhos veja: MAUERHOFER, Erich. Uma Introdução aos Escritos do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2010.  pp. 67-268
[2]  BITTENCOURT, P. B. O Novo Testamento, 3ª Ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1993. pp. 61-62.
[3] Vd.: Vademecum para o Estudo da Bíblia (São Paulo: Paulinas, 2000).  pp. 173-174.
[4] Para todo este assunto veja: Vademecum para o Estudo da Bíblia, pp. 174-175; Para todo este assunto da confiabilidade da Bíblia veja o já citado BRUCE, F. F. Merece confiança o Novo Testamento? (2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 1999); McDOWELL, Josh. Evidência Que Exige um Veredito v.2, 2ª ed. (São Paulo: Candeia, 1997). E para uma extensa lista de manuscritos e Códices, com sua localidade e datas veja: BITTENCOURT, P. B. pp. 70-92.
[5] STROBEL, Lee. Em Defesa de Cristo. São Paulo: Vida, 2001. p. 102.
[6] TACITUS. The Annals of Imperial Rome. New York: Barnes & Nobles Books, 1993. p. 365.
[7] SUETÔNIO. A Vida dos Doze Césares. São Paulo: Martin Claret, 2006. p. 263.
[8] Ibid, 290.

4 comentários:

Gercino Azevedo disse...

ÓTIMA MENSAGEM UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DA IGREJA DE JESUS CRISTO, MUITO INTERESSANTE E CONFIÁVEL!

Gercino Azevedo disse...

HISTÓRIA DA IGREJA MUITO INTERESSANTE!

Lúcy Jorge disse...

Que belo trabalho, o amor está presente na totalidade de suas postagens, trazendo edificação ao Corpo de Cristo.
Retornarei em breve...

Parabéns!!!

Caso ainda não esteja seguindo o meu blog, deixo aqui o convite:
http://frutodoespirito9.blogspot.com/

Afetuosamente,

***Lucy***

P.S. Visite também;
http://discipulodecristo7.blogspot.com/
Temas Bíblicos e mensagens abençoadoras.

Alzicleide disse...

A paz do Senhor Pastor Joelson, existe algum lugar em seu blog onde posta suas pregações? se positivo gostaria de ter o link. Foi muito boa sua pregração no domingo pela manhã(dia das mães), gostaria de ter aquele sermão, fiquei meditanto junto com meu esposo durante toda a semana. Que Deus continue abençoando sua vida e de sua família.

NÃO PARE AQUI VÁ PARA OS TEXTOS MAIS ANTIGOS.