Vejamos agora até que ponto Adão e Eva beneficiaram-se com a vantagem da promessa da serpente. Isto nos levará a um ponto profundamente importante em relação com a queda do homem. O Senhor Deus tinha ordenado isto de tal maneira, que, com e por meio da queda, o homem havia de alcançar aquilo que antes não possuía, e isso era a consciência, um conhecimento tanto do bem como do mal. Isto não podia o homem ter tido, evidentemente, antes. Não podia ter conhecido coisa alguma do mal, tanto mais que não havia mal para ser conhecido. Ele estava num estado de inocência, o qual é um estado de ignorância do mal. O homem recebeu uma consciência com e por meio da queda; e vemos que o primeiro efeito da consciência foi fazer dele um covarde. Satanás tinha enganado completamente a mulher; havia lhe dito “os vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. Mas tinha deixado de fora uma parte importante da verdade, a saber, que conheceriam o bem sem o poder para o fazer; e que conheceriam o mal sem o poder de o evitar. O seu próprio esforço para se elevarem à escala da existência moral incluía a perda da verdadeira exaltação. Tornaram-se aviltados, impotentes, escravos de Satanás, com uma consciência culpada: criaturas horrorizadas. “Os olhos de ambos foram abertos”, sem dúvida, mas, ah! Para que espetáculo! Foi só para descobrirem a sua nudez. Abriram os seus olhos para a sua própria condição, que era “desgraçada, e miserável, e pobre, e cega, e nua”. “Conheceram que estavam nus”- triste fruto da árvore do conhecimento.
Não foi nenhum novo conhecimento da excelência divina que alcançaram nenhum raio novo de luz divina da sua pura e eterna fonte, ah! Não! O primeiro resultado do seu esforço desobediente pelo conhecimento foi a descoberta de que estavam nus.
Bem, é bom compreendermos isto; bom, também, sabermos como a consciência opera para vermos que apenas pode fazer de nós covardes, como sendo o conhecimento íntimo daquilo que somos. Muitos se perdem quanto a isto; julgam que a consciência nos trará a Deus. Foi assim no caso de Adão e Eva? Certamente que não. Nem tão pouco será no caso de qualquer pecador. Como poderia ser? Como poderia a compreensão do que eu sou trazer-me jamais a Deus, se não for acompanhada pela fé no que Deus é? Impossível; produzirá em mim vergonha, censura e remorso. Pode também ocasionar certos esforços da minha parte, para remediar a condição que mostra; mas estes próprios, longe de nos aproximarem de Deus, atuam, pelo contrário, como um véu para O ocultar da nossa vista. Assim, no caso de Adão e Eva, a descoberta da sua nudez foi seguida por um esforço próprio para a ocultar “...e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”. É este o primeiro relato que temos do esforço do homem para remediar, por seu próprio expediente, a sua condição; e a sua consideração atenciosa dar-nos-á não pouca instrução quanto ao verdadeiro caráter da religiosidade humana em todas as épocas. Em primeiro lugar, vemos, não só no caso de Adão, mas em todos os casos, que os esforços do homem para remediar a sua situação são baseados sobre o sentido da sua nudez. Ele está, claramente, nu, e todas as suas obras são o resultado de ser assim. Um tal esforço nunca poderá valer-nos. Devemos saber que estamos vestidos, antes de podermos fazer qualquer coisa agradável aos olhos de Deus.
(C. H. Mackintosh, Estudos sobre o Livro do Gênesis, pp.36-37).
Um comentário:
Paz!
Tomei a liberdade de linkar seu blog ao meu: http://silvinhamrr.wordpress.com
[ ]´s!
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