Quando comecei a escrever este blog era mais um desabafo particular. Estava desde novembro do ano passado sem igreja, tentava com meu marido voltar, mas não conseguia. Embora soubesse dos problemas das igrejas, temia estar em rebelião ou apostatando aos poucos da fé.
Será que eu era uma mulher de dissenções? Será que meu coração era tão ruim que eu só via os defeitos e me esquecia das qualidades (pois por pior e mais corrupta que seja a igreja, sempre tem os testemunhos de cura e libertação)? Será que a igreja é assim mesmo, afinal é feita por homens e portanto sujeita a ser tão falha quanto eles? Será que o melhor não seria eu fechar os olhos para tudo e apenas ir no templo e cantar, orar, ouvir a pregação e depois ir embora, mas pelo menos na certeza de que estava fazendo a vontade de Deus ao congregar com os irmãos?
Mas será que, para Deus, congregar é apenas dizer “a paz do Senhor” no final do culto? Será que, para Deus, o apenas estar numa igreja para aplacar a culpa não signifique nada, afinal ele não olha para a aparência, mas sim para o coração? Será que, para Deus, ser contra um sistema corrupto não é se rebelar ou apostatar, mas buscar ser carvalhos de justiça?
Essa confusão toda era minha mente. Deixei de buscar uma igreja e passei a escrever neste blog. Eu e meu marido (que também tem um blog), éramos sozinhos no mundo, e como amamos escrever passamos a registrar nossos anseios e insatisfações em relação à Igreja de Cristo, na esperança de que houvesse mais alguém com a mesma visão. Se não houvesse mais ninguém, com certeza ou seríamos loucos, ou seríamos mesmo rebeldes, ou seríamos super-cristãos. Como não voamos ou atravessamos paredes, a idéia dos super-cristãos foi deixada de lado, e as duas alternativas que restaram não eram muito alentadoras.
Começamos a escrever e, até por conta disso, a pesquisar mais sobre o assunto na internet. Qual não foi nossa surpresa quando descobrimos que não estávamos sós! É como a história do náufrago que passa anos isolado numa ilha, mas um dia resolve desprezar o medo do desconhecido e dá uma volta pelo local, e encontra, ali pertinho, uma civilização. De repente, vimos que não apenas nós estávamos revoltados, ansiando por uma nova Reforma. Esse é o anseio de muitos de nós.
Para completar, essa semana pude ler o artigo da Revista Enfoque de 2007, que aborda o crescimento dos crentes “sem-igreja”. Segundo a reportagem, os “sem-igreja” estão crescendo mais do que os “com-igreja”, por conta de tantos escândalos e tantas heresias que muitas vezes são pregadas. Os “sem-igreja” não apostataram da fé, apenas não se conformam com o modelo atual das instituições e buscam uma volta à pregação pura e simples do Evangelho, como era nos primeiros tempos.
Ufa! Agora com toda certeza não estamos sós!!!
E aí é que entra a afirmação-título desta mensagem: já vivemos em meio à Reforma da igreja e ao avivamento tão ansiado! Sim, pois a Reforma e o avivamento ocorrem quando muitos, em muitas partes, mesmo sem se conhecerem são tocados de forma especial, e buscam, cada um à sua maneira, o restabelecimento da sã doutrina. Uns o farão dentro de suas denominações e serão taxados de rebeldes, hipócritas, e até poderão ser expulsos; outros, em suas denominações, serão acolhidos e tudo será restaurado, assim como Jonas foi voz profética em Nínive; outros criarão outras comunidades cristãs, primando pelo respeito a Deus e às Escrituras; outros continuarão militando fora das igrejas, em meio aos parentes, amigos, através da internet, ligando para rádios gospel, etc.
Porém, mesmo que descoordenado, pois nessa nova Reforma não há um só Lutero (afinal, também não temos um só “papa” a quem nos dirigir, e de qualquer forma, naquela época, eram muitos movimentos reformadores também), o movimento está unificado no desejo de se voltar à Cristo. Sim, pois a igreja atual está igualzinha à igreja antes da Reforma de 1517:
- Temos a idolatria (não a imagens de santos, mas à imagem de pastores, bispos, apóstolos, cantores gospel, “visões de Deus”, etc);
- Temos a venda de indulgências (não vendemos os restos mortais dos santos, que tinham poder de diminuir a permanência no purgatório, mas vendemos sabonetes ungidos, rosa ungida, óleo para espantar demônio, etc);
- Temos o nicolaísmo (a instituição da hierarquia da igreja, a humanização do poder de Deus, que estava nas mãos do Papa e de seus cléricos; hoje o poder está nos vários “papas” locais: quer cura? É com o pastor fulano. Quer expulsão de demônios? Só o bispo sicrano, o “caçador de demônios”. Quer prosperidade financeira? Tem que dizimar na igreja tal, aquela sim tem a unção de prosperidade. Quer discordar do apóstolo sei-la-quem? Não pode, você estará indo contra um ungido de Deus, alguém a quem Deus deu todo o poder e majestade);
- Temos a simonia (venda de cargos eclesiásticos, de favores divinos e bênçãos – essa é totalmente igual ontem e hoje).
Isso sem contar as várias heresias que vemos hoje em dia, que deixariam a igreja da Idade Média corada de vergonha…
Sim, já vivemos em meio à Reforma e ao avivamento, pois vozes se levantam em várias partes do país e do mundo contra a mercantilização de Deus. Não somos mais ovelhinhas cegas, surdas e mudas: somos, conforme a Palavra de Deus, livres e pensantes. Se Deus quisesse um bando de robozinhos, não teria criado o livre-arbítrio e o mundo não teria virado esse caos. Mas Deus quer que O amemos de própria vontade, e para conseguir isso até permitiu que o caos entrasse no mundo, porém sabendo que alguns de nós jamais nos separaremos Dele independente das circunstâncias.
Temos que também entender que, numa Reforma, a estrutura anterior não é substituída simplesmente. Ela permanece, porém dividindo espaço com uma nova estrutura (senão não seria reforma, e sim reconstrução). Na Reforma de Lutero, a instituição religiosa dominante continuou a existir, abriu mão de algumas heresias como a venda de indulgências, porém continuou com as demais. Da mesma forma hoje, os “papas” locais não sumirão de uma hora para outra, porém terão que dividir espaço com a nova comunidade cristã emergente, com os que têm apenas sede e fome da Palavra pura e simples.
Que Ele nos fortaleça e nos revista pois, como “rebeldes” ao sistema religioso dominante, seremos sim perseguidos, não pelos de fora, mas pelos de dentro das igrejas. Mas Nele somos mais do que vencedores, então está tudo bem.
Aleluias!!!
FONTE: Uma estrangeira no mundo
Um comentário:
Amém
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