Frank Viola
Decidi escrever este texto por causa das muitas pessoas que já me enviaram perguntas sobre como escrever e publicar textos. Pensei em reunir algumas respostas para facilitar futuras referências.
Se você não pretende escrever um livro, mas gosta de escrever ou tem um blog, talvez essas dicas possam lhe ser úteis também.
Não sou especialista em escrever e vender livros nem sobre como funciona a indústria editorial, por isso muitos de meus conselhos podem não ser tão valiosos quanto alguns esperam. Ao mesmo tempo, acho que tenho algo a compartilhar.
Escrevi seis livros, que foram publicados por quatro editoras diferentes. Felizmente (e surpreendentemente), eles têm vendido bem. Então, embora não tenha tanta experiência nesta área, posso escrever sobre o que experimentei até agora.
Alguns dos pontos abordados se aplicam somente aos “autores de primeira viagem”. Porém, a maioria se aplica a todos os autores, sejam aspirantes ou já conhecidos.
1. G. H. Lang disse uma vez que uma pessoa não deveria publicar um livro antes dos 40 anos de idade. Quando se tratam de livros com tema espiritual e não ficcional, concordo com ele. Eu tinha exatamente essa idade quando meu primeiro livro foi publicado por uma editora conhecida. Antes disso, fiz algumas coisas publicadas por mim mesmo. Mas olhando para trás, gostaria de não ter publicado uma palavra sequer antes dos 40. Como resultado, meus textos publicados de forma independente, que hoje felizmente estão esgotados eram mal escritos, sem edição e com muitos pontos incompletos. Sem mencionar um estilo de escrita menos maduro. Então, meu primeiro conselho é: se quiser publicar um livro com tema espiritual, espere até os 40. Deixe a maturidade e a experiência seguirem seus rumos. Caso contrário, há uma excelente chance de que mais tarde você terá que revisar profundamente e reescrever muito do que já havia escrito. Sugiro que até lá você comece a blogar (falo mais sobre isso depois). A citação direta de Lang: “Nenhum homem deveria escrever um livro até que tenha 40. Ele precisa provar suas teorias na prática antes de publicá-las.”
2. Tenha certeza que seus livros possuem conteúdo único. Mais de um milhão de livros foram publicados nos Estados Unidos no último ano. Uma pequena parte deles (pelo menos no gênero cristão) tem conteúdo único. (Nos Estados Unidos, o livro de não-ficção comum vende menos de 250 cópias por ano e menos de 3.000 cópias durante sua “vida”). Guardadas as proporções, o mesmo vale para a maior parte dos países. Portanto, antes de se preparar para a formidável tarefa de escrever um livro, faça uma pesquisa e pergunte a si mesmo: “Será que um livro como o que estou querendo escrever já existe, e já foi impresso? O que é único em meu livro que não tenha já sido dito da mesma forma em outro?” Se fosse eleito o “Papa dos livros cristãos”, escolheria ter apenas 100 livros para serem lançados por ano. Apenas os melhores e mais singulares seriam publicados. Acho que se isso fosse feito, alguns dos livros cristãos mais surpreendentes não se perderiam nesse mercado muito saturado. E possivelmente veríamos enormes mudanças no mundo.
3. A razão porque alguém deseja escrever um livro é espalhar suas ideias por todo o mundo e, espera-se, ver o Senhor usar essas ideias para mudar vidas. Livros ainda são a melhor maneira de se espalhar uma mensagem. Mais eficazes que artigos de revistas, blogs, vídeos, áudios, etc. Nada pode substituir o livro nesse jogo.
4. Se você está escrevendo livros não ficcionais, tenha certeza que experimentou o que está escrevendo pelo menos durante 5 anos. Muitos autores, creio eu, escrevem como filósofos de poltrona. A experiência legítima com um assunto é vital para fornecer conteúdo preciso e estimulante. Se você estiver escrevendo um livro espiritual, não esqueça de que deve ter vivido o que você está escrevendo por alguns anos. Os livros baseados apenas na teoria causam um impacto pequeno. Livros nascem da experiência na vida ministerial. (O leitor inteligente perceberá a diferença.)
5. Construa uma base de leitores. Isso é vital para que um editor olhe para o seu trabalho. É também vital que seu livro seja comprado por outras pessoas além de seus melhores amigos e familiares. A melhor maneira de construir uma base de leitores é começar um blog e fazer isso direito. Estabeleça como primeiro objetivo ter 1.000 leitores regulares (assinantes), que estarão dispostos a divulgar seu blog para seus amigos. Em seguida, use essa base para crescer. Aprendi muito em dois anos de blog. Também comece a usar o Twitter e crie uma página pessoal. Se o seu blog não está atraindo leitores, então você deve repensar sobre escrever um livro agora. A menos que esteja escrevendo um livro só para você e para seus amigos. Se o seu livro for bom, irá se espalhar pela propaganda boca a boca, mas só até certo ponto.
6. Autores de primeira viagem: comecem a falar sobre seu primeiro livro em seu blog ou página pessoal, Twitter e similares durante pelo menos dois anos antes que ele seja de fato publicado. Saiba aproveitar o momento. Gere curiosidade, gere interesse. Construa um relacionamento com os leitores em potencial antes que o livro entre em cena.
7. Se quiser que seu livro tenha um grande impacto, procure uma editora séria para publicar seu livro. Eu publiquei de forma independente, e publiquei com editores. Para mim, a diferença é como dia e noite. Ter uma editora dá credibilidade ao livro, melhor aparência e reconhecimento e distribuição mais ampla. Tenho amigos que publicam sempre de forma independente e para eles está bom assim. Mas livros publicados pelo próprio autor raramente conseguem grande tiragem. E muitas vezes não oferecem tanta beleza quanto os livros publicados profissionalmente, que contratam bons designers gráficos e revisores. Alguns livros independentes quebram a regra, mas são raros. Tome cuidado com editoras que são especialistas nisso. Em geral, elas cobram uma fortuna para produzir um livro. É muito mais barato e igualmente eficaz nesses casos fazer o livro por sua própria conta. A grande diferença você sentirá no bolso. Sugiro também que você se informe um pouco sobre publicações, seja na internet ou em livros que abordem o assunto.
8. Consiga um agente literário. Se você estiver levando a sério a ideia de publicar um livro, é algo indispensável. Um agente pode encontrar para você uma editora e negociar os termos do contrato. Muitas editoras não aceitam falar sobre os livros diretamente com os autores; negociam apenas com agentes. Tentar achar uma editora para lançar seu livro será difícil. Em geral, os agentes conhecem todos os “atalhos”. Publicar um livro é um negócio. Até mesmo os livros cristãos. Há muita coisa envolvida na assinatura de um contrato. Preste atenção especialmente no que diz respeito aos direitos de publicação, quanto você irá pagar se quiser comprar o seu próprio livro, os direitos autorais e o valor do adiantamento oferecido pela editora. Analise o perfil das diferentes editoras cristãs, sua capacidade de distribuição e que planos ela tem para fazer o livro tornar-se conhecido. E com certeza eles vão primeiro querer saber se você já tem uma base de leitores.
9. Se você está escrevendo seu livro sobre um tema “quente”, lembre que o momento pode ter passado quando seu livro sair. Por quê? Porque leva de oito meses a um ano entre você enviar o seu original até que o livro esteja disponível nas lojas. Portanto, se o seu tema “quente” vai esfriar em um ano, guarde os escritos para seu blog ou faça uma edição em PDF para download antes que o assunto “esfrie”.
10. Tente conseguir endosso de autores conhecidos, mas não se preocupe demais com isso. Prefácios e recomendações assinados por autores conhecidos não significam nada para alguns leitores. Porém, fazem muita diferença para outros. Eles não serão determinantes para o sucesso ou fracasso do seu livro. A maioria dos livros que mais me influenciou não tinha endosso. Em contrapartida, opiniões e entrevistas em blogs conhecidos podem ser tão ou mais eficazes.
11. Participe da escolha do título, da arte da capa e da contracapa. Esses três elementos são fundamentais para o sucesso de qualquer livro. Como autor, você quer estar envolvido no processo todo. Não deixe que a editora decidir tudo por você. É o seu livro, por isso você precisa sentir que representa adequadamente sua pessoa e sua mensagem, em todos os sentidos.
12. Não espere que seu editor venda o livro. Este é talvez um dos maiores erros que novos autores cometem. Sim, os editores têm departamentos de marketing e publicitários. Mas eles serão quase tão eficazes quanto você na promoção do livro. Você precisa ajudá-los a promover seu material. O que o editor pode fazer nesta área é muito menos do que a maioria das pessoas espera. Quando chega o momento decisivo, você é a melhor pessoa para tornar seu material conhecido. David Morrell, autor de First Blood – livro que inspirou o filme Rambo: Programado para Matar, com Sylvester Stallone) diz: “A menos que você seja alguém do porte de Stephen King, são poucas as chances que você terá uma grande promoção feita pelo seu editor. Você precisa se tornar especialista em publicidade”. Isso não é sempre verdade, mas é quase sempre assim.
O mais importante de tudo é que você deve ser fiel ao que acredita. Sucesso é um conceito relativo. Uma coisa você não pode esquecer é para quem você está escrevendo. Para você mesmo? Para os outros gostarem? Ou para dividir aquilo que Deus lhe ensinou? Pense nisso!
2 comentários:
Postagem muito boa com ótimas dicas!
Obrigado por compartilhá-las!
Que Deus o abençoe!
Creio serem dicas válidas só para livros cristãos. Discordo da maioria dos pontos e com "porquês" bastante significativos.
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