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sábado, 28 de abril de 2012

O GOVERNO DA IGREJA


*Por Joelson Gomes


Texto Base: Mt.  18. 15-20

Texto áureo: Mt. 15. 19-20

Objetivo da Lição: Ao término da lição o aluno deverá saber os principais sistemas de governo de igreja, demonstrar o congregacionalismo no Novo Testamento e sugerir como se deve viver o congregacionalismo hoje.

A Bíblia na semana:

Seg.Mt. 18. 15-20
Ter. 1Co. 5.1-5
Qua. At. 15. 1-11
Qui.At. 15. 12-21     
Sex.At. 15. 22-29
Sáb.At. 6. 1-7
Dom.1Pd. 5.1-4


INTRODUÇÃO:

Governo da igreja: será importante tratar desse assunto, já que hoje a grande maioria das pessoas nem têm conhecimento, ou não dá atenção a esse tema em suas vidas cotidianas? Sabe-se que muito poucas pessoas estão preocupadas com o sistema de governo que sua igreja local adota; sabe-se também que até muitos pastores têm uma longa caminhada em diversos sistemas. Alguns foram de uma igreja episcopal, passaram para uma presbiteriana, depois para uma congregacional, e voltaram para uma episcopal, e assim vai; o que mostra pouca ou nenhuma convicção a respeito.
Você já se preocupou em entender o sistema de governo de sua igreja? Sobre esse assunto Calvino escreveu:
           
Se todas as coisas devem ser feitas com ordem e decoro nas assembleias cristãs (1Co. 14.40), então nenhum assunto deve ser com maior diligência cuidado do que a constituição do governo eclesiástico, pois nada é mais perigoso que algo gerido na desordem (Institutas IV. 3,10).

            Portanto, o assunto é da máxima importância sim, e devemos compreedê-lo para que tenhamos melhores igrejas locais se dirigindo da forma como a Bíblia prescreve, e sejamos melhores membros sabendo nosso papel na organização de nossas comunidades.


I-                  Os principais sistemas de governo eclesiástico.

Os sistemas de governo pelos quais as igrejas locais hoje se dirigem podem ser divididos em três:

a)   Espiscopal- Como a própria palavra sugere os bispos (episcopos em grego) têm a importância máxima nesse sistema. entendem que Deus designou o cuidado da igreja local a um colégio de bispos, que seriam descendentes dos apóstolos numa sucessão episcopal direta.
     Nessa ordem arcebispo governa bispo, bispo governa sacerdote, sacerdote governa igreja.

b)   Presbiteriano- nesse sistema a igreja local elege presbíteros formando um Conselho. O pastor também é entendido como um presbítero membro do conselho, tendo a mesma autoridade dos outros, e juntos dirigem a igreja local. Numa instância maior, os membros deste conselho são também membros de um Presbitério em nivel regional, com autoridade sobre diversas igrejas locais de uma região. Não é obrigatório que este presbitério consista de todos os presbíteros das igrejas locais sob as quais governa. E em última instância, os membros deste presbitério fazem parte do Supremo Concilio que tem autoridade sob as igrejas presbiterianas daquele país. Para apoiar este sistema são usados textos como: 1Ts. 5.12-13; Hb. 13.7, onde parece haver uma classe de pessoas que lideram a igreja local.
  Assim nesse sistema o Supremo Concilio governa o Presbitério, o Presbitério governa o Conselho, o Conselho governa a igreja local.

c)             Congregacional- Para dar a definição deste sistema eu recorro a Martyn Lloyd-Jones um dos congregacionais mais famosos do mundo:

Os congregacionais - aqueles que crêem no sistema congregacional - afirmam que cada igreja local é uma entidade em sí, que tem poder supremo para decidir tudo sozinha. É um agrupamento de cristãos que crêem que o Senhor está presente e é O Cabeça da Igreja, e crêem que, quando O buscam e O aguardam, Ele, por meio do Espírito, os guiará e lhes dará a sabedoria de que necessitam para decidirem sobre doutrina e disciplina, e assim por diante. A igreja local é autônoma, governa a sí própria e não reconhece nenhuma corporação superior, seja um colégio de bispos, um presbitério, uma assembleia geral ou qualquer outra coisa (A Igreja e as Últimas Coisas, p. 35).

            Neste sistema a igreja local reunida em assembleia, junto a seus oficiais e pastor, é o poder máximo de decisão.
Uma representação razoavel desse sistema seria Assembleia de membros junto ao pastor e oficiais dirige a igreja local.


II-               O governo da igreja no Novo Testamento

Conhecendo os principais sistemas de governo de igreja local nossa missão agora é saber qual destes têm base no Novo Testamento. Assim, anime-se, começou agora.

a)    No Novo Testamento não encontramos um hierarquia sacerdotal piramidal dirigindo a Igreja primitiva, mas ao contrário disso as palavras bispo, pastor e presbítero aparecem como sinônimas (At. 20. 17, 28), sem haver acentuada subordinação hierárquica de uns para com os outros. Veja a equivalência entre presbitero e bispo em Tt. 1.5.7). Comentando esse texto, diz a Biblia de Estudo de Genebra: “A mudança casual de “presbitero” para “bispo” mostra que Paulo entende os dois termos como designação do mesmo ofício” (p. 1457). Assim não temos uma hierarquia pastor sobre presbitero ou vice-versa.

b)   As cartas apostólicas para as igrejas eram dirigidas para toda a comunidade, e não para os seus lideres em particular, como se houvesse diferenciação (Rm. 1.1,7; 1Co. 1.1-2; Ef. 1.1-2; Fp. 1.1).

c)    A comunidade cristã era ativa na resolução de todas as situações, o poder não estava numa classe ordenada, ou privilegiada, um clero, conselho, o pastor, ou algo assim, e isso mesmo com os apóstolos em vida (At. 6.3; 13. 1-3; 14.21-23; 15.1-25; 1Co. 5. 1-8; 6.1-5; 16.3, onde está escrita a frase: aqueles (homens) que aprovardes). As reuniões de membros eram o recurso usado para resolver seus problemas. Observe por exemplo essa passagem: “Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger varões dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, varões distintos entre os irmãos” (At. 15.22). O importante nesse texto é a expressão “pareceu bem”. Aqui está a palavra grega edoxe, que era um termo técnico para votação, ou a “aprovação de uma medida em assembleia” (Fritz Rienecker, Chave Linguistica do Novo Testamento Grego, p. 220). Note que mesmo os apóstolos estando nesta assembleia, não houve imposição, mas eles decidiram tudo em concordância (At. 15.25). Isto é fato no Novo Testamento, os apóstolos não eram os chefes. Na Segunda Carta aos Corintios Paulo sofre porque os lideres daquela comunidade não o respeitavam (capts. 10 e 11), e o apóstolo João reclama de um certo Diótrefes que não recebia suas cartas e ainda falava mal dele (2Jo. 9-10). Não havia um poder central para governar as igrejas, nem o dos apóstolos era respeitado sem restrições.

d)   Em 2Co. 8.19 Paulo diz que se fez acompanhar até Jerusalém por um representante que foi eleito pelas igrejas. Fritz Rienecker diz que o verbo cheirotoneô usado aqui tem o sentido de: “estender a mão, votar erguendo a mão, eleger, apontar indicar” (Chave Lingüística do Novo Testamento Grego, p. 356). Assim, o verbo usado indica que as igrejas o elegeram mediante votação, coisa que não é estranha a igreja do Novo Testamento, pois elas escolhiam democraticamente seus oficiais e representantes. Veja por exemplo At. 14.23 onde aparece novamente o verbo cheirotoneô.

e)    Notamos então que não havia no Novo Testamento um poder central que liderasse as igrejas, mas elas, reunidos pastores, oficiais e membros, se autogovernavam, autosustentavam, autodisciplinavam, e autopropagavam, na direção do Espirito Santo. A palavra final não é de um líder ou conselho, mas sempre da igreja toda reunida (Mt. 18. 15-17; At. 6.2-5; 1Co. 5.1-5). É Cristo no meio da igreja reunida que dirige as decisões (Mt. 18. 20).
Consequentemente, pelo estudo do Novo Testamento o sistema congregacional de governo é o mais provável.

III-             Sua igreja é Congregacional?

Para responder esta pergunta é necessário saber como este sistema de governo era vivido no Novo Testamento. Vamos agora mostrar alguns aspectos que caracterizam uma igreja congregacional.

a)   Comunhão entre as igrejas. Veja que mesmo não havendo igreja central ou denominação  que legislasse sobre as outras igrejas  irmãs, a decisão tomada na assembleia em Jerusalém foi recomendada para as outras igrejas que já estavam formadas na Síria, Antioquia e Cilícia (At. 15. 23). Mesmo sendo livres em suas decisões nada impedia essas igrejas irmãs acatar o parecer dos irmãos de Jerusalém, sendo o mesmo dirigido por Deus, vindo dos apóstolos, e a melhor solução para a questão do momento. Foi a comunhão que levou a isso. Na primeira confissão de fé da igreja congregacional fundada por Henry Jacob em 1616 na Inglaterra, estava escrito:

Não obstante, reconhecemos com todos que poderá haver, e que oportunamente deveria haver na terra uma associação de congregações ou igrejas, a saber, por meio de sínodos. Não, porém, uma subordinação, nem, certamente, uma sujeição das congregações a alguma autoridade espiritual superior e absoluta, exceto a de Cristo e das Escrituras Sagradas (Citado em: Martyn Lloyd-Jones, Os Puritanos, suas Origens e seus Sucessores, p. 173).

  E a Declaração de Savoy (1658) observa:

Todos os santos são obrigados a manterem uma santa sociedade e comunhão no culto divino e na realização de outros serviços espirituais para sua edificação mútua; bem como a assistirem uns aos outros com coisas materiais, de acordo com suas várias habilidades e necessidades. Esta comnhão... deve estender-se a todos aqueles que, em todo lugar, invocam o nome do Senhor Jesus {Hb. 10. 24-25; At. 2. 42, 46; 1Jo. 3.17; At. 11. 29-30} (XXVII, 2).

            Ser congregacional não implica em isolacionismo. A autonomia da igreja local levada ao seu limite não é congregacionalismo. A comunhão convém aos santos,  a participação em uma denominação, associação de igrejas é marca primordial no congregacionalismo.

b)                 Respeito aos lideres. Mesmo uma igreja sendo congregacional não que dizer que todo mundo faz o que quer. Os pastores e obreiros tem sim autoridade nas igrejas como oficiais escolhidos por Deus. Observe:

E agora, irmãos eu vos peço o seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas é as primícias da Acaia, e que se consagram ao serviço dos santos); Que também vos sujeiteis a esses tais, como também a todo aquele que é cooperador e obreiro (1Co. 16.15-16; leia também Hb. 13.17; 1Pd. 5.5).

            Quando o Novo Testamento mostra isso não diz que havia um grupo isolado que governava a igreja local, mas sim que ser congregacional não é viver sem liderança, mas respeitar as pessoas que são usadas por Deus para servirem como lideres nas igrejas locais.

c)                  Assembleias de membros. Toda igreja na qual as decisões são tomadas sem o voto democrático em uma assembleia de membros, por um grupo de lideres, tenha esse grupo que nome for, não é uma igreja congregacional mesmo que leve esse nome. No Novo Testamento não existia uma classe de iluminados sacerdotes que governavam a igreja local, mas todos os membros convertidos de verdade formavam o sacerdócio (1Pd. 2.9; Ap. 1.6; 5. 9-10), e deve ser assim hoje.
Ser congregacional e não participar das assembleias de sua igreja é uma contradição sem tamanho, isso porque o ser congregacional está justamente no fato de participar ativamente das decisões da comunidade. E isso se faz na assembleia de membros.

CONCLUSÃO

Chegamos ao fim de nossa jornada. Sabemos que os principais sistemas de governo de igreja são: episcopal, presbiteriano e congregacional, desses o que podemos achar no Novo Testamento é o congregacionalismo.
Uma pergunta tem que ser feita: sua igreja é congregacional? Bem, ela será se mantiver os princípios da comunhão entre as igrejas irmãs da mesma denominação, respeito aos lideres e as decisões democráticas nas assembleias. Como anda o respeito aos lideres em sua igreja? E as assembleias de membros são constantes e você participa? Como anda a comunhão de sua igreja e a Aliança Congregacional? Seu pastor lhe informa de tudo que se passa na denominação, você recebe o jornal Aliança Congregacional, a revista Aliança Missonária feitas pela Aliança? Sua liderança participa nas programações da Aliança Congregacional?
Sabemos que em muitas igrejas por aí Congregacionalismo é só o nome, lutemos pois para que possamos ser congregacionais de fato e de direito.

Aprofundando

1-      Quais os principais sistemas de governo de igreja?
2-      Fundamente o congregacionalismo no Novo Testamento.
3-      Cite características básicas de uma igreja congregacional.
4-      Sua igreja é congregacional?


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*Lição publicada na Revista para Escola Dominical "A Igreja; teologia e Prática", editada pela Aliança das Igrejas Congregacional do Brasil. Pedidos: derp.contato@hotmail.com

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