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domingo, 20 de dezembro de 2009

MINHA VOZ



I

O meu verso reluz na lamparina

Reverbera na tez do pensamento

Enrola-se com as tranças do vento

Bebendo da água doce da neblina

Minha mente à poesia se inclina

Traz o mundo pra palavra encontrada

O meu guia: os olhos de minha amada

Sou pastor das palavras companheiras

Busco engenho, encontrar novas maneiras

Sem o verso, sou perdido, não sou nada.


II

Ele reluz e ilumina a quem bebe

As palavras como água cristalina

Se encontram enxergando sua sina

Onde exercito e cavo minha verve

A poesia de remédio serve

Tira dor e completa coração

Até traz tino, caminho, direção

Dá consolo a quem lhe sorve com gosto

Paz na vida, traz formosura ao rosto

Fazendo das palavras oração.


III

Tenho amor e lhe canto nas palavras

Como a prece de um coração contrito

Cada letra brotando do espírito

O coração sendo pena a lavrá-las

O juízo que não deixa de cavá-las

Se vai solto na vastidão do mundo

Sendo eu e transformando-me em eu profundo

Que se encontra e desenvolve meu cantar

Inda querendo não pode mais parar

O pensamento, nobre vagabundo.


IV

Sei, a palavra se transforma e insinua

O que não tenho e o que possuo também

Faz em soluço o sorriso de alguém

Deixando a face descoberta e nua

Não há fim que se chegue nesta rua

Só emoção pedindo para aflorar

Sentimento louco pra se mostrar

E o papel se transforma em salvação

Para o autor ou para quem as letras são

Nos quais deságua, como o rio no mar.

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