Texto
Base: Mt. 18. 15-20
Texto
áureo: Mt. 15.
19-20
Objetivo
da Lição: Ao término da lição o aluno deverá saber os
principais sistemas de governo de igreja, demonstrar o congregacionalismo no
Novo Testamento e sugerir como se deve viver o congregacionalismo hoje.
A
Bíblia na semana:
Seg.Mt.
18. 15-20
Ter. 1Co.
5.1-5
Qua. At.
15. 1-11
Qui.At.
15. 12-21
Sex.At.
15. 22-29
Sáb.At.
6. 1-7
Dom.1Pd.
5.1-4
INTRODUÇÃO:
Governo da igreja: será
importante tratar desse assunto, já que hoje a grande maioria das pessoas nem
têm conhecimento, ou não dá atenção a esse tema em suas vidas cotidianas?
Sabe-se que muito poucas pessoas estão preocupadas com o sistema de governo que
sua igreja local adota; sabe-se também que até muitos pastores têm uma longa
caminhada em diversos sistemas. Alguns foram de uma igreja episcopal, passaram
para uma presbiteriana, depois para uma congregacional, e voltaram para uma
episcopal, e assim vai; o que mostra pouca ou nenhuma convicção a respeito.
Você já se preocupou em entender
o sistema de governo de sua igreja? Sobre esse assunto Calvino escreveu:
Se todas as coisas devem ser
feitas com ordem e decoro nas assembleias cristãs (1Co. 14.40), então nenhum
assunto deve ser com maior diligência cuidado do que a constituição do governo
eclesiástico, pois nada é mais perigoso que algo gerido na desordem (Institutas
IV. 3,10).
Portanto, o assunto é da máxima
importância sim, e devemos compreedê-lo para que tenhamos melhores igrejas locais
se dirigindo da forma como a Bíblia prescreve, e sejamos melhores membros
sabendo nosso papel na organização de nossas comunidades.
I-
Os principais sistemas de governo
eclesiástico.
Os sistemas de governo pelos
quais as igrejas locais hoje se dirigem podem ser divididos em três:
a) Espiscopal- Como a própria palavra sugere
os bispos (episcopos em grego) têm a
importância máxima nesse sistema. entendem que Deus designou o cuidado da
igreja local a um colégio de bispos, que seriam descendentes dos apóstolos numa
sucessão episcopal direta.
Nessa ordem arcebispo governa
bispo, bispo governa sacerdote, sacerdote governa igreja.
b) Presbiteriano- nesse sistema a igreja local
elege presbíteros formando um Conselho. O pastor também é entendido como um
presbítero membro do conselho, tendo a mesma autoridade dos outros, e juntos
dirigem a igreja local. Numa instância maior, os membros deste conselho são
também membros de um Presbitério em nivel regional, com autoridade sobre
diversas igrejas locais de uma região. Não é obrigatório que este presbitério
consista de todos os presbíteros das igrejas locais sob as quais governa. E em
última instância, os membros deste presbitério fazem parte do Supremo Concilio
que tem autoridade sob as igrejas presbiterianas daquele país. Para apoiar este
sistema são usados textos como: 1Ts. 5.12-13; Hb. 13.7, onde parece haver uma
classe de pessoas que lideram a igreja local.
Assim nesse sistema o Supremo Concilio governa
o Presbitério, o Presbitério governa o Conselho, o Conselho governa a igreja
local.
c)
Congregacional- Para dar a definição deste
sistema eu recorro a Martyn Lloyd-Jones um dos congregacionais mais famosos do
mundo:
Os congregacionais - aqueles que
crêem no sistema congregacional - afirmam que cada igreja local é uma entidade
em sí, que tem poder supremo para decidir tudo sozinha. É um agrupamento de
cristãos que crêem que o Senhor está presente e é O Cabeça da Igreja, e crêem
que, quando O buscam e O aguardam, Ele, por meio do Espírito, os guiará e lhes
dará a sabedoria de que necessitam para decidirem sobre doutrina e disciplina,
e assim por diante. A igreja local é autônoma, governa a sí própria e não
reconhece nenhuma corporação superior, seja um colégio de bispos, um
presbitério, uma assembleia geral ou qualquer outra coisa (A Igreja e as Últimas Coisas, p. 35).
Neste sistema a igreja local reunida
em assembleia, junto a seus oficiais e pastor, é o poder máximo de decisão.
Uma representação razoavel desse
sistema seria Assembleia de membros junto ao pastor e oficiais dirige a igreja
local.
II-
O governo da igreja no Novo
Testamento
Conhecendo os principais sistemas
de governo de igreja local nossa missão agora é saber qual destes têm base no
Novo Testamento. Assim, anime-se, começou agora.
a) No Novo Testamento não encontramos um
hierarquia sacerdotal piramidal dirigindo a Igreja primitiva, mas ao contrário
disso as palavras bispo, pastor e presbítero aparecem como sinônimas (At. 20.
17, 28), sem haver acentuada subordinação hierárquica de uns para com os
outros. Veja a equivalência entre presbitero e bispo em Tt. 1.5.7). Comentando
esse texto, diz a Biblia de Estudo de Genebra: “A mudança casual de “presbitero” para “bispo” mostra que Paulo entende
os dois termos como designação do mesmo ofício” (p. 1457). Assim não temos
uma hierarquia pastor sobre presbitero ou vice-versa.
b) As cartas apostólicas para as
igrejas eram dirigidas para toda a comunidade, e não para os seus lideres em
particular, como se houvesse diferenciação (Rm. 1.1,7; 1Co. 1.1-2; Ef. 1.1-2;
Fp. 1.1).
c) A comunidade cristã era ativa na
resolução de todas as situações, o poder não estava numa classe ordenada, ou
privilegiada, um clero, conselho, o pastor, ou algo assim, e isso mesmo com os
apóstolos em vida (At. 6.3; 13. 1-3; 14.21-23; 15.1-25; 1Co. 5. 1-8; 6.1-5;
16.3, onde está escrita a frase: aqueles
(homens) que aprovardes). As reuniões de membros eram o recurso usado para
resolver seus problemas. Observe por exemplo essa passagem: “Então
pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja,
eleger varões dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a saber: Judas,
chamado Barsabás, e Silas, varões distintos entre os irmãos” (At. 15.22). O
importante nesse texto é a expressão “pareceu
bem”. Aqui está a palavra grega edoxe, que era um termo técnico para
votação, ou a “aprovação de uma medida em assembleia” (Fritz Rienecker, Chave Linguistica do Novo Testamento Grego,
p. 220). Note que mesmo os apóstolos estando nesta assembleia, não houve
imposição, mas eles decidiram tudo em concordância (At. 15.25). Isto é fato no
Novo Testamento, os apóstolos não eram os chefes. Na Segunda Carta aos
Corintios Paulo sofre porque os lideres daquela comunidade não o respeitavam
(capts. 10 e 11), e o apóstolo João reclama de um certo Diótrefes que não
recebia suas cartas e ainda falava mal dele (2Jo. 9-10). Não havia um poder central
para governar as igrejas, nem o dos apóstolos era respeitado sem restrições.
d) Em 2Co. 8.19 Paulo diz que se fez
acompanhar até Jerusalém por um representante que foi eleito pelas igrejas.
Fritz Rienecker diz que o verbo cheirotoneô usado aqui tem o sentido
de: “estender a mão, votar erguendo a
mão, eleger, apontar indicar” (Chave Lingüística do
Novo Testamento Grego, p. 356). Assim, o verbo usado indica que as igrejas
o elegeram mediante votação, coisa que não é estranha a igreja do Novo
Testamento, pois elas escolhiam democraticamente seus oficiais e
representantes. Veja por exemplo At. 14.23 onde aparece novamente o verbo cheirotoneô.
e) Notamos então que não havia no
Novo Testamento um poder central que liderasse as igrejas, mas elas, reunidos
pastores, oficiais e membros, se autogovernavam, autosustentavam,
autodisciplinavam, e autopropagavam, na direção do Espirito Santo. A palavra final
não é de um líder ou conselho, mas sempre da igreja toda reunida (Mt. 18.
15-17; At. 6.2-5; 1Co. 5.1-5). É Cristo no meio da igreja reunida que dirige as
decisões (Mt. 18. 20).
Consequentemente, pelo estudo do Novo Testamento o sistema
congregacional de governo é o mais provável.
III-
Sua igreja é Congregacional?
Para responder esta pergunta é
necessário saber como este sistema de governo era vivido no Novo Testamento.
Vamos agora mostrar alguns aspectos que caracterizam uma igreja congregacional.
a) Comunhão
entre as igrejas.
Veja que mesmo não havendo igreja central ou denominação que legislasse sobre as outras igrejas irmãs, a decisão tomada na assembleia em
Jerusalém foi recomendada para as outras igrejas que já estavam formadas na
Síria, Antioquia e Cilícia (At. 15. 23). Mesmo sendo livres em suas decisões
nada impedia essas igrejas irmãs acatar o parecer dos irmãos de Jerusalém,
sendo o mesmo dirigido por Deus, vindo dos apóstolos, e a melhor solução para a
questão do momento. Foi a comunhão que levou a isso. Na primeira confissão de
fé da igreja congregacional fundada por Henry Jacob em 1616 na Inglaterra,
estava escrito:
Não obstante, reconhecemos com
todos que poderá haver, e que oportunamente deveria haver na terra uma
associação de congregações ou igrejas, a saber, por meio de sínodos. Não,
porém, uma subordinação, nem, certamente, uma sujeição das congregações a
alguma autoridade espiritual superior e absoluta, exceto a de Cristo e das Escrituras
Sagradas (Citado em: Martyn Lloyd-Jones, Os
Puritanos, suas Origens e seus Sucessores, p. 173).
E
a Declaração
de Savoy (1658) observa:
Todos os santos são obrigados a
manterem uma santa sociedade e comunhão no culto divino e na realização de outros
serviços espirituais para sua edificação mútua; bem como a assistirem uns aos
outros com coisas materiais, de acordo com suas várias habilidades e
necessidades. Esta comnhão... deve estender-se a todos aqueles que, em todo
lugar, invocam o nome do Senhor Jesus {Hb. 10. 24-25; At. 2. 42, 46; 1Jo. 3.17;
At. 11. 29-30} (XXVII, 2).
Ser congregacional não implica em
isolacionismo. A autonomia da igreja local levada ao seu limite não é
congregacionalismo. A comunhão convém aos santos, a participação em uma denominação, associação
de igrejas é marca primordial no congregacionalismo.
b)
Respeito aos lideres. Mesmo uma igreja sendo
congregacional não que dizer que todo mundo faz o que quer. Os pastores e
obreiros tem sim autoridade nas igrejas como oficiais escolhidos por Deus.
Observe:
E
agora, irmãos eu vos peço o seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas é as
primícias da Acaia, e que se consagram ao serviço dos santos); Que também vos sujeiteis a esses tais, como
também a todo aquele que é cooperador e obreiro (1Co. 16.15-16; leia também Hb.
13.17; 1Pd. 5.5).
Quando o Novo Testamento mostra isso
não diz que havia um grupo isolado que governava a igreja local, mas sim que ser
congregacional não é viver sem liderança, mas respeitar as pessoas que são
usadas por Deus para servirem como lideres nas igrejas locais.
c)
Assembleias de membros. Toda igreja na qual as decisões
são tomadas sem o voto democrático em uma assembleia de membros, por um grupo
de lideres, tenha esse grupo que nome for, não é uma igreja congregacional
mesmo que leve esse nome. No Novo Testamento não existia uma classe de
iluminados sacerdotes que governavam a igreja local, mas todos os membros
convertidos de verdade formavam o sacerdócio (1Pd. 2.9; Ap. 1.6; 5. 9-10), e
deve ser assim hoje.
Ser
congregacional e não participar das assembleias de sua igreja é uma contradição
sem tamanho, isso porque o ser congregacional está justamente no fato de
participar ativamente das decisões da comunidade. E isso se faz na assembleia
de membros.
CONCLUSÃO
Chegamos ao fim de nossa jornada.
Sabemos que os principais sistemas de governo de igreja são: episcopal,
presbiteriano e congregacional, desses o que podemos achar no Novo Testamento é
o congregacionalismo.
Uma pergunta tem que ser feita: sua
igreja é congregacional? Bem, ela será se mantiver os princípios da comunhão
entre as igrejas irmãs da mesma denominação, respeito aos lideres e as decisões
democráticas nas assembleias. Como anda o respeito aos lideres em sua igreja? E
as assembleias de membros são constantes e você participa? Como anda a comunhão
de sua igreja e a Aliança Congregacional? Seu pastor lhe informa de tudo que se
passa na denominação, você recebe o jornal
Aliança Congregacional, a revista
Aliança Missonária feitas pela Aliança? Sua liderança participa nas
programações da Aliança Congregacional?
Sabemos que em muitas igrejas por
aí Congregacionalismo é só o nome, lutemos pois para que possamos ser
congregacionais de fato e de direito.
Aprofundando
1-
Quais
os principais sistemas de governo de igreja?
2-
Fundamente
o congregacionalismo no Novo Testamento.
3-
Cite características básicas de uma igreja congregacional.
4-
Sua
igreja é congregacional?
_____________
*Lição publicada na Revista para Escola Dominical "A Igreja; teologia e Prática", editada pela Aliança das Igrejas Congregacional do Brasil. Pedidos: derp.contato@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário