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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O EVANGELISTA FIEL E O PROBLEMA DO PRAGMATISMO

Por Mack Stiles
 Fiel



Há muitos obstáculos para nos tornarmos evangelistas saudáveis. Mas estou convencido de que o maior obstáculo à evangelização saudável é o pragmatismo: “fazer evangelização” antes de pensarmos quem devemos ser como evangelistas. O resultado é uma evangelização distorcida e deformada.1
O sucesso impele a evangelização pragmática. A evangelização pragmática nunca pergunta: “Quem devemos ser como evangelistas?”. Pergunta apenas: “O que funciona?”.
A evangelização pragmática é “fazer” evangelização de uma maneira que eleva o sucesso e o método, mais do que qualquer outra coisa. Torna-se o negócio de evangelização. Isto pode parecer bacana ou não, pode parecer relevante ou não, mas, quando a evangelização é desvinculada de quem devemos ser como pessoas de fé, a prática de evangelizar se torna, por fim, distorcida e deformada. Torna-se pragmática e não pessoal, torna-se sucesso a qualquer custo, embora o custo seja manipulação ou mesmo prática antiética. E infelizmente, porque o sucesso é sempre bem aceito, frequentemente ele não é questionado na comunidade cristã.
A evangelização pragmática se preocupa com promoção. Raramente se preocupa com a integridade da mensagem, visto que lida mais com estilo e método do que com substância e autenticidade. Jesus disse com regularidade a seus discípulos que não falassem sobre ele. Parte da razão por que tantos ficam desconcertados com este mandamento é o nosso compromisso pragmático com evangelização promocional. Jesus percebeu isso no desejo de promoção dos discípulos, eles queriam promover as coisas erradas da maneira errada.
Depois que Pedro fez sua impressionante confissão de que Jesus era o Filho do Deus vivo (Mt 16), ele os advertiu estritamente a que não falassem a seu respeito. Por quê? Embora soubessem um pouco a respeito de quem era Jesus, os discípulos não tinham a mensagem correta. Por isso, quando Jesus começou a ensinar sobre seu sofrimento e crucificação vindouros, Pedro repreendeu a Jesus por essa ideia horrível, provando que não entendera a mensagem – e isso aconteceu poucos minutos depois de Pedro haver falado corretamente sobre a verdadeira identidade de Cristo. Jesus repreendeu Pedro e disse que seus pensamentos eram pensamentos de homens e de Satanás, não de Deus. Pedro pode ter sido o primeiro evangelista pragmático, mas não o último.
Você percebe a semelhança conosco? Podemos falar magnificamente a respeito da gloriosa revelação de Jesus ser o Cristo e, quase no mesmo fôlego, proferir “versos satânicos” que negam a cruz de Cristo.
A evangelização pragmática oferece métodos. Prateleiras de livrarias cristãs estão cheias de livros sobre métodos de evangelização – tanto métodos pessoais quanto métodos para crescimento de igreja. Quando esses métodos se tornam improdutivos, rebeldes ridicularizam os métodos do ano passado e oferecem métodos mais aceitáveis e eficazes no lugar daqueles, o que não é muito diferente de colocar no mercado o mesmo produto numa embalagem nova e melhor.
A evangelização pragmática leva em conta números, membros, programas, mas raramente leva em conta a fidelidade para com a mensagem ou a fidelidade do mensageiro.
Como resultado, muitas pessoas, ao considerarem a evangelização, pensam em perguntas que levam as pessoas a alguma conclusão espiritual, ou em programas de culto que conquistam o aplauso da comunidade, ou numa maneira de reformular os cultos da igreja para serem mais atraentes. Não me oponho às sopas beneficentes ou a jazz no saguão da igreja, contanto que não pensemos que estas coisas são o mesmo que evangelização. Mas se tornarão evangelização enferma se forem realizados sobre uma base enferma.
Além disso, quando retiramos este produto da prateleira, atraídos primeiramente pelo brilho encantador e pela promessa de resultado, e o examinamos de perto, não gostamos do que vemos. Há apenas o senso de que a mensagem da fé cristã exige muito esforço humano para ser comunicada ou, pior, que a mensagem essencial se perdeu totalmente. Precisamos realmente entreter as pessoas para que consigamos que elas ouçam o evangelho? Esse tem sido um método eficiente para atrair milhares de pessoas, mas tem produzido evangelização robusta ou fé robusta? Toque jazz, se você quiser, mas toque para glorificar a Deus e não para fazer evangelização.
Recentemente, liderei um seminário sobre evangelização. Porque creio que a evangelização é uma questão de conhecer e viver o evangelho – e ambos incluem, quando apropriado, falar o evangelho –, este foi o assunto que abordamos no seminário. No final do seminário, um homem se aproximou de mim e disse: “Mack, sou muito grato por este tempo. Confesso que quase não vim ao seminário – geralmente estes seminários me fazem sentir como se estivesse recebendo treinamento para me tornar vendedor de seguros”.
Ora, não tenho nada contra vendedores de seguros – ou contra qualquer outro tipo de vendedor, mas sabia o que ele estava dizendo. De algum modo, há este sentimento de que, como evangelistas, devemos aprender como:
  • apresentar a mensagem com um apelo cuidadoso ao autointeresse.
  • promover um programa com animação.
  • vencer hesitações com um comportamento agradável.
  • evitar quaisquer ofensas ou problemas.
  • responder objeções com humor.
  • instilar medo de se perder.
  • manipular a conversa para chegar ao ponto de decisão.
  • assinar a linha pontuada com uma oração de pecador e
  • aprimorar nossa habilidade de conseguir uma decisão.
O que é excelente para dar segurança, senão Jesus?
Primeiramente, Jesus é precioso demais para ser trivializado desta maneira. E conheço corretores de seguro cristãos que concordam com isso. Então, por que continuamos tentando dar outra aparência ao evangelho e mercadejá-lo?
Bem, porque funciona, pelo menos se você acredita em estatísticas. George Barna relatou que 45% dos americanos afirmavam ser nascidos de novo, em 2006. Isso correspondia a 130 milhões de pessoas. No entanto, algo parece terrivelmente errado, visto que Barna também observou que somente 9% pareciam levar a sério, em sua vida, o que Jesus disse. Muitos afirmam Jesus como Senhor, mas, se não fazem o que ele diz, isso indica – de acordo com Jesus – que não são verdadeiramente seus seguidores (Lc 6.46).
Pode ser que pessoas fizeram uma oração de compromisso com o Deus errado e concordaram em seguir algo que não seja Jesus? Talvez elas foram levadas a pensar que podem pegar Jesus e misturá-lo com sua própria maneira de pensar?
Pode ser que pessoas foram persuadidas a abraçar uma ilusão que não lhes conta toda a história de Jesus? Talvez aconteça o mesmo que acontece, quando uma pessoa compra uma apólice de seguro sem saber realmente o que ela diz?
Você aposta. Isso acontece o tempo todo, com seguros e com Jesus.
Assim, porque as pessoas são tão interessadas em resultados e números, seus convertidos oram frequentemente a um Deus diferente, seguem outro Jesus, misturam-no com a maneira de pensar humana, sem conhecerem toda a história.
Mas é isso que queremos ser como portadores das boas novas? Queremos mercadejar o evangelho (2 Co 2.17)?
Não, como evangelistas queremos ser pessoas que se preocupam mais com fidelidade em apresentar claramente a Cristo do que com resultados. Queremos ser o tipo de evangelistas que levam mais a sério as pessoas do que o manipulá-las para fazerem uma oração de compromisso. E queremos ser o tipo de pessoa que apresenta o evangelho com cuidado, reconhecendo que vidas espirituais estão em jogo.
Portanto, tornar-nos evangelistas saudáveis não diz respeito ao que fazemos e sim ao que somos. Percebemos como a evangelização pragmática pode ser perigosa à fé genuína. Mas, se a evangelização pragmática não nos torna evangelistas saudáveis, o que o faz? Como nos tornamos evangelistas saudáveis?
O primeiro passo é termos certeza de que entendemos o evangelho de Jesus, algo um pouco mais controverso do que você pode imaginar.

Notas:
______________________
1 - Deus pode usar maus métodos? É claro que pode. Mas histórias anedóticas a respeito de como Deus tem usado maus métodos contribuem para prática errada. Leia Will Metzger, Tell the Truth (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1986), em especial o primeiro capítulo.

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