Texto Base: At. 4.1-12
Texto áureo: “...pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”
(At. 4.20).
Objetivo da Lição: Ao término
da lição o aluno deverá conhecer a motivação da Igreja missionária em Atos dos
apóstolos, compreender a sua consciência missionária, e refletir nesse exemplo
para missões hoje.
A Bíblia na Semana
Seg. At. 3. 1-10
Ter. At. 3.11-26
Qua. At. 4.23-31
Qui. At. 18. 1-11
Sex. At. 10. 34-43
Sáb. At. 15.36-41
Dom. At. 4. 1-12
INTRODUÇÃO
Na lição anterior pudemos ver
como Jesus Cristo fazia missões e como Ele orientava seus discípulos também
nesta obra. Nesta lição como uma continuação necessária vamos estudar a prática
missionária da Igreja Primitiva. O
relato autorizado destes fatos nos foi deixado pelo médico Lucas no livro de
Atos. Nesta obra o doutor e companheiro de Paulo em algumas caminhadas de
pregação, nos conta como a Igreja cumpria sua missão, e como se desenvolvia a
partir desse trabalho missionário.
Acreditando que o melhor método
de fazer o serviço de Deus é o que Ele mesmo ensina, vamos observar os
primeiros cristãos, que dirigidos por Ele e no poder do Espírito Santo,
espalharam o evangelho e invadiram boa parte de seu mundo (At. 5.28; 6.7;
17.6), mesmo sem ter a tecnologia e os recursos de hoje.
Será que esses cristãos tinham
algum segredo? O que e como eles pregavam para fazer tanto sucesso? Vamos
descobrir.
I-
O poder para missões
a)
Eles pregavam no poder do
Espírito. O livro
de Atos dos apóstolos mostra de saída algo que tem passado despercebido no
mundo cristão atual: a função do poder do Espírito Santo. Procura-se sinais e
poder na igreja atual sem notar que esse poder foi concedido justamente com o
objetivo missionário (At. 1.8). Os dons e poder do Espírito segundo o relato de
Atos são recebidos e usados para o impulso da obra de missões, não para
demonstrações gratuitas, rivalidades, ou autopromoção (Veja: At. 2.1-4, 14ss;
3.1-8, 11-4ss; 4.8-10, 31; 6.3-8; 7.1-2ss; 8.4-8; 9. 40-42; 13.9-12; 18.24-28;
19.11-20). É claro pela leitura que a ousadia dos missionários vinha do
Espírito.
b)
Eles pregavam na dependência do
Espírito Santo.
Outra coisa que é bem presente nos relatos missionários da Igreja Primitiva é
que além de necessitar do poder do Espírito, ela era completamente dependente
dEle. Quando Jesus diz que a Igreja seria missionária, também diz que só seria
após o recebimento do batismo com o Espírito (Lc. 24.45-49; At. 1.5,8). Assim,
o Senhor coloca a obra de missões em direta dependência do Espírito; sem Ele
não haveria missões (Veja: At. 4. 24-31).
c)
Eles faziam sinais e prodígios. O relato de Atos também mostra
que a pregação do evangelho era permeada de sinais e prodígios. Isso porque o
evangelho não é só palavras, também é experiencial. D. Martyn Lloyd-Jones
escreve:
Alguns só dão
ênfase a “Palavra”; são os intelectuais. “Ah”, dizem eles; “nada importa senão
a Palavra”. Passam o tempo lendo e estudando e se tornam autoridade em teologia
e em doutrina. O resultado é que se tornam orgulhosos em seu grande
conhecimento, e podem conquistar admiração de outros, que se juntam a eles, mas
isso nada é senão uma pequena sociedade de admiração mútua. Ninguém é
convertido; ninguém é convencido do pecado- cabeças lotadas de conhecimento e
entendimento- inutilidade!
(Cristianismo Autêntico, vl. 2. p.
260).
O Espírito e a Palavra sempre
devem andar juntos. Esta é a regra do NT. Palavra sem o Espírito gera
intelectualismo árido e insuportável; Espírito sem a Palavra gera fanatismo
anticristão. O modelo da Igreja era dependência do Espírito e evidências do Seu
poder para anunciar a Palavra. Devemos ter nossa fé renovada a cada dia e orar
para que o Espírito de Deus continue usando os anunciadores do evangelho com
sinais e prodígios, era assim que a Igreja do NT fazia missões.
Os sermões de Atos falam da graça
incansável de Deus e a necessidade de responder-lhe pela conversão do coração
(2.38; 3.19; 5.31; 10.43; 11.18; 13.38-39; 16.30-31; 20.21; 26.18-20). A
mensagem de salvação também é proclamada pelo ministério de cura da comunidade,
como o foi para Jesus (2.42; 3.1-10; 5.12-16; 9.32-35,36-42; 14. 3, 8-10; 16.
16-19) (Timóteo
Carriker. O Caminho Missionário de Deus,
pp. 231-232).
II-
A Consciência Missionária.
Algo que salta aos olhos quando
estudamos a história da Igreja em Atos é a consciência missionária dos cristãos
da época. Se temos uma frase para resumir o que aqueles crentes faziam, é que
eles pregavam. Pregavam ao ponto de incomodar até as autoridades (At. 4.1-4;
5.17-33). Não eram a maior religião da região, não eram muitos, nem ricos, mas
fizeram uma grande obra em Jerusalém e vizinhança, de modo que os quase 3.000
do inicio (At. 2.41), já são quase 5.000 em Atos 4.4, e cresce de novo em Atos
5.14, e continuam crescendo em Atos 6.1
e 9.31. Os missionários são itinerantes e pregam diante de tudo.
a)
Eles pregam na bonança.
Nos momentos bons, sem perseguição, o que foram poucos, a Igreja pregava.
Aproveitavam os bons dias para espalhar a mensagem já que não tinham
impedimentos e com isso a Igreja crescia ainda mais (At. 9.31).
b)
Eles pregavam na perseguição.
A coragem dos missionários é latente. Diante das perseguições das autoridades
religiosas da época não tinham medo, mas coragem. Os apóstolos perseguidos
pregavam (At. 5.17-41). Estevão preso pregava (At. 6. 12-7.6); os cristãos da
Igreja em Jerusalém sofrem grande perseguição, mas como resposta pregam (At.
8.1-4); o apóstolo Paulo viaja e sofre perseguição em vários lugares mas
continua a pregar (At. 13. 49-14.1-7, 19-21; 16. 16-17.3; 18.12-19; 19. 23-31;
20.1-7; 21. 30-22.1; 23. 1-11; 24. 10-21, 24; 26. 1-29; 28. 17-31). Nada os
parava.
c)
Eles pregavam diante dos problemas cotidianos. Os problemas do dia a dia como desentendimentos na
igreja e pessoais não eram motivo para que os missionários parassem a obra. Em
Atos 6.1-4 temos um problema entre irmãos na comunidade, a liderança escala
algumas pessoas para resolver e continuam no ministério da Palavra. Em Atos 15.
36-41 acontece uma discussão séria entre os missionários Paulo e Barnabé, mas o
que poderia ser motivo para atrapalhar a missão serve de estratégia. Eles dois
faziam junto uma frente missionária, após a discussão se separam e criam duas
frentes missionárias. Problemas aparecem, mas não podem atrapalhar a missão. A
consciência missionária desses irmãos estava acima de tudo, nada os tirava do
foco.
III-
O conteúdo da pregação
Alguns aspectos da pregação dos
missionários em no NT devem ser notados; o jeito de levar a mensagem e o
conteúdo que ela deve observar.
a)
De quem é a mensagem. O missionário parte com um
livro de onde tira sua mensagem: a Bíblia.
Nossa mensagem vem da Bíblia. Mas
quando buscamos na Bíblia a nossa mensagem, imediatamente nos confrontamos com
um dilema. De um lado, a mensagem nos é dada. Não temos permissão de
inventá-la; ela nos foi confiada como um “depósito” precioso, que nós, como
servos fiéis, devemos guardar e distribuir à cada de Deus (1Tim. 6:20; 2Tim. 1:12-14;
2Cor. 4.1-2) (John Stott. A Bíblia na
Evangelização do Mundo, em Missões
Transculturais, p. 3).
Por isso grande parte dos sermões
registrados em Atos são todos baseados na Palavra de Deus e citam muitos textos
do AT (At. 2. 14-40; 3.12-26; 4.5-12; 7.2-53; 13.16-41; 15.13-21; 28.17-29). A
mensagem pode ser transmitida de várias formas, mas nunca trocada ou
adulterada.
b)
O que diz a mensagem. Os missionários do NT também
são convictos que os temas da missão são cristocêntricos. Jesus deveria sofrer
e ressuscitar, mostrando o que Deus faz para redimir o pecador. O
arrependimento e a expiação dos pecados devem ser pregados às nações em nome de
Cristo. Esta doutrina do perdão é uma das fundamentais no cristianismo. Cristo
como Filho de Deus, libertador, encarnado, crucificado, ressuscitado, juiz e o
único objeto da fé para a salvação, eram os temas revividos pelos pregadores na
caminhada missionária no NT (At. 2. 14-36; 4.8-12; 7.1-53; 10. 34-43).
...essa é a mensagem cristã: que
todos nós precisamos ser libertados da culpa, da escravidão, do poder e do
cativeiro do pecado, e que é unicamente Cristo que pode libertar- nos. Esse é o
plano de Deus, determinado e visado antes da criação do mundo (D. Martyn Lloyd-Jones. Cristianismo Autêntico, vl. 1, p. 64).
CONCLUSÃO
Eis o segredo da força que a
Igreja Primitiva tinha em fazer missões. Quando olhamos com atenção notamos que
não é algo escondido, um conhecimento especial que só eles tinham. Não eram
métodos atrativos especiais, ou técnicas hollywoodianas. Eles tinham uma
diferença sim, mas era poder e consciência do seu dever.
Aqueles cristãos sabiam que o Reino
de Deus irrompeu na história; sabiam quem a agência de propagação desse reino
era a Igreja, e eles foram estabelecidos para isso. Não poderiam ser contra sua
própria natureza. Aqueles cristãos tinham um Mestre, e seu mestre havia dito
que enquanto estivessem aqui proclamassem seu evangelho, fossem suas
testemunhas. Assim, a razão de existirem era pregar, não poderiam fazer outra
coisa (At. 4.20). Sabiam que teriam o maior poder do mundo com eles, o poder do
Espírito Santo.
A Igreja moderna não faz missões
como deveria porque não sabe quem é, ou para que está aqui; não conhece o poder
do Espírito Santo, nem o seu objetivo, por isso qualquer coisa tira o foco.
Cabe a cada um de nós arrependimento, busca do
poder de Deus e disposição para cumprir a missão. Deus continua o mesmo,
poderemos dizer o mesmo de seus missionários hoje? Que o Senhor nos levante.
Aprofundando
1-
Em
que aspectos o Espirito era importante na pregação da Igreja de Atos?
2-
Como
os cristãos primitivos demonstram sua consciência missionária?
3-
O
conteúdo da pregação pode ser negociado?
4-
O
que chamou sua atenção na lição de hoje?
_________________
Lição publicada na edição n° 10 da revista para Escola Dominical da Editora Aliança, da Aliança Congregacional. Pedidos: derp.contato@gmail.com
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