C. H. Mackintosh
No entanto, é importante vermos a maneira como a serpente procurou abalar a confiança de Eva na verdade de Deus, e deste modo traze-la para baixo do poder da “razão” infiel. Isto foi feito abalando a sua confiança no amor de Deus. Satanás procurou abalar a confiança de Eva no que Deus havia dito, fazendo-lhe crer que Ele não agia por amor. “Porque”, disse ele, “Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn. 3:5). Isto queria dizer, por outras palavras: “Há vantagem verdadeira em comer do fruto do qual Deus vos está privando: portanto, porque acreditar no testemunho de Deus? Não podeis confiar em quem, claramente, não vos ama, porque se Ele vos amasse havia de proibir-vos de gozardes um privilégio seguro?”.
A segurança de Eva contra a influência de todo este raciocínio teria sido o descanso simples na infinita bondade de Deus. Podia ter dito a serpente: “Tenho a maior confiança na bondade de Deus, e, portanto, considero uma coisa impossível Ele negar-me algum bem. Se o fruto fosse bom para mim eu tê-lo-ia, certamente; porém, o fato de me ser proibido por Deus é prova de que eu não estaria melhor, mas muito pior comendo-o. Estou certa do amor de Deus e persuadida da verdade de Deus, e creio, também, que tu és um ser perverso que procuras afastar meu coração da fonte da bondade e verdade. Retira-te de mim, Satanás.
Isto teria sido uma reposta nobre. Mas, não foi dada. A sua confiança na verdade e no amor cedeu, e tudo foi perdido; e assim vemos que existe tão pouco lugar no coração do pecador para o amor de Deus de Deus como para a verdade de Deus. O coração humano é u estranho tanto para uma coisa como para outra, até ser renovado pelo poder do Espírito Santo.
É de grande interesse deixar a mentira de Satanás quanto a verdade e o amor de Deus, para podermos considerar a missão do Senhor Jesus Cristo, que veio do seio do Pai para revelar o que ele realmente é. “A graça e a verdade” as mesmíssimas coisas que o homem perdeu com sua queda vieram por Jesus Cristo (J. 1:17). Ele foi “a testemunha fiel” do que Deus era (Ap. 1:5). A verdade revela Deus como Ele é: porém, esta verdade está ligada a revelação de perfeita graça; assim o pecador descobre, para seu gozo inefável que a revelação do que Deus é, em vez de ser sua destruição , torna-se a base da sua salvação eterna. “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo. 17:3). Eu não posso conhecer a Deus e não ter vida.
A falta do conhecimento de Deus era morte, porém o conhecimento de Deus é vida. Isto, necessariamente, torna a vida uma coisa inteiramente fora de nós próprios e dependente do que Deus é. Seja qual for a medida de conhecimentos que eu consiga alcançar, não está escrito que seja “vida eterna conhecerem-se a si mesmo”, embora , sem dúvida, o conhecimento de Deus e o conhecimento próprio andem intimamente ligados. Contido, “a vida eterna” está ligada com o conhecimento de Deus, e não com o conhecimento natural. Conhecer a Deus como Ele é, é vida, e todos “os que não conhecem a Deus” serão punidos com “a eterna perdição ante a face do Senhor e a glória de seu poder”.
Estudos Sobre o Livro do Gênesis, pp. 32-33.
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