I
O meu verso reluz na lamparina
Reverbera na tez do pensamento
Enrola-se com as tranças do vento
Bebendo da água doce da neblina
Minha mente à poesia se inclina
Traz o mundo pra palavra encontrada
O meu guia: os olhos de minha amada
Sou pastor das palavras companheiras
Busco engenho, encontrar novas maneiras
Sem o verso, sou perdido, não sou nada.
II
Ele reluz e ilumina a quem bebe
As palavras como água cristalina
Se encontram enxergando sua sina
Onde exercito e cavo minha verve
A poesia de remédio serve
Tira dor e completa coração
Até traz tino, caminho, direção
Dá consolo a quem lhe sorve com gosto
Paz na vida, traz formosura ao rosto
Fazendo das palavras oração.
III
Tenho amor e lhe canto nas palavras
Como a prece de um coração contrito
Cada letra brotando do espírito
O coração sendo pena a lavrá-las
O juízo que não deixa de cavá-las
Se vai solto na vastidão do mundo
Sendo eu e transformando-me em eu profundo
Que se encontra e desenvolve meu cantar
Inda querendo não pode mais parar
O pensamento, nobre vagabundo.
IV
Sei, a palavra se transforma e insinua
O que não tenho e o que possuo também
Faz em soluço o sorriso de alguém
Deixando a face descoberta e nua
Não há fim que se chegue nesta rua
Só emoção pedindo para aflorar
Sentimento louco pra se mostrar
E o papel se transforma em salvação
Para o autor ou para quem as letras são
Nos quais deságua, como o rio no mar.
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