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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

INTRODUÇÃO À CONFISSÃO ARMINIANA

Por Mark A. Ellis
 Tradução: Samuel Paulo Coutinho

Alguns acharão estranho que alguém de tradição não Arminiana realize a tradução da primeira e mais importante confissão Remonstrante.[1] Meu contato inicial com a teologia Arminiana ocorreu quando, como um pastor calvinista de uma igreja Batista Reformada, um amigo me desafiou a ler as obras de Jacobs Arminius (Woks of Jacobs Arminius, 1560-1609).[2] Tendo sido ensinado que ele era tanto Sociniano quanto Pelagiano, fiquei surpreso com o quão calvinista as afirmações de Arminius soaram sobre trinitarianismo, sobre as Escrituras, o pecado original e a necessidade da graça. Isso levou-me a um estudo mais amplo daqueles que compartilhavam de sua teologia, com especial ênfase no seu protegido, Simon Episcopius (1583-1643), o principal autor desta confissão.[3] Os Remonstrantes publicaram a Confissão ou Declaração dos Pastores Remonstrantes logo após o Sínodo dos Dort.[4] Eles a planejaram de forma a ser uma declaração breve e de fácil compreensão de sua fé, e para ser uma retificação do que eles pensaram ser deturpações publicadas nos Atos do Sínodo dos Dort.[5]

A motivação para uma nova tradução da Confissão é o seu valor como fonte primária da doutrina Remonstrante primitiva. No desejo de ajudar os leitores ingleses a manterem a “percepção” do original e ajudar a encontrarem as passagens correspondentes em Latim, a tradução em grande parte mantém o fluxo do texto, embora divida frases mais longas e desloque os verbos para os inícios das sentenças, muitas vezes substitua particípios por substantivos e infinitivos, e às vezes use sinônimos mesmo havendo cognatos disponíveis no inglês.[6] No entanto, o estilo permanece complicado e algumas frases são longas. Whitaker’s Words [7] e Lewis and Short’s Latin Dictionary [8] dirigiram as escolhas das palavras. Itálicos no Latin são do original e colchetes no inglês indicam a adição de palavras para a compreensão. Diferentes tradições teológicas encontrarão utilidade neste livro por diferentes razões. Aqueles de tradição Arminiana talvez queiram comparar sua teologia com a dos primeiros Remonstrantes. Certamente é muito mais fácil consultar a Confissão do que deslocar-se através dos estudos, discursos e disputas publicas e privadas de Arminius. Entretanto, é preciso ter em mente que a Confissão não reflete apenas a teologia de Arminius. Ela também representa aqueles que eram “Arminianos” antes de Arminius (como Uytenbogaert e pastores mais velhos), juntamente com os impulsos criativos de Episcopius.

A Confissão também oferece benefícios para os de origem Calvinista/Reformada. Ela dissipa representações enganosas comuns, tais como a de que os Arminianos eram Socinianos, uma acusação lançada pelos seus oponentes desde o início do conflito.[9] No capítulo três da confissão, os Remonstrantes manifestaram claro repúdio às negações Socinianas da divindade de Cristo e da Trindade, e forneceram uma declaração ortodoxa do trinitarianismo, da geração eterna do Filho e processão do Espírito Santo, e do compartilhar da natureza divina por ambos.

Mais comuns são as acusações de Pelagianismo. A Confissão dá ampla evidência de que os Remonstrantes não defenderam a teologia de Pelágio.[10] Ao passo que Pelágio ensinou que o pecado de Adão afetou somente a ele mesmo e apenas serviu como um mau exemplo para os seus descendentes, os Remonstrantes afirmaram que todos os homens, exceto Jesus Cristo, foram “envolvidos e implicados” no pecado de Adão e por isso foram sujeitos a “morte e miséria” e “destituídos de verdadeira justiça necessária para alcançar a vida eterna, e, consequentemente, nascem agora sujeitos à morte eterna … e a múltiplas misérias” (7.4). Ao passo que Pelágio definiu graça como a capacidade inata conferida através da criação em conjunto com uma mente iluminada pela pregação da lei, os Remonstrantes afirmaram que a graça é uma “operação especial”, que só logra êxito naqueles que creem (7.1), e que nos termos da Lei, a graça foi “revelada somente de longe, obscuramente e quase como se através de uma peneira.” Enquanto Pelágio achava que mesmo no Antigo Testamento havia aqueles que atingiram a perfeição sem pecado através da Lei, os Remonstrantes afirmaram que, mesmo no Antigo Testamento, “nem por isso estavam desassistidos aqueles que creram em Deus com o auxílio da graça divina e pela fé andaram irrepreensível e sinceramente diante dele” (7.8). Em contraste com a crença de Pelágio na capacidade humana, os Remonstrantes escreveram que “(nós) não podemos nos libertar do miserável jugo do pecado, nem fazer nada verdadeiramente bom em todas as religiões, nem, finalmente, jamais escapar da morte eterna, ou de qualquer verdadeiro castigo do pecado. Muito menos podemos, a qualquer momento, obter a salvação eterna sem ela ou através de nós mesmos” (7.10). Eles reafirmaram a incapacidade humana e a necessidade da graça em (8.1, 8.2.2) e que a salvação é Obra de Deus (9.2). É somente pela graça que as pessoas “podem realmente crer em seu Cristo Salvador, obedecer o evangelho e ser libertos do domínio e da culpa do pecado; verdadeiramente também através da qual eles podem realmente crer, obedecer e ser libertos” (9.2). Os Remonstrantes claramente não foram Pelagianos.

Se não Pelagianos, foram eles semi-Pelagianos? Domingo Bañez (1528-1604) cunhou o termo no século XVI para se referir às doutrinas do pensador Jesuíta Luis de Molina (1535-1600) no conflito entre Dominicanos e Jesuítas sobre a graça e o livre-arbítrio, o qual ocorreu paralelamente às discussões entre os Protestantes. O termo entrou na teologia Protestante através da inclusão na Fórmula de Concórdia luterana (1580). É definido como “… o erro dos semi-Pelagianos, que ensinam que o homem, em virtude de seus próprios poderes, poderia iniciar o processo de sua conversão, mas não conseguiria concluí-lo sem a graça do Espírito Santo”. O semi-Pelagianismo começou como uma reação de monges que concordaram com Agostinho sobre as doutrinas do pecado original, a incapacidade do homem para executar qualquer ato digno de salvação e a necessidade de iluminação, mas defenderam a liberdade da vontade, atribuindo-lhe o ato inicial de fé. Pecadores caídos tomam a iniciativa e Deus responde. Eles também ensinaram que as pessoas poderiam, por si mesmas, livremente aceitar e perseverar na graça.[11] Novamente, se a história permite definir rótulos, nem Arminius nem os Remonstrantes foram semi-Pelagianos. Eles mostraram isso claramente no Remonstrance original de 1610, [12] e repetiram o mesmo na Confissão (17.6). Eles enfatizaram “que a graça de Deus é o começo, a continuidade e a consumação de todo bem, de modo que mesmo o homem que nasceu de novo não é capaz, sem esta graça preveniente e excitante, seguinte e cooperante, de pensar, querer, ou praticar qualquer bem, ou resistir a quaisquer tentações para o mal”. Eles diferiram de seus adversários não sobre a necessidade da graça, mas em sua crença de que uma pessoa pode “desprezar e rejeitar a graça de Deus e resistir à sua operação, de modo que quando ele é divinamente chamado à fé e obediência, é capaz de tornar a si mesmo incapaz para crer” (17.7).

No final, impressiona o motivo pelo qual aqueles que olham para Genebra teriam a necessidade de recorrer à invenção ou extrapolação de suas diferenças com os Remonstrantes. A rejeição Remonstrante da eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança, juntamente com as doutrinas exclusivas que afirmaram na Confissão (como as múltiplas definições de eleição), são razões per se suficientes para declarar que eles representavam um desenvolvimento teológico diferente.

Por outro lado, os de teologia não-Arminiana também podem encontrar ideias apreciáveis. Muitos daqueles que adotam a perspectiva do “senhorio” valorizarão a ênfase Remonstrante no arrependimento, que é um requisito para a salvação, que precede a fé e que os autores bíblicos entenderam que quando a Escritura menciona “fé” somente, isso incluía a ideia de arrependimento. Nós de tradição Batista ressoaremos os esforços dos Remonstrantes para escrever uma confissão que foi uma expressão exata de sua fé, mas não violou a liberdade de consciência e evitou as cadeias do credalismo. Afirmamos com eles a clareza das Escrituras, a competência da alma e o sacerdócio do crente.

Vemos também na Confissão que o desafio Remonstrante não era meramente doutrinário. Desde o início, os Remonstrantes consideraram seu movimento uma rejeição ao escolasticismo Reformado como um método teológico.[13] Certamente Arminius viu a si mesmo da mesma maneira. Em 8 de outubro de 1603, logo após a sua instalação como professor em Leiden, Arminius realizou sua primeira disputa sobre o pecado original. Ele foi crítico à postura do apresentador por depender muito da lógica e muito pouco da Escritura. Ele então usou essa ocasião para desafiar seus colegas a abandonar o que ele chamou de “a incômoda multidão de afirmações escolásticas” para abraçar o que ele chamou de “método antigo e mais masculino de estudo” das Escrituras.[14] Minimizar este protesto, considerando-o apenas como algo “típico” da época, parece estranho à luz de sua desaprovação aos homens que estavam em posição de apontar as próprias inconsistências dele. Essa crítica se torna ainda mais interessante se a fonte desse “método antigo e mais masculino de estudo” não fosse outra senão João Calvino. Encontramos uma indicação disso em uma carta que Arminius escreveu dois anos antes de sua morte:

Mas, após a leitura da Sagrada Escritura, que eu veementemente cito mais do que qualquer outra coisa e toda a academia pode testemunhar e meus colegas estão cientes, eu incentivo a leitura dos comentários de Calvino, os quais eu enalteço com o maior louvor …. Pois eu digo que ele é incomparável na interpretação da Escritura, e seus comentários são melhores do que qualquer coisa que os Pais nos deram.[15]

Estes exemplos evidenciam que Arminius percebeu diferenças entre o seu método teológico e de outros escolásticos Reformados e estava tentando guiar seus alunos para longe da especulação teológica bem como em direção ao método teológico mais bíblico de Calvino.

Episcopius adotou a perspectiva de Arminius sobre o racionalismo Reformado e sobre a especulação teológica e foi ainda mais longe. Por exemplo, Episcopius iniciou suas disputas privadas repetindo sua ênfase na teologia bíblica e prática, limitado pelas restrições do texto.[16] Ele incisivamente se recusou a comentar sobre alguns assuntos, tais como detalhes sobre os anjos, os quais ele via como “inovações escolásticas”. Ele repetiu sua rejeição ao escolasticismo Reformado em seu discurso de despedida aos seus alunos [17] e incorporou isso à Confissão.[18] Que os teólogos Reformados Calvinistas foram sensíveis a esses ataques pode ser visto nos escritos de Gisbert Voetius, que tentou reagir às acusações Remonstrantes de especulação excessiva, inovação e apego demasiado a pequenos pontos e minutiae.[19]

Nós encontramos na Confissão um corolário para a rejeição do escolasticismo Reformado, a insistência Remonstrante de que toda a verdadeira teologia é totalmente prática e não especulativa ou teórica.[20] Independente da incerteza moderna sobre o significado de “teologia especulativa”, para Episcopius significava a teologia que era derivada da razão em vez das Escrituras, e servia para satisfazer a curiosidade teológica ao invés de promover a adoração de Deus. Como Episcopius escreveu na seção introdutória de sua Theological Institutes, “A teologia não é um conhecimento especulativo, mas prático. Também não é, como alguns o desejam, parcialmente especulativo e parcialmente prático. Menos ainda é, como outros desejam, em maior parte especulativo. É puramente prático”.[21] Esta ênfase na teologia como uma ciência prática tornou-se uma das marcas da teologia Remonstrante.

Tendo mencionado Simon Episcopius inúmeras vezes na introdução e considerando sua obscuridade geral entre os estudiosos modernos, seria útil incluir algumas informações sobre sua vida e obra. Episcopius foi singularmente responsável pela sobrevivência do movimento Remonstrante após o Sínodo de Dort.[22] Podemos justamente considerá-lo como o fundador teológico do Arminianismo, uma vez que desenvolveu e sistematizou as ideias que Arminius provisoriamente explorou antes de sua morte e, em seguida, perpetuou essa teologia fundando o seminário Remonstrante e ensinando a geração posterior de pastores e professores.[23]

Seu nome era Simon Bisschop, o qual foi mais tarde latinizado de acordo com as práticas acadêmicas de sua época. Ele nasceu de pais Reformados em Leiden e logo na infância mostrou intelecto aguçado e um talento promissor em grego e latim. Apesar das humildes condições financeiras de sua família, benfeitores públicos e privados lhe providenciaram a melhor educação disponível na Holanda. Ele entrou na Universidade de Leiden em 1600, onde constituiu sua estreita relação com Arminius. O fato de Arminius ser órfão e Episcopius ter perdido seus pais para a peste durante este tempo pode ter fomentado a amizade entre eles.

Depois de receber o grau de mestre em 27 de fevereiro 1606, [24] ele continuou na vida acadêmica na universidade através da participação em disputas diárias e comparecimento à palestras dos três professores de teologia: Franciscus Gomarus (1563-1641), Lucas Trelcatius (1573-1607) e Arminius. Durante este tempo, um conflito aberto eclodiu entre Arminius e Gomarus.[25] Sabemos pouco sobre o quanto Episcopius entrou no debate, mas quase todas as cartas que ele escreveu durante este tempo a seu irmão, Rem Bisschop, continham referências a Arminius.[26] Sua associação com Arminius trouxe-lhe problemas em Amsterdam [27] e mais tarde em Franeker, onde estava para estudar hebraico com Ioannes Drusius.[28] A morte de Arminius em outubro 1609 combinou frustração com tristeza.[29] O reconhecimento de Episcopius entre aqueles que compartilhavam da teologia de Arminius cresceu rapidamente. Em maio de 1610, foi nomeado pastor na pequena cidade de Bleyswick. Em 1611, ele foi escolhido como um dos seis para representar os Remonstrantes em uma conferência convocada pelo governo para tentar para resolver o conflito crescente. Em 1612, os diretores da Universidade de Leiden reconheceram formalmente a sua liderança teológica entre os Remonstrantes convidando-o para suceder Gomarus como professor de teologia, uma nomeação que despertou amarga inimizade entre Calvinistas. É provável que, tendo em conta a influência que sua nomeação deu à propagação das opiniões Remonstrantes, este tenha sido um fator importante que o conduziu até o Sínodo de Dort em 1618.

A confusão teológica e política levou a Holanda à beira da guerra civil nos anos que antecederam ao sínodo e pertubaram tanto Episcopius quanto sua família.[30] A perseguição progrediu ao ponto que em 30 de Agosto, 1618, Johannes Uytenbogaert, o líder político dos Remonstrantes, seguiu o conselho de seus colegas e fugiu do país.[31] Em sua ausência, a liderança dos Remonstrantes passou para Episcopius. Em 20 de setembro, Episcopius recebeu uma carta dos Estados da Holanda e West-Friesland convidando-o para representar a Universidade no sínodo nacional. O Sínodo começou em 17 de novembro e um dos primeiros atos foi mudar o status de Episcopius de delegado para intimado.[32] Os Remonstrantes sabiam que isso acabava com sua esperança de debate aberto e mudava o formato para uma audiência. Episcopius pediu permissão para dirigir-se ao Sínodo e, em seguida, começou uma hora e meia de discurso detalhando a posição Remonstrante e sua opressão nas mãos do Reformados Calvinistas.[33] O discurso foi poderoso e difundiu-se rapidamente por toda a Holanda e além.[34] O protesto Remonstrante, no entanto, durou pouco. O presidente do sínodo os expulsou por se recusarem a cooperar, [35] e o Sínodo decidiu julgá-los a partir de seus escritos.[36] O corpo sinodal condenou suas crenças em 24 de abril de 1619; sentenças cíveis foram pronunciadas em 6 de maio e em 5 de julho os líderes dos Remonstrantes foram carregados em vagões e levados para o exílio.

Os Remonstrantes exilados acabaram por se instalar na Antuérpia, onde eles formaram a Irmandade Remonstrante e selecionaram Episcopius, Uytenbogaert e Nicholas Grevinchoven para formar a “diretoria estrangeira”.[37] Foi durante essas reuniões que os Remonstrantes discutiram a necessidade de uma confissão. Muitos estavam hesitantes, temendo estabelecer o mesmo tipo de credalismo que resultou em sua perseguição e banimento. O Prefácio à Confissão, o qual os Remonstrantes consideravam uma parte integrante do documento, enfatizou seu caráter não-obrigatório. A sociedade, no final das contas, julgou isso muito importante para provar a ortodoxia deles aos que desejavam ajudá-los, para silenciar as deturpações de sua oposição, e acima de tudo, para incentivar e unir os Remonstrantes agora em dificuldades e dispersos. Eles selecionaram Episcopius e outros dois para escrevê-la, mas no final, ele fez o trabalho sozinho. Ele completou a Confissão em 6 de fevereiro de 1620 e o diretório convocou uma reunião geral em Antuérpia com a finalidade de discuti-la.[38] Depois de algumas revisões, a Confissão foi aprovada em 8 de fevereiro e a assembleia encarregou Uytenbogaert e Episcopius com a tarefa de fazer uma tradução holandesa, a qual os Remonstrantes aprovaram e aceitaram em 9 de fevereiro. A edição holandesa foi publicada em 1621 [39] e a Latina em 1622.[40] A resposta daqueles que eram amigáveis aos Remonstrantes foi imediata e gratificante para a Irmandade.[41]

Episcopius viveu no exílio de 1619 até 1626, primeiro em Antuérpia e em seguida, alternando entre Rouen e Paris. Durante este período, ele encorajou os Remonstrantes que permaneceram na Holanda e defendeu o movimento contra seus adversários. Por volta de 1626 as perseguições na Holanda começaram a diminuir. O Príncipe Maurício estava morto e seu meio-irmão Henry, um simpatizante do movimento Remonstrante, agora estava dirigindo o país. Episcopius chegou à Roterdam em julho. Uytenbogaert retornou em setembro e resolveu qualquer crise potencial de liderança declarando Episcopius o diretor da Irmandade.[42] Episcopius viveu por 16 anos depois de seu retorno do exílio. Ele ministrou na igreja de Roterdam, revitalizou a igreja em Amsterdam (1629), fundou o seminário Remonstrante (1632) e escreveu e viajou muito em prol da causa Remonstrante. Durante uma dessas viagens à Roterdam, uma chuva torrencial o surpreendeu e, tendo chegado tarde demais para entrar na cidade, ele passou a noite no frio. A febre resultante o deixou permanentemente enfraquecido. Ele adoeceu novamente em circunstâncias semelhantes em fevereiro 1643 e morreu pacificamente em 4 de abril. Quatro dias depois, seus amigos o sepultaram na Igreja Ocidental, ao lado de sua esposa. Seu funeral foi grande, mas a presença mais comovente foi a de Uytenbogaert. Van Limborch escreveu que quando ele entrou na sala onde Episcopius foi colocado, ele aproximou-se do corpo e colocando as mãos sobre a cabeça gritou: “Ó líder! Ó lider! Quanta sabedoria havia dentro de você!”.[43] Ele havia enterrado Arminius, e agora ele iria enterrar Episcopius também.

Em suma, a Confissão ou Declaração dos Pastores Remonstrantes trata das maiores áreas da doutrina cristã conforme mantidas pelos colegas e sucessores de Arminius após o Sínodo de Dort. Eles a publicaram para informar os leigos e profissionais cristãos sobre o que eles acreditavam e para se defender contra os ataques de seus oponentes. Sua principal preocupação foi expor suas crenças sobre os ensinamentos centrais da Sagrada Escritura. Esta tradução não só irá permitir que o leitor interaja diretamente com a teologia que foi o objeto do Sínodo de Dort, mas também nos leva ao pensamento e vocabulário de Simon Episcopius, o principal desenvolvedor e defensor da teologia de Arminius.

Eu completei essa tradução enquanto minha esposa Diane e eu estávamos em licença de serviço missionário no Brasil. Sou grato ao Dr. David Dockery e à Union University pela agradável hospitalidade durante este tempo, com menção especial para Bradey Todd e Suzanne Mosley do Student Ministries.


NOTAS
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[1] Embora aqueles que concordaram com Arminius são freqüentemente chamados de arminianos, Arminius era apenas um ponto de encontro para muitos que representaram o movimento de reforma pré-Calvinista, na Holanda, os quais se pareciam mais com Melanchthon, Bullinger e Hemmingius do que com Calvino e Beza. Ao invés de chamarem-se “Arminianos” eles levaram o nome de “Remonstrantes” em função do remonstrance (protesto legal) que apresentaram ao governo solicitando proteção contra as perseguições. A igreja continua até hoje como a Irmandade Remonstrante. Para uma mais completa apresentação do Arminianismo como um ramo pré-calvinista da Reforma holandesa, ver minha dissertação, “Simon Episcopius e a doutrina do pecado original” (Ph.D. diss, Dallas Theological Seminary, 2002).

[2] Embora muitos dos trabalhos teológicos de Arminius tenham sido publicados individualmente, os Remonstrantes os publicaram coletivamente pela primeira vez em Opera Theologica (Leiden: Goderfridum Basson, 1629). Eles estão disponíveis em inglês em duas versões, The Works of James Arminius (Reprint of the London edition [London: vols. 1-2, Longman, Hurst, Rees, Orme, Brown and Green; vol. 3, Thomas Baker, 1825-75]; Grand Rapids: Baker Book House, 1986, doravante citado como WA), e The Writings of James Arminius (Reprint of 1853 ed. [Auburn and Buffalo: Derby, Miller and Orton]; Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1956, doravante citado como WrA).

[3] As obras teológicas essenciais de Episcopius, incluindo discursos e tratados mais curtos, foram publicados em Opera Theologica (ed. Stephanus Curcellaeus, Amsterdam: Ioannis Blaev, 1650, daqui para frente OTE) and Operum Theologicorum, Pars Altera (ed. Philip van Limborch, Rotterdam: Arnoldum Leers, 1665, daqui para frente OTPA). Seus sermões foram coletados e publicados em Predicatien van M. S. Episcopius (ed. Philip van Limborch. Amsterdam: Isaak Pieterz., 1693).

[4] O texto latino utilizado nessa tradução vem de OTPA 1:69-94.

[5] Publicado em latim como Acta Synodi Nationalis (Dort: Isaaci Ioannidis Canini Et Sociorum, 1620), e em holandês como Acta ofte Handelinghen des Nationalen Synodi (Dort: Isaack Jans. Canin, 1621). Numerosas traduções estão disponíveis em ingles.

[6] Por exemplo, eu usei “thoughts” para traduzir “cogitationes” mesmo que “cogitations” exista no inglês, e “seeking” ao invés de “procuring” quando traduzindo “procurandum”.
[7] http://users.erols.com/whitaker/wordsdoc.htm.

[8] http://perseus.uchicago.edu/cgi-bin/morphindex?lang=la.

[9] Ver o anônimo Een Kort en Waerachtich Verhael / wat voor een grouwelijck ghevoelen dat de Arminianen / Vortianen / ofte nieuwe Arrianen / Pelagianen / Socinianen / Samosatinianen ghesocht hebben in de Gehereformeerde kercke in te voeren / en in kort heir teghen gestelt het ghevoelen der Ghereformeerde kerche (N.p.: “Ghedruckt buyten Romen,” n.d.), publicado durante a época do conflito que levou ao Sínodo de Dort. Simon Episcopius foi acusado de Socinianismo por Lubbertus Sibrandus enquanto estudante em Franeker, por Daniel Hensius enquanto ensinava na Universidade de Leiden e pelos professores de Leiden depois de voltar para a Holanda, mas sempre mostrou-se ortodoxo, quando dada a oportunidade de responder a seus acusadores. Em relação à inexistência de teologia Pelagiana ou Sociniana entre os Remonstrantes, ver W. Robert Godfrey, “Calvin and Calvinism in the Netherlands”, in John Calvin, His Influence in the Western world, ed. W. Stanford Reid and Paul Woolley (Grand Rapids, Zondervan, 1982), 104–05.

[10] A rejeição Remonstrante ao Pelagianismo já tinha sido esclarecida no Remonstrance de 1610, que declarou no artigo III: ” Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus, Jo 15.5: “Sem mim nada podeis fazer”.
[11] Columbia Encyclopedia, 6th ed., s.v. “Pelagianism.”

[12] “Artigo IV: Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo [At 7 e alibi passim].”

[13] Esta perspectiva foi defendida por James Nichols e W.R. Bagnall em suas edições das Works of Arminius. Bagnall escreveu: “Em vista de sua formação inicial e a prática universal dos escritores teológicos daquela época, era esperado que Arminius adotasse a fraseologia e forma dos escolásticos. Isso foi, em certa medida, verdadeiro para ele. No entanto, será encontrado, pensamos, na leitura de seus escritos, que ele era menos escolástico em seu estilo e mais prático e bíblico, tanto em seus pontos de vista quanto em seu modo de apresentá-los, do que a maioria de seus contemporâneos” (W. R. Bagnall, “Preface,” WrA [Baker: Grand Rapids, MI, 1977] 1: v).

[14] Caspar Brandt, The Life of James Arminius, trans. John Guthrie [Nashville: E. Stevenson & F.A. Owen, Agents for the Methodist Episcopal Church South, 1857], 191-92).

[15] “Sed post Scripturæ lectionem, quam vehementer inculco, & magis quam quisquam alius, quod tota Academia testabitur, etiam conscientia meorum collegarum, ad Calvini Commentarios legendos adhortor, quem laudibus majoribus extollo…. Dico enim incomparabilem esse in interpretatione Scripturarum, & majores faciendos ipsius commentarios quam quidquid Patrum Bibliotheca nobit tradit.” Jacobus Arminius to Sebastian Egbert, 3 May, 1607, Christiaan Hartsoeker and Philippus van Limborch, eds., Præstantium ac eruditorum virorum epistolæ ecclesiasticæ et theologicæ (Amsterdam: Henricum Wetstenium, 1660), 236-37.

[16] Disputationes Theologiæ Tripartæ (Amsterdam: Ioannem Blaev, 1644, henceforth DTT), 2.12, De Creatione Mundi. He repeated this sentiment in DTT, 3.8.1: “Sicut naturæ divinæ excellentia & supereminentia Deum cultu & honore dignum facit; ita opera quæ Scriptura ei tribuit, jus, auctoritatem, & potestatem postulandi à nobis cultum & obsequium eidem conciliant.”

[17] “ORATIUNCULA habita à M. SIMONE EPISCOPIO 13. Novemb. Anni 1618 in auditorio Theologico cum ad Synodum Dordracenam ab Illustr. Ordd. Hollandiæ evocatus discederet,” em OTPA, pp. 170-172.

[18] “Quanto às questões espinhosas e excessivamente sutís, que são apropriadas para universidades e escolas, e que nem ajudam o conhecedor nem ferem o ignorante, nós propositadamente nos abstivemos delas, deixando-as para os ociosos e excessivamente curiosos, e que tem uma doença incurável por discussões, a quem é prazeroso mostrar a sua perspicácia, e a partir destes detalhes eles buscam fama em coisas insignificantes” (Preface, p. 22).

[19] Gisbert Voetius, “Selectæ Disputationes Theologicæ”, em Reformed Dogmatics, ed. John W. Beardslee III (Grand Rapids: Eerdmans, 1977), 268, 278.

[20] Ver o Preface, p. 23. Note também a inclusão de seções que dão aplicações específicas para o conteúdo de cada capítulo.

[21] “Theologiam non esse scientia speculativam, sed practicam: Nec esse, ut quidam volunt, partim speculativam, partim practicam, nedum, ut alii, maximam partem speculativam. Pure practica est” (Institutiones Theologicae, em Opera Theologica [Amsterdam: Ioannis Blæv, 1650], 1:4).

[22] Importantes fontes biográficas para Episcopius são Stephanus Curcellæus‟ preface in Episcopius‟ Opera Theologica (Stephanus Curcellæus, “Præfatio Ad Lectorem Christianem,” em Opera Theologica [Amsterdam: Ioannis Blæv, 1650]), e o mais completo de Philip van Limborch Leven van Mr. Simon Episcopius (In Predicatien van M. S. Episcopius, [Amsterdam: Isaak Pieterz., 1693]), o qual ele aumenta e republica como Historia Vitæ Episcopii (Amsterdam: Georgium Gallet, 1701). A única biografia significativa em ingles é Memoirs of Simon Episcopius de Calder (London: Simpkin and Marshall, 1835). Embora Calder afirmou que ele se baseou fortemente em van Limborch para detalhes históricos (Calder, Memoirs, 71), muito de sua análise é única. Estas biografias não discutem o conteúdo das obras teológicas de Episcopius. Henrik Haentjens preencheu muitas dessas lacunas com sua tese de doutorado de 1899, Simon Episcopius als Apologeet van het Remonstrantisme in zijn leven en werken geschetst (Anton Hendrik Haentjens, Simon Episcopius als Apologeet van het Remonstrantisme in zijn leven en werken geschestst [Leiden: A. H. Adriani, 1899]). Em 1960, Gerrit J. Hoenderdaal forneceu importantes informações sobre a relação entre Arminius e Episcopius em Gerrit J. Hoenderdaal, “Arminius en Episcopius,” Nederlands Archief voor Kerkgeschiedenis 60 (1980): 203-35. Veja também comparações extensas na minha dissertação,, “Simon Episcopius and the Doctrine of Original Sin” (Ph.D. diss, Dallas Theological Seminary, 2002)

[23] Um dos mais importantes de seus alunos foi Stephanus Curcellus.

[24] Van Limborch, Vitae, 4-5.

[25] Van Limborch, Vitae, 5-7.

[26] Haentjens, Simon Episcopius als Apologeet, 11.

[27] Ele foi impedido de entrar no ministério lá. Ver Calder, Memoirs, 53-54.

[28] Calder, Memoirs, 56. Apesar dos avisos de Arminius para não envolver-se em debates, Episcopius disputou com Sibrandus Lubbertus sobre Romanos 7 (Haentjens, Simon Episcopius als Apologeet, 14).

[29] Episcopius viajou para estar com Arminius, logo que soube da sua doença, e ficou com ele ao seu lado até que foi assegurado de que Arminius iria se recuperar. Arminius morreu pouco depois que Episcopius voltou a Franeker.

[30] A casa de Rem Bisschop em Amsterdam foi arrombado e saqueado sob o olhar atento de pelo menos um pastor Calvinista Reformado, Ursinus (Geeraert Brandt, The History of the Reformation and other Ecclesiastical Transactions in and about the Low-countries: From the Beginning of the Eighth Century, Down to the Famous Synod of Dort, Inclusive: faithfully translated from the original Low-Dutch [London: Printed by T. Wood for T. Childe, 1720], 2:95).

[31] Van Limborch, Vitae, 5. Johannes Uytenbogaert (por vezes Wtenbogaert, Utenbogaart ou Uitenbogaart) foi um colega de Arminius em Genebra, um dos defensores ferrenhos de Arminius e líder principal do movimento Remonstrante. Com respeito a sua relação com Episcopius, Haentjens escreveu: “Havia também uma atração crescente da parte de Episcopius por Wtenbogaert, e eles desenvolveram uma relação tão forte que mais tarde passaram seu tempo no exílio juntos. Eles complementavam um ao outro. Wtenbogaert assumiu a liderança em detalhes práticos, mas as questões de erudição ele transferiu para Episcopius, cujas decisões ele valorizava mais do que ‘aqueles dos maiores e menores deuses’”. (Haentjens, Simon Episcopius als Apologeet, 29-30). Wtenbogaert escreveu o Remonstrance original de 1610 e viu a morte de Arminius e Episcopius. O trabalho padrão a respeito de sua vida é Johannes Utenbogaerd en Zijne Tijde by H. C. Rogge (Amsterdam, 1874).

[32] A diferença de status foi significativa. Pode-se compará-lo a ser transferido do quadro de juízes para ser intimado como réu.

[33] A oração pode ser encontrada na versão holandesa dos Atos do Sínodo de Dort (Acta ofte Handelingen, 68-79), mas foi deixada de fora do latim (Acta Synodi Nationalis). A sessão 23 aparece nas páginas 64-66, completa com as acusações contra Episcopius Versões latinas aparecem em van Limborch, Vitae, 145-167 and OTPA 2:1-4. Pode-se encontrar traduces para o inglês em Calder, Memoirs, páginas 284-315 e Brandt, History, 3:52-61.

[34] Uytenbogaert ouviu falar sobre isso, mesmo do exílio, e escreveu para agradecer Episcopius por isso (Johannes Uytenbogaert para Simon Episcopius, 25 de Abril de 1619, na Biblioteca Remonstrante em Roterdam, e publicado na Rogge, van Johannes Wtenbogaert, #220. Citado por Haentjens, Simon Episcopius als Apologeet, 50).

[35] O presidente do sínodo foi Iohannes Bogerman, cuja contribuição ímpar para a perseguição dos Remonstrantes antes do sínodo foi traduzir o tratado de Beza defendendo a execução de hereges. Seu relacionamento com Episcopius já estava tenso por causa do discurso de Episcopius, e a tentativa de Bogerman provar ser ele um mentiroso. O conflito veio à tona quando o presidente exigiu a assinatura da delegação Remonstrante em outra declaração confirmando se eles ainda mantinham suas opiniões, e Episcopius respondeu com frustração: “Deixem então que tragam até nós, e vamos assiná-la”. O presidente achou que ele fora arrogante, e exigiu que todos viessem antes dele para assiná-la. Bogerman ficou envergonhado pela dignidade com que cada um veio até sua mesa, perdeu o controle de si mesmo e os expulsou do sínodo com acusações de “artifícios de base, fraudes e mentiras” (Brandt, History 3:151-52).

[36] Algumas das mais fortes evidências de deturpação das crenças Remonstrantes pelo Sínodo, vêm das cartas de Walter Balcanqual. Ele serviu como um delegado britânico, era um calvinista comprometido e defendia a expiação limitada (Nicholas Tyacke, English Arminianism, 44-45, 92, 95-98). Estas cartas eram relatórios sobre o Sínodo para o embaixador britânico Sir Dudley Carleton. Ele escreveu que a delegação britânica foi criticada por tentar definir as crenças dos Remonstrantes a partir daqueles livros em que “eles falaram melhor e de forma mais sólida”, enquanto a tendência foi a de reunir os seus sentimentos “de vários lugares em seus livros, onde eles falaram mais absurdamente, o que nós pensamos ser uma atitude muito distante da regra da caridade.” (George Balcanqual, Dort, a Dudley Carleton, 9 de fevereiro de 1619, em Hales, ” Letters from Dort;” citado por James Nichols, “Um Breve Relato do Sínodo de Dort, extraído das cartas de Mr. Hales e Mr. Balcanqual, escrito a partir de Dort, ao Revmo. Exmo. Sir D. Carleton, Lord Embaixador em Haia”, nas Works of Arminius, London ed. [London: Longman, Hurst, Rees, Orme, Brown and Green, 1825; reprint, Grand Rapids: Baker, 1986], 1:545). Ele observou que, quando Bogerman lia a partir de Episcopius, “o presidente escolhia o pior de tudo … o que não apresentava conteúdo mas uma sátira amarga contra Calvino, Beza, Pareus, Piscator, Whitaker, Perkins, Bogerman, Festus e mais vinte. Mas, na verdade, por meio infeliz, foi finamente escrrito” (George Balcanqual, Dort, to Dudley Carleton, 15 de fevereiro de 1619, em Hales, “Letters from Dort;” citado em Nichols, “The Synod of Dort,” 1:546). Finalmente, ele criticou os delegados por distorcerem os sentimentos dos Remonstrantes ao escrever: “Eles estão tão ansiosos para matar os Remonstrantes, que fariam as palavras deles ter um sentido que nenhuma gramática poderia encontrar nelas …. Eles condenavam a opinião em si como algo mais estranho, e ainda a retinham apenas para provocar o ódio contra os Remonstrantes, apesar de encontrarem exatamente o contrário daquilo que eles desejavam gerar sobre eles em seus escritos “(George Balcanqual, Dort, a Dudley Carleton, 19 de fevereiro de 1619, em Hales, ” Letters from Dort;” citado em Nichols, ” The Synod of Dort”, 1:546). Blaising fornece vários exemplos dessas deturpações (Craig A. Blaising, “John Wesley‟s Doctrine of Original Sin,” [Ph.D. diss., Dallas Theological Seminary, 1979] 111-124).

[37] A reunião durou de 30 de setembro a 4 de outubro. Em relação a este encontro, ver Johannes Tideman, De Stichting Der Remonstrantsche Bruderschap, 1619-1634 (Amsterdam, Y. Rogge, 1871), 1:118. Embora Uytenbogaert estivesse presente, Episcopius foi escolhido para presidir a reunião. Ibid, 1:49.

[38] Assim escreveu Haentjens, Simon Episcopius als Apologeet, 56. Embora alguns tenham questionado a autoria da Confissão, seu surgimento sem qualificação em Theologica, Pars Altera (Rotterdam: Arnoldum Leers, 1665, 2:69-94) sustenta que a primeira e a segunda geração de Remonstrantes atribuiu a Episcopius. No entanto, as comparações com as disputas públicas e privadas de Episcopius demonstram que embora a grande maioria da Confissão é claramente o seu trabalho, há aqueles pontos em que Episcopius desviou-se de Arminius antes da escrita da Confissão, mas a teologia de Arminius foi reafirmada na Confissão. Eu presumo que os outros pastores presentes foram responsáveis por esta reafirmação do pensamento Arminius.

[39] Belijdnisse ofte Verklaringhe Van’t ghevoelen der Leeraren die in de Gheunieerde Neder-landen Remonstranten worden ghenaemste, over de voornaemste Articulen der Christelijcke Religie (N.p, 1621).

[40] Confessio, sive, Declaratio, Sententiae Pastorum, qui in Foederato Belgio Remonstrantes Vocantur, Super Praecipuis Articulis Religionis Christianae (Harderwijk: Theodorum Danielis, 1622). Ele foi re-impresso em Opera Theologica, Pars Altera (Rotterdam: Arnoldum Leers, 1665), 69-94, e mais tarde traduzido para o ingles como The Confession or Declaration of the Ministers or Pastors which in the United Provinces are called Remonstrants,Concerning The Chief Points of Christian Religion (London: Francis Smith, 1676).

[41] A aprovação de Hugo Grotius é especialmente interessante. Ver Hugo Grotius, Lutetiae (Paris) para Simon Episcopius, 7 de Junho de 1621, in PEVE (#198), 632-33. As palavras de Grotius mostram sua clara identificação com os Remonstrantes: “Confessio apud aequos homines, ut spero, nobis proderit.” A carta de Episcopius para Grotius precede imediatamente esta na edição de 1660 (pp. 630-32).

[42] Haentjens, Simon Episcopius als Apologeet, 79.

[43] “O caput, quanta sapientia in te recondita fuit!” (citado por van Limborch, Vitae, 320).

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