Terça eu vi a Íngrid, ela estava linda e com um sorriso leve, expansivo. De Saia curta e justa deixando à mostra belas formas, e um jeito meio tímido... eu diria encantador. E o melhor, ela estava feliz. É bem verdade que marejou os olhos na conversa, embargou a voz, mas não foi por tristeza, foi a solidariedade com os que ficaram, foi a esperança, foram as emoções ainda à flor da pele que a fizeram quase chorar.
Terça eu vi a Íngrid e ela me mostrou que ainda que as esperanças pareçam todas perdidas, não estão perdidas. A vida pode começar ou recomeçar ainda que ninguém acredite nisso, e a qualquer momento. Dure o tempo que durar, desista quem desistir. Íngrid me fez ver que o silêncio nunca poderá apagar a voz de quem sonha, e que não há silêncio que não termine. Homem ou mulher nenhuma poderá abafar o grito por justiça e liberdade por mais que façam.
Íngrid me deu forças, me mostrou que viver vale apena, ainda que agora pareça que não. Ela me fez ver que “amanhã” tudo que é cinza pode virar uma linda tarde colorida de primavera. Deus é pintor e dos bons, Ele pode fazer isso.
Ingrid é a prova viva que o sofrimento um dia pode acabar. Ela me disse também que resistir é coisa de coragem e alma, e que é preciso ter as duas, porque quando uma acaba a outra continua. Me mostrou que há momentos que até a fé vacila, é normal, mas ela pode voltar: “lendo a Bíblia, passei a me reconectar com Deus de maneira diferente. E a fé foi para mim um motivo de crescimento espiritual, um caminho para encontrar minhas respostas, um guia”, ela me disse.
Ah, e Íngrid me mostrou também que a beleza é, ainda que seja muito maltratada, descuidada, quando se tira o pó vê-se que ela está lá. Íngrid me deu nesse ano um daqueles momentos que a gente morre e não esquece, e se alguém perguntar o que se passou naquele instante, você não saberia explicar. Mas, é muito normal, as palavras são insuficientes para falar das coisas da alma, e esse encontro com Íngrid foi coisa de alma.
Espero ver Íngrid de novo e bem...muito bem.
________________________
*Íngrid Betancourt Pulecio era senadora na Colômbia e candidata a presidência quando em 23 de Fevereiro de 2002 foi seqüestrada pelas FARC. Ela permaneceu presa na selva até 02 de Julho de 2008 quando foi resgatada. Esta lançando "Não há silêncio que não termine” livro sobre sua vida. Ela foi na terça (02/11) ao Programa do Jô.
9 comentários:
Joelson, parabéns pelo...como direi?...poético texto. Escrever textos dessa natureza não é fácil e nem sempre é popular; por isso parabéns.
"Íngrid me fez ver que o silêncio nunca poderá apagar a voz de quem sonha, e que não há silêncio que não termine".
Não há silêncio que não termine. Profundo, reflexivo e sincero.
Pr joelson
Vou correndo ver a Ingrid!
E sabe por que?
Porque "o silêncio é o contrário do nada - é plenitude de vida", segundo Romano Guardini.
Esplêndido o seu artigo - parabéns.
Volto logo
Em Cristo
Sr. Alberto, bondade sua. Obg pelas palavras.
Lindo, amor! Emocionante.
Achei o comentário! Tu traduziu como???? Faz meia hora que to tentando traduzir! kkkkkkkk!!
Esse texto tocou minha alma e justamente hoje estava conversando deus e pedindo que ele falasse comigo de alguma forma e eis que por meios diferentes cheguei a esta página e justamente neste texto, Deus falou ao meu coração.
Que bom Eduarda, volte sempre.
Postar um comentário