“A minha alma apega-se a ti: a
tua destra me ampara“ (Sl 64:8)
Procuramos a Deus porque, e
somente porque, Ele primeiramente colocou em nós o anseio que nos lança nessa busca.
“Ninguém pode vir a mim”, disse o Senhor Jesus, “se o Pai que me enviou não o
trouxer a mim” ( Jo 6:44), e é justamente através desse trazer proveniente, que
Deus tira de nós todo vestígio de mérito pelo ato de nos achegar-mos a Ele. O
impulso de buscar a Deus origina-se em Deus, mas a realização do impulso
depende de O seguirmos de todo o coração. E durante todo o tempo em que O
buscarmos, já estamos em Sua mão: “… o Senhor o segura pela mão”. (Sl 37:24).
A doutrina da justificação pela
fé – uma verdade bíblica, e uma bênção que nos liberta do legalismo estéril e
de um inútil esforço próprio – em nosso tempo tem-se degenerado bastante, e
muitos lhe dão uma interpretação que acaba se constituindo um obstáculo para
que o homem chegue a um conhecimento verdadeiro de Deus.
O milagre do novo nascimento está
sendo entendido como um processo mecânico e sem vida. Parece que o exercício da
fé já não abala a estrutura moral do homem, nem modifica a sua velha natureza.
É como se ele pudesse aceitar a
Cristo sem que, em seu coração, surgisse um genuíno amor pelo Salvador.
Contudo, o homem que não tem fome nem sede de Deus pode estar salvo? No
entanto, é exatamente nesse sentido que ele é orientado: conformar-se com uma
transformação apenas superficial.
É uma tragédia que, nesta época
de trevas, deixemos só para os pastores e líderes a busca de uma comunhão mais
íntima com Deus.
Agora, tudo se resume num ato
inicial de “aceitar” a Cristo (a propósito, esta palavra não é encontrada na
Bíblia), e daí por diante não se espera que o convertido almeje qualquer outra
revelação de Deus para a sua alma. Estamos sendo confundidos por uma lógica
espúria que argumenta que, se já encontramos o Senhor, não temos mais
necessidade de buscá-lo.
Quando o Senhor dividiu a terra
de Canaã entre as tribos de Israel, a de Levi não recebeu partilha alguma. Deus
disse-lhe simplesmente: “Eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos
de Israel” (Nm 18:20), e com essas palavras tornou-a a mais rica que todas as
suas tribos irmãs, mais rica que todos os reis e rajás que já viveram neste
mundo. E em tudo isto transparece um principio espiritual, um principio que
continua em vigor para todo sacerdote do Deus Altíssimo.
O homem, cujo tesouro é o Senhor,
tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam
negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais
coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe
acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará
sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em
Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se
importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma
pessoa Deus de maneira pura, legítima e
eterna.
___________________
* Partes extraídas do livro “O
Melhor de A. W. Tozer” da Editora Mundo Cristão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário