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sábado, 26 de fevereiro de 2011

DE ONDE VINHA OS LIVROS DE CHICO XAVIER, DOS ESPÍRITOS OU DE SUA BIBLIOTECA?


por Vitor Moura Visoni, responsável pelo blogObras Psicografadas

Este artigo revela que Francisco Xavier, muito mais que apenas cadernos, acumulou uma verdadeira biblioteca, que chegou a possuir cerca de 400 obras.

Em novembro de 1971, o repórter Hamilton Ribeiro publicou na revista Realidade extensa matéria sobre Chico Xavier. A reportagem pode ser conferida integralmente aqui.

Selecionamos alguns trechos da reportagem referente ao seu ambiente de trabalho até o ano de 1959:

“No quarto de trabalho, uma mesinha tosca, quatro cadeiras, um velho baú cheio de papéis euns quatrocentos volumes de sua biblioteca – livros de história, uma coleção de “Seleções”, almanaques “Bertrand” e “do Porto”; “A Divina Comédia”, antologias, o “Lello Universal”, divulgação científica e, sobretudo, livros de espiritismo”.

Devido a um escândalo com um sobrinho, Chico saiu de Pedro Leopoldo em 4 de janeiro de 1959 e foi morar com Waldo Vieira. Lá chegando, deparou-se com uma biblioteca muito maior que a sua. O número exato de obras à época não conseguimos precisar, mas segundo informa o site da International Academy of Consciousness, hoje a biblioteca de Waldo conta com 63.000 títulos!

Um dado importante a ser destacado é que, segundo uma mini-biografia, Waldo, nascido em 1932, iniciou a sua biblioteca particular quando tinha 9 anos. Assim, é certo que Waldo já possuía em 1959 algumas dezenas de milhares de títulos. Inclusive, Waldo, diferentemente de Chico, cursou faculdade, e graduou-se em Medicina e Odontologia, possuindo ainda pós-graduação em Plástica e Coméstica. Waldo e Chico se separaram em 1966.

Segundo o livro Chico Xavier, um herói brasileiro no universo da edição popular, de autoria deMagali Oliveira Fernandes, na página 54 somos informados da produção de Chico em 5 períodos:

1932-1940: 11 obras
1941-1950: 29 obras
1951-1960: 24 obras
1961-1970: 41 obras
1971-1980: 84 obras

O livro Espiritismo à Brasileira, de Sandra Jacqueline Stoll, na página 121, nos apresenta dados com períodos e diferentes, e assim obtemos médias levemente divergentes:

1931-1947: média de 2 livros por ano
1947-1958: média de 3 livros por ano
1959-1969: média de 4 livros por ano
1970- julho de 1977: média de 8 livros por ano
agosto de 1977-1979: média de 7,5 livros por ano
1980-1989: média de 15 livros ao ano
1991-1992: média de 6 livros ao ano, devido a problemas de saúde
1993: 18 livros lançados

A relação completa pode ser encontrada aqui.

O link acima, do Universo Espírita, classifica as obras de Chico do seguinte modo:

[1] Poesias: Poemas, trovas e poesias.

[2] Crônicas: Apresenta textos curtos desenvolvidos com elegância literária.

[3] Contos: Histórias com começo, meio e fim, caracterizadas por uma conclusão ou ensinamento.

[4] Romance: Narrativa mais ou menos longa na qual se relata a vida de pessoas em outras encarnações. Apresenta o diálogo e as seqüências segundo o tempo: presente, passado, futuro e o espaço: vida encarnada e vida espiritual.

[5] Vida Espiritual: Relatos e explicações sobre a erraticidade, isto é, a vida no plano espiritual.

[6] Filosofia: Fornece explicações, apresenta definições, mostra causas e conseqüências para reflexão do leitor.

[7] Evangelho: Discorre e procura se aprofundar sobre partes específicas dos evangelhos e de outros livros da bíblia.

[8] Evangélico: Aborda de modo geral assuntos ligados aos evangelhos.

[9] Mediunidade: Apresenta casos e/ou explica sobre médiuns e mediunidades.

[10] Científico: Apresenta temas doutrinários com abordagem científica.

[11] Obsessão: Explica e orienta sobre obsessão, obsessores, obsidiados, reuniões de desobsessão e todo o tratamento espiritual característicos destes casos.

[12] Doutrinário: Esclarece sobre a doutrina, ampliando conceitos, muitas vezes fazendo referência direta a trechos dos livros da Codificação.

[13] Infantil: Assuntos diversos com abordagem própria para a infância.

[14] Cartas: Cartas de desencarnados para consolação da família.

[15] Mensagens: Coletânea de mensagens curtas de diversos temas, para reflexão e meditação dos leitores.

[16] Dissertações: Apresentação de temas diferentes de forma mais abrangente que as mensagens.

[17] Comportamento: Orientação para o comportamento das pessoas com base no conhecimento espírita.

[18] Biografia: Obras que apresentam informações biográficas sobre Chico Xavier e de outros espíritos.

[19] Entrevista: Perguntas e respostas com abordagem espírita e relatos biográficos.

[20] Frases: Frases ou parágrafos extraídas de mensagens.

Do modo que vejo, a produção de Chico pode ser entendida da seguinte forma (vou me basear inicialmente na classificação da página 54 do livro da Magali e usar a mesma definição de conteúdo existente no site do Universo Espírita):

No 1º período, como Chico tinha poucos livros para ler, sua produção era escassa, pouco mais de um livro por ano. O conteúdo, não coincidentemente, era sobre que ele tinha lido até então: poemas (centenas encontrados em um caderno, o que gerou Parnaso de Além Túmulo e Lira Imortal), crônicas e contos (facilmente encontrados em revistas e folhetos da época, e que deram base a Palavras do Infinito, Crônicas de Além-Túmulo e Novas Mensagens), livros de história (como Vida de Jesus, de Ernest Renan, que forneceu material para o romance histórico Há Dois Mil Anos), escritos de Flammarion (que influenciaramCartas de Uma Morta).

No 2º período, no entanto, após ter feito fama, começa a ganhar livros e automaticamente a produzir mais, chegando a uma média de quase 3 livros por ano. Ainda percebemos a presença de romances históricos, tendo produzido escritos como Paulo e Estevão, eRenúncia, mas percebemos também a presença de livros de cunho evangélico (Jesus no Lar) e com ‘revelações’ do mundo espiritual, baseado em suas leituras de Kardec e demais espíritas, como O Consolador, Nosso Lar e Missionários da Luz, talvez no intuito de preencher as lacunas da doutrina kardecista, além de livros infantis.

No 3º período, devido ao escândalo com o sobrinho (o qual acusou o médium de ler muito – o que sabemos hoje, é a mais pura verdade – e ainda demonstrou ser capaz de escrever poemas tão bem quanto ele) e por ter saído às pressas de Pedro Leopoldo, deixando para trás toda sua biblioteca, sua produção caiu levemente. Nessa fase, antes de seu contato maior com Waldo Vieira (e antes, portanto, de perder sua biblioteca), notamos ainda a presença dos romances históricos (Ave, Cristo!) e das obras de cunho evangélico (Vinha de Luz).

Imediatamente após o contato com Waldo e com a participação dele, Chico passou a escrever livros mais ‘científicos’, como Evolução em Dois Mundos (1959) e Mecanismos da Mediunidade (1960), o último com dezenas de trechos extraídos do livro O Átomo, de Fritz Kahn.

No 4º período, Chico escreve ainda bastante com a participação de Waldo, atingindo uma média maior que 4 livros por ano, mas o conteúdo científico não será mais encontrado em nenhum de seus livros. Waldo também era um profundo conhecedor da literatura, naturalmente, assim na produção desta época encontramos apenas um romance doutrinário (Sexo e Destino), a maior parte sendo contos (Contos Desta e Doutra Vida, Luz no Lar, Estante da Vida), poesias (Trovadores no Além, O Espírito de Cornélio Pires, A Luz da Oração, Orvalho de Luz) e de cunho evangélico (Livro da Esperança, Palavras da Vida Eterna).

Finalmente, no 5º período, Chico atinge um dos seus períodos mais fecundos, com uma média superior a 8 livros por ano! Como explicar esse período de produção, se Chico não possuía mais a vasta biblioteca de Waldo à disposição, havendo se separado em 1966? Muito simples. Chico voltou-se para as únicas coisas que podia fazer sem recorrer a nenhuma obra: poesias (Conversa Firme, Chão de Flores, Recanto da Paz, Auta de Souza) e a chamada “literatura de consolação”. Diversos livros com mensagens (Companheiro, Maria Dolores, Momentos de Ouro, Coração e Vida, Caridade) e coletâneas das cartas psicografadas em sessões públicas foram lançados (Entre Duas Vidas, Jovens no Além, Somos Seis, Amor e Luz, Luz Bendita, Amor Sem Adeus, Enxugando Lágrimas, Claramente Vivos).

E depois desse período? A produção cresceu ainda mais: praticamente dobrou. Basicamente, encontramos exclusivamente mais mensagens, cartas e poesias – e aí a lista é gigantesca, quem quiser conferir basta acessar o site do Universo Espírita, já citado. Não encontramos mais romances históricos, não encontramos mais livros científicos.

Então temos as seguintes equações:

1ª) Chico + biblioteca = romances históricos, crônicas, evangelho, ciência, poesias

2ª) Chico – biblioteca = cartas, mensagens e poesias

Justamente na 1ª equação estão as matérias que mais requerem estudo. A poesia é um elemento comum a ambas justamente porque Chico sempre teve um profundo pendor literário, como ele mesmo admitiu em Parnaso de Além Túmulo.

A meu ver, são indícios de que as psicografias de Chico estavam diretamente vinculadas à presença ou não de uma biblioteca.


Um comentário:

manoel carlos disse...

querio qamigo parabens pela busa de tal tema.

NÃO PARE AQUI VÁ PARA OS TEXTOS MAIS ANTIGOS.