Fernando Galli
ED RENÊ KIVITZ - "Você pode interpretar a história de Adão e Eva como uma descrição de como as coisas aconteceram. Mas pode também interpretar como descrição de como as coisas acontecem. Pode ser uma história que conta como as coisas foram, ou como as coisas são. Pessoalmente, opto pela segunda alternativa. Não me interesso tanto em saber se as coisas foram daquele jeito ou não, não estou preocupado com a literalidade da narrativa, que aliás, me traz mais embaraços que esclarecimentos: houve mesmo um bonequinho de barro? antes de enganar o casal a serpente andava ereta? que fruta era aquela da árvore do conhecimento do bem e do mal, será que está sendo vendida na feira sem que a gente saiba que é ela? quais as coordenadas do jardim do Éden? será que os anjos com espadas de fogo ainda estão por lá?"
Fernando Galli - O "Eu" (você) pode interpretar a Bíblia do modo como se pretender, mas a questão é: Quem crê na Bíblia como a inerrante palavra de Deus não zomba das palavras dela. Não as satiriza. Será que o senhor Ed Renê seria homem o suficiente para se expressar dessa forma perante a pessoa de Deus? Sr. Ed Rene, como sou cristão e o Espírito de Deus habita em mim, não ouso questionar a Palavra de Deus como o senhor fez. O relato bíblico da ressurreição de Cristo também fala de anjos. (Mateus 28:5) Aliás, será que estes anjos ainda estão no local da ressurreição de Jesus, senhor Ed Renê? E o que dizer da própria ressurreição de Jesus, senhor Ed Renê? Que embaraçoso, não é mesmo? E que dizer dos milagres, como as curas, a multiplicação dos pães e peixes, a ressurreição de Lázaro? Entre crer na literalidade do relato da ressurreição de Cristo tais milagres e que sejam mitos para servir como história da salvação, qual será que o senhor optaria? Pela segunda também? Se Jesus não ressuscitou dentre os mortos, é vã a nossa esperança. (1 Coríntios 15:14) Quais são as cordenadas para a nossa fé cristã? Então, se o relato de Gênesis não ocorreu literalmente, Jesus veio aqui para morrer pelos pecados de quem? Do macaquinho que virou gente?
ED RENÊ KIVITZ - "A história de Adão e Eva visa a comunicar a ótica judaico-cristã da natureza humana, da relação entre Deus e o homem, da dinâmica da sociedade humana. O autor bíblico não está preocupado em descrever o processo mecânico natural da criação. Seu texto não tem pretensão das ciências duras, que tratam das engrenagens do universo natural através da física, por exemplo, mas das ciências do espírito, que têm por objeto a complexidade do humano e suas relações. Adão e Eva somos nós."
Fernando Galli- O relato bíblico, para o cristão verdadeiro, é literal enquanto não haja elementos para o considermos simbólico e provas suficientes de que a intenção divina era de escrever um texto simbólico. As palavras de Jesus, de Paulo e de João indicam a literalidade do texto de Gênesis, a menos que o senhor Ed Renê seja capaz de provar o contrário. Ademais, a literalidade do texto encaixa-se perfeitamente na história da salvação: O homem cai, e Jesus vem morrer por ele para resgatá-lo. Jesus é o último Adão (1 Coríntios 15:45), assim não sou Adão, e estou livre da condenação do pecado original sobre mim. Graças à morte e ressurreição de Jesus Cristo muitos foram libertos de tal condenação, portanto, sua comparação é de mau gosto, digna de quem está se desviando da doutrina cristã. E pior do que isso! Confia na ciência como meio de se provar o relato ou não. Será que a ressurreição de Cristo poderia ser provada pela ciência? Desculpe-me, querido, mas não estou um pingo interessado em crer em sua teoria.
ED RENÊ KIVITZ - "Os que pretendemos definir o bem e o mal, o certo e o errado, ambiciosos da autonomia auto-suficiente cuja finalidade não é outra senão a satisfação das nossas vontades e desejos sem fim. Todos os que optamos pela competição em detrimento da cooperação, a violência em lugar do diálogo, o olho por olho contra o perdão, o império do mais forte em vez da gratuidade, as relações de interesses egocêntricos, escusos e difusos em troca da generosidade e da partilha abnegada, a conquista pela força bruta às expensas da paz. Adão e Eva somos nós. Construtores de jardins de pedra e ferro, edificadores de comunidades muradas, empreendedores prepotentes, espoliadores da riqueza e da beleza dos bichos, do verde, das águas – extrativistas predadores. Todos quantos nos dedicamos à busca do prazer a qualquer preço, que nos contentamos com o máximo de felicidade pessoal em termos de conforto e satisfação individuais, presos nas garras da Sensualidade-sensorialidade, pés fincados na terra, carne agarrada à carne, a orgia pluri-glutônica viciante e viciada-anestesiada."
Fernando Galli - Novamente, senhor Ed Renê, embora suas palavras possam, nesse trecho, fazer sentido em vários aspectos, elas competem com a veracidade e a literalidade do texto inspirado por Deus. Com certeza, o evolucionismo lhe agrada mais, por isso "espiritualiza" o texto bíblico com boa propriedade, através de paralelismos evidentes, com finesse intelectual, para desmentir uma verdade corroborada por nada mais nada menos do que Jesus, Paulo e João. Mas como todo crítico da Palavra de Deus, certamente o senhor poderá se sentir coçado a dizer: Quem garante que tais personagens realmente estavam certos e escreveram ou dissseram tais coisas realmente inspirados por Deus? Acho que eu arriscaria afirmar: Lamentável, pastor!
ED RENÊ KIVITZ - "Adão e Eva somos nós. Fugitivos da realidade, fantasiosos, vítimas do pensamento mágico, iludidos pela possibilidade da reedição do paraíso perdido sem o concurso do divino. Adão e Eva somos nós. Também damos ouvidos à serpente. Também matamos irmãos. Também nos abandonamos ao hedonismo desvairado. Também queremos apenas nosso nome pronunciado com reverência. Adão e Eva somos nós. E somos também Caim, somos o povo ao redor de Noé, os empreiteiros da torre de babel. Mas somos também a descendência do filho da mulher, que esmaga a cabeça da serpente. Somos também Abraão. Sobre nós repousa um chamado sagrado: fazer benditas todas as famílias da terra. Gênesis não é um veredito. Gênesis é uma profecia: aponta a injustiça e o juízo, convoca ao arrependimento, suscita a esperança e promete a vitória d’Aquele cuja vontade é boa, perfeita e agradável: novo céu e nova terra."
Fernando Galli - Bom o seu truque textual, senhor Ed Renê. Novamente, a ressurreição de Jesus ocorreu, seria uma fantasia ou magia de quem a criou? Confesso que esperava tais palavras de um poeta, de um crítico textual ateu ou agnóstico, não de um pastor. O senhor se esqueceu de dizer que se mata também a história bíblica, a verdade de Deus, e se as ressuscita como textos humanos, com teor social, alegorizados para atualidade. Por isso afirmo, valendo-me de um texto literal, verídico, mas que com uma boa dose de liberdade textual, poderia em sua mesma linha de criatividade, espiritualizá-lo da seguinte forma:
- Alguns são Adão e Eva quando creem que não foi bem assim que Deus disse. - Gênesis 3:4, 5.
- Alguns são Adão e Eva quando diante de Deus se cobrem de vergonha da realidade bíblica para atender às exigências acadêmicas e se prostituir para conseguir diplomas. - Gênesis 3:7.
- Alguns são Adão e Eva por se querer ser como deus, determinando quando a Bíblia fala a verdade e quando não. - Gênesis 3:22.
- Alguns são a descendência da serpente, que ferem o calcanhar das Escrituras, mas serão feridos por toda a eternidade. - Apocalipse 22:19.
- Alguns são Caim, que levam seus irmãos ao campo para assassiná-los espiritualmente com sua conversa fiada. - Gênesis 4:8.
A Bíblia diz que muitos se desviariam da fé por prestarem atenção a doutrinas de demônios. (1 Timóteo 4:1) Muitos são demônios também, por negarem a Palavra de Deus em troca de apoio popular, tendas cheias, salários pastorais altíssimos, enquanto missionários têm deixado de receber ajuda. Não sou perfeito, não tenho a menor chance de me equiparar aos diplomas do senhor Ed Renê. Mas sou cristão! E creio na inerrância da Palavra de Deus. Se eu não fosse cristão, certamente eu zombaria de um relato que, diante dos olhos da crítica textual e da ciência dura, são meros mitos, escritos por mãos humanas, inspirados não por Deus, mas pela própria vontade de escrever. - fernando galli.
DE QUE ADIANTA PREGAR TÃO BEM, PRENDER A ATENÇÃO DE MULTIDÕES, COM UMA MENSAGEM CRISTÃ, SE O INDIVÍDUO SE ACHA NO DIREITO DE QUESTIONAR E ZOMBAR DAS ESCRITURAS?
DE QUE ADIANTA PREGAR TÃO BEM, PRENDER A ATENÇÃO DE MULTIDÕES, COM UMA MENSAGEM CRISTÃ, SE O INDIVÍDUO SE ACHA NO DIREITO DE QUESTIONAR E ZOMBAR DAS ESCRITURAS?
FONTE: SITE DO AUTOR via Observador Cristão
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